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Temporada de balanços nos EUA começa hoje; saiba o que esperar

JPMorgan Chase, Citigroup e Wells Fargo divulgam os resultados do segundo trimestre nesta sexta-feira

Wall Street: JPMorgan Chase, Citigroup e Wells Fargo divulgam seus resultados hoje (Getty/Getty Images)

Wall Street: JPMorgan Chase, Citigroup e Wells Fargo divulgam seus resultados hoje (Getty/Getty Images)

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Agência de notícias

Publicado em 14 de julho de 2023 às 07h05.

Última atualização em 18 de julho de 2023 às 16h00.

Os maiores bancos dos Estados Unidos tiveram um início de ano tumultuado com a falência do Silicon Valley Bank (SVB), que deixou investidores de cabelo em pé com a possibilidade de uma reedição da crise de 2008. As companhias resistiram a um primeiro semestre punitivo praticamente ilesos. Agora, só precisam provar que podem enfrentar um aumento das despesas, mudanças regulatórias e depósitos mais caros.

JPMorgan Chase, Citigroup e Wells Fargo divulgam os resultados do segundo trimestre nesta sexta-feira, 14, seguidos por outros pesos pesados da indústria na semana seguinte. As despesas estarão no radar à medida que o setor encolhe a força de trabalho para enfrentar uma desaceleração na assessoria de acordos e paga mais para manter os depósitos em meio aos aumentos das taxas de juros. Esses desafios provavelmente vão pesar sobre a receita líquida de juros, uma importante fonte de caixa.

Pairando sobre tudo isso estão questões sobre quanto capital os bancos terão de reservar para agradar reguladores após o colapso de quatro bancos regionais no início deste ano. Isso tem implicações para dividendos e recompras.

“Não há como escapar da pressão de juros mais altos por mais tempo”, disse Mike Mayo, analista do Wells Fargo. “Poucas taxas esperadas serão tão altas, tão rápidas, por tanto tempo, e as pressões de financiamento estão simplesmente forçando a reprecificação dos depósitos mais rapidamente e mais cedo do que a precificação de títulos e empréstimos.”

Investidores também vão olhar os resultados dos bancos regionais, que estão no centro das atenções depois que os aumentos agressivos dos juros pelo Federal Reserve levaram à falência do Silicon Valley Bank, Signature Bank e First Republic Bank em ritmo acelerado no início deste ano. Particularmente preocupante é a qualidade e o custo das fontes de financiamento, uma vez que as saídas de depósitos obrigaram bancos regionais a confiar mais em empréstimos do programa “Federal Home Loan Bank” e em depósitos recíprocos e intermediados.

Despesas com juros

Os números de receitas mais observados são a receita líquida de juros: quanto os bancos geram em ativos que rendem juros, como empréstimos, depois de subtrair o custo de passivos que oferecem rendimento, como depósitos.

Embora o setor normalmente se beneficie de juros mais altos, o ritmo agressivo de aumentos pelo Fed levou os bancos a desembolsar mais aos correntistas, ao mesmo tempo em que não ajudou muito a elevar a rentabilidade da carteira de crédito existente.

Nos seis maiores bancos dos EUA, as despesas com juros devem subir para cerca de US$ 78,7 bilhões, frente a US$ 15,5 bilhões no mesmo período do ano passado, de acordo com estimativas de analistas compiladas pela Bloomberg. Mas a receita líquida de juros tende a aumentar em ritmo bem mais lento, de US$ 54 bilhões para apenas US$ 65 bilhões.

Custos com indenizações

A retração dos acordos de fusões e aquisições e mercados de capitais estagnados levaram a cortes de empregos em Wall Street. Embora essas demissões ajudem a moderar os custos ao longo do tempo, provavelmente vão elevar o quadro de despesas no curto prazo.

O diretor financeiro do Citigroup, Mark Mason, alertou investidores no mês passado que o banco espera registrar custos de rescisão relacionados à saída de 1.600 funcionários no segundo trimestre, o que poderia aumentar as despesas em até US$ 400 milhões em comparação com os primeiros três meses do ano.

Citigroup, Goldman Sachs e Morgan Stanley embarcaram em algumas das rodadas de demissões mais intensas no último ano, ao considerar ou concretizar milhares de cortes.

Despesas regulatórias

Os bancos também podem sofrer pressão de futuras mudanças regulatórias.

O órgão regulador FDIC planeja fazer uma avaliação especial depois de cobrir perdas do Silicon Valley Bank, Signature Bank e First Republic Bank, que esgotaram seu fundo de seguro de depósitos. As taxas, que reabastecerão o fundo que o regulador usa para administrar bancos falidos, serão calibradas para impactar principalmente os maiores bancos, de acordo com a agência.

Exigências de capital mais altas relacionadas aos padrões internacionais, conhecidos como Basileia III, também são grandes. O vice-presidente de supervisão do Fed, Michael Barr, disse em discurso na segunda-feira que a mudança para a Basileia III afetaria principalmente os “bancos maiores e mais complexos”. Muitos bancos já têm capital suficiente para atender aos novos requisitos, disse Barr, o que significa que pode não haver um custo imediato associado às regras propostas. Ainda assim, níveis de exigência mais altos apresentam uma restrição extra ao capital à qual o setor resiste há muito tempo.

*Com a redação

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