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Títulos por papel higiênico aponta recuperação na Venezuela

Uso de dívidas para aliviar a escassez do Dólar está levando a Bank of America a recomendar os títulos soberanos do país

Moeda venezuelana junto com uma nota de dólar: escassez de moeda estrangeira tem esvaziado vários itens, como papel higiênico e leite (Meridith Kohut/Bloomberg)
DR

Da Redação

Publicado em 2 de setembro de 2013 às 23h31.

Caracas/Bogotá - O uso de dívidas denominadas em dólar pela Venezuela para aliviar a escassez de moeda estrangeira que tem esvaziado as lojas de vários itens, como papel higiênico e leite, está levando a Bank of America Corp. a recomendar os títulos soberanos que têm o segundo maior rendimento entre os mercados emergentes.

A venda pelo governo de pelo menos US$ 1,7 bilhão dos títulos que detém da estatal Petróleos de Venezuela, ou PDVSA, ajudará a reforçar as importações essenciais sem esgotar as reservas internacionais, de acordo com Francisco Rodríguez, economista sênior do Bank of America na região andina. Isso transforma os US$ 3 bilhões em notas com vencimento em outubro de 2014, que rendem 7,76 por cento, em “compra”, disse ele.

A falta de dólares na Venezuela, que importa quase tudo depois que a receita da empresa estatal de petróleo tornou as outras indústrias locais menos rentáveis, está fazendo com que o custo de vida suba mais do que em qualquer outro país do mundo, exceto o Irã. O anúncio de 20 de agosto de venda de US$ 300 milhões em títulos da PDVSA, que irá financiar a importação de bens que o governo designou como prioridade, como comidas de Natal, peças de bicicletas e brinquedos, pode ajudar a aliviar a inflação e melhorar a capacidade de pagamento do país, disse Rodriguez.

“É definitivamente positivo para a economia que o governo tenha encontrado uma nova maneira de suprir a demanda do dólar”, disse Rodriguez. “É muito difícil pensar em um cenário de default da Venezuela nos próximos dois anos”.

Rendimento dos títulos

O rendimento dos títulos soberanos de referência até 2027 subiu 0,08 ponto porcentual, para 12,25 por cento em 30 de agosto. Na média, a dívida soberana da Venezuela rende 12,48 por cento, o dobro da média de mercados emergentes, de acordo com a JPMorgan Chase Co. Apenas a Argentina tem custos de financiamento mais elevados.

A inflação acelerou para 42,6 por cento em julho, de 19,4 por cento um ano antes, devido a uma maior escassez, enquanto a indústria da construção encolheu 6 por cento no segundo trimestre em relação ao ano anterior.

Para aliviar a escassez, a Venezuela está vendendo títulos para alimentar o sistema de administração da moeda, o Sicad, no qual as empresas registradas e os indivíduos fazem ofertas por dólares em leilões.


O Banco Central vendeu US$ 761 milhões nos três leilões realizados desde o reinício do Sicad, em 17 de julho. Enquanto os dois primeiros leilões foram abastecidos por dinheiro, o terceiro foi apoiado pelos US$ 300 milhões de títulos da PDVSA.

‘Excelente decisão’

“Diante de um dilema de queimar reservas líquidas ou vender os títulos mantidos pelos bancos estatais, as autoridades tomaram uma excelente decisão”, disse Asdrúbal Oliveros, diretor da consultoria Ecoanalítica, de Caracas. “Sem leilões de dólar a economia estaria em uma condição ainda pior”.

As reservas de moeda estrangeira da Venezuela caíram quase 10 por cento no segundo trimestre, para US$ 55 bilhões, o menor nível desde o segundo trimestre de 2010, uma vez que o governo manteve os gastos para sustentar a atividade econômica, de acordo com o Barclays Plc. As reservas cairão para US$ 50,7 bilhões até o final do ano, prevê o banco com sede em Londres.

A economia cresceu 2,6 por cento no segundo trimestre em comparação com a mediana das estimativas de oito economistas consultados pela Bloomberg, de uma contração de 0,8 por cento.

Para manter a reserva de dólares e o crescimento econômico, o governo vai vender seus títulos da PDVSA e, em seguida, emitir pelo menos US$ 3 bilhões em dívida denominada em dólar até o final do ano, disse Munir Jalil, economista da Citigroup Corp., em Bogotá.

“Isso pressionará mais o mercado, mas o assunto é inevitável”, disse Kathryn Vera Rooney, estrategista da Bulltick Capital Markets, por telefone, de Miami. “Simplesmente não há dinheiro suficiente para alimentar estes leilões”.

Default Swaps

O custo de assegurar títulos venezuelanos contra a falta de pagamento utilizando credit-default swaps de cinco anos subiu 318 pontos-base nos últimos seis meses, para 967 pontos-base, de acordo com dados compilados pela Bloomberg.

O petróleo, que responde por 96 por cento das exportações da Venezuela, subiu acima de US$ 110 por barril pela terceira vez desde 2008 na semana passada. A Barclays calcula que, para cada dólar adicional no preço do petróleo, a Venezuela recebe US$ 800 milhões por ano.

Vender novos títulos é necessário para que a Venezuela cubra seu déficit fiscal, disse Vera Rooney.

“Isso é positivo para sua capacidade de pagar a dívida”, disse ela em 28 de agosto. “A Venezuela não terá um default enquanto os preços do petróleo seguirem altos”.

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A venda pelo governo de pelo menos US$ 1,7 bilhão dos títulos que detém da estatal Petróleos de Venezuela, ou PDVSA, ajudará a reforçar as importações essenciais sem esgotar as reservas internacionais, de acordo com Francisco Rodríguez, economista sênior do Bank of America na região andina. Isso transforma os US$ 3 bilhões em notas com vencimento em outubro de 2014, que rendem 7,76 por cento, em “compra”, disse ele.

A falta de dólares na Venezuela, que importa quase tudo depois que a receita da empresa estatal de petróleo tornou as outras indústrias locais menos rentáveis, está fazendo com que o custo de vida suba mais do que em qualquer outro país do mundo, exceto o Irã. O anúncio de 20 de agosto de venda de US$ 300 milhões em títulos da PDVSA, que irá financiar a importação de bens que o governo designou como prioridade, como comidas de Natal, peças de bicicletas e brinquedos, pode ajudar a aliviar a inflação e melhorar a capacidade de pagamento do país, disse Rodriguez.

“É definitivamente positivo para a economia que o governo tenha encontrado uma nova maneira de suprir a demanda do dólar”, disse Rodriguez. “É muito difícil pensar em um cenário de default da Venezuela nos próximos dois anos”.

Rendimento dos títulos

O rendimento dos títulos soberanos de referência até 2027 subiu 0,08 ponto porcentual, para 12,25 por cento em 30 de agosto. Na média, a dívida soberana da Venezuela rende 12,48 por cento, o dobro da média de mercados emergentes, de acordo com a JPMorgan Chase Co. Apenas a Argentina tem custos de financiamento mais elevados.

A inflação acelerou para 42,6 por cento em julho, de 19,4 por cento um ano antes, devido a uma maior escassez, enquanto a indústria da construção encolheu 6 por cento no segundo trimestre em relação ao ano anterior.

Para aliviar a escassez, a Venezuela está vendendo títulos para alimentar o sistema de administração da moeda, o Sicad, no qual as empresas registradas e os indivíduos fazem ofertas por dólares em leilões.


O Banco Central vendeu US$ 761 milhões nos três leilões realizados desde o reinício do Sicad, em 17 de julho. Enquanto os dois primeiros leilões foram abastecidos por dinheiro, o terceiro foi apoiado pelos US$ 300 milhões de títulos da PDVSA.

‘Excelente decisão’

“Diante de um dilema de queimar reservas líquidas ou vender os títulos mantidos pelos bancos estatais, as autoridades tomaram uma excelente decisão”, disse Asdrúbal Oliveros, diretor da consultoria Ecoanalítica, de Caracas. “Sem leilões de dólar a economia estaria em uma condição ainda pior”.

As reservas de moeda estrangeira da Venezuela caíram quase 10 por cento no segundo trimestre, para US$ 55 bilhões, o menor nível desde o segundo trimestre de 2010, uma vez que o governo manteve os gastos para sustentar a atividade econômica, de acordo com o Barclays Plc. As reservas cairão para US$ 50,7 bilhões até o final do ano, prevê o banco com sede em Londres.

A economia cresceu 2,6 por cento no segundo trimestre em comparação com a mediana das estimativas de oito economistas consultados pela Bloomberg, de uma contração de 0,8 por cento.

Para manter a reserva de dólares e o crescimento econômico, o governo vai vender seus títulos da PDVSA e, em seguida, emitir pelo menos US$ 3 bilhões em dívida denominada em dólar até o final do ano, disse Munir Jalil, economista da Citigroup Corp., em Bogotá.

“Isso pressionará mais o mercado, mas o assunto é inevitável”, disse Kathryn Vera Rooney, estrategista da Bulltick Capital Markets, por telefone, de Miami. “Simplesmente não há dinheiro suficiente para alimentar estes leilões”.

Default Swaps

O custo de assegurar títulos venezuelanos contra a falta de pagamento utilizando credit-default swaps de cinco anos subiu 318 pontos-base nos últimos seis meses, para 967 pontos-base, de acordo com dados compilados pela Bloomberg.

O petróleo, que responde por 96 por cento das exportações da Venezuela, subiu acima de US$ 110 por barril pela terceira vez desde 2008 na semana passada. A Barclays calcula que, para cada dólar adicional no preço do petróleo, a Venezuela recebe US$ 800 milhões por ano.

Vender novos títulos é necessário para que a Venezuela cubra seu déficit fiscal, disse Vera Rooney.

“Isso é positivo para sua capacidade de pagar a dívida”, disse ela em 28 de agosto. “A Venezuela não terá um default enquanto os preços do petróleo seguirem altos”.

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