Invest

Nomeação de general faz ADR da Petrobras despencar 9% no after market de NY

Papéis da empresa negociados na bolsa de Nova York caem mais de 9% na noite desta sexta, após o anúncio da demissão de Roberto Castello Branco por ordem de Bolsonaro

Plataforma da Petrobras na Baía de Guanabara: os ADRs da companhia na Bolsa de Nova York estão em queda livre com a demissão de Roberto Castello Branco (Dado Galdier/Getty Images)

Plataforma da Petrobras na Baía de Guanabara: os ADRs da companhia na Bolsa de Nova York estão em queda livre com a demissão de Roberto Castello Branco (Dado Galdier/Getty Images)

BA

Bianca Alvarenga

Publicado em 19 de fevereiro de 2021 às 20h11.

Última atualização em 19 de fevereiro de 2021 às 22h00.

Os papéis da Petrobras negociados na Bolsa de Nova York estão em queda livre nesta noite de sexta-feira, 19, desde o anúncio da troca do presidente da companhia. Às 20h25, os ADRs da Petrobras registravam queda de 9,45% no after market, período de negociação após o fechamento do mercado. ADRs são recibos de ações estrangeiras negociados nas bolsas de valores dos EUA.

Quer saber quais os impactos da troca de comando na Petrobras? Leia os relatórios da EXAME Invest Pro

O anúncio da troca do presidente da estatal de petróleo partiu do próprio presidente Jair Bolsonaro. Em um comunicado publicado nas redes sociais de Bolsonaro, o Ministério de Minas e Energia informou a demissão de Roberto Castello Branco e a nomeação do general Joaquim Silva e Luna para a presidência da empresa.

O atual presidente, Roberto Castello Branco, está na posição desde 3 de janeiro de 2019 e foi indicado pelo atual Ministro da Economia, Paulo Guedes. Ele continua no cargo até que a mudança seja aprovada pelo conselho de administração da estatal e daí oficializada. Já o general Silva e Luna anteriormente ocupava o cargo de diretor-geral da Itaipu.

"O presidente deu um perigoso passo fora da agenda que o sustenta no poder, abrindo espaço para especulações sobre suas convicções liberais de fato", avaliou André Perfeito, economista-chefe da corretora Necton.

Nos últimos dias, o presidente Bolsonaro passou a fazer uma série de críticas à política de preços da Petrobras, demonstrando descontentamento com os reajustes realizados na gasolina e no diesel. A estatal alegava, por outro lado, que as mudanças eram fruto da alta do dólar e dos preços do petróleo no mercado internacional. O petróleo do tipo Brent, que serve de referência para os negócios da estatal, subiram mais de 22% somente neste ano.

Não é a primeira vez que a Petrobras se vê na mira de um presidente da República em razão dos preços dos combustíveis. Durante o governo da ex-presidente Dilma Rousseff, a Petrobras revendeu a gasolina e o diesel a valores menores que os praticados no mercado internacional, absorvendo um prejuízo bilionário decorrente dessa diferença.

O temor dos investidores é que essa política volte a vigorar, agora sob o comando do general Joaquim Silva e Luna.

"Não é exagero dizer que a Petrobras ficou uninvestable (fora do radar dos investimentos). Ela não vai se beneficiar da recuperação dos preços do petróleo, independente do desfecho desse caso. E como não tem estratégia nenhuma em energias renováveis, a tese de médio prazo fica comprometida", diz Roberto Attuch, CEO da Ohmresearch.

Acompanhe tudo sobre:ADRbolsas-de-valoresJair BolsonaroPaulo GuedesPetrobras

Mais de Invest

Veja o resultado da Mega-Sena concurso 2769: prêmio é de R$ 10,4 milhões

Mega-Sena sorteia neste sábado prêmio acumulado em R$ 9,5 milhões

O que é taxa de câmbio e qual o impacto nos investimentos?

Banco Central volta a intervir no câmbio, após dólar bater R$ 5,69

Mais na Exame