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Taxas de papéis do ABC Brasil se recuperam do efeito Kadafi

Controlado indiretamente pelo governo líbio, o banco apresenta rentabilidade acima da média do setor na América Latina

Apesar dos conflitos, o ABC Brasil registrou alta de 21% no lucro líquido no primeiro trimestre (EXAME.com)

Apesar dos conflitos, o ABC Brasil registrou alta de 21% no lucro líquido no primeiro trimestre (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 1 de junho de 2011 às 10h47.

Nova York - Os títulos da dívida do Banco ABC Brasil, controlado indiretamente pelo governo da Líbia, têm apresentado rentabilidade acima da média do setor na América Latina. O lucro em alta está superando o receio de que a guerra civil no país africano leve a corte na nota de crédito do banco.

A taxa dos papéis em dólar com cupom de 7,875 por cento e vencimento em 2020 do ABC Brasil caiu 54 pontos-base nos últimos três meses, em comparação com um recuo médio de 17 pontos-base nos títulos vendidos por bancos da América Latina, segundo dados compilados pela Bloomberg e pelo Credit Suisse Group AG. Em fevereiro, o custo de captação do banco aumentou 86 pontos-base, ou 0,86 ponto percentual, quando a rebelião contra Muammar Kadafi crescia.

A alta de 21 por cento no lucro líquido no primeiro trimestre do ABC Brasil está mostrando que as operações não foram afetadas pela guerra na Líbia, disse Natalia Corfield, analista de títulos corporativos do ING Groep NV.

“Houve uma reação exagerada do mercado e os títulos perderam terreno”, disse Corfield, que recomenda a compra dos papéis, em entrevista por telefone de Nova York. “A operação do banco está indo muito bem no Brasil e não há relação com os problemas na Líbia.”
O Arab Banking Corp., controlador do ABC Brasil e sediado no Bahrein, teve sua classificação de risco rebaixada em fevereiro pela Standard & Poor’s e pela Fitch Ratings. Ambas citaram como motivo para a decisão a participação majoritária do Banco Central da Líbia na instituição, de 59,4 por cento.

A taxa dos títulos do ABC Brasil pode cair dos 7,59 por cento de ontem para menos de 7 por cento, disse Corfield. Os papéis do governo brasileiro em dólar com vencimento em 2019 têm taxa de 3,69 por cento, segundo dados da Bloomberg.

Aumento do lucro

O ABC, especializado em crédito corporativo, disse em comunicado em 9 de março que o lucro líquido cresceu para R$ 56,7 milhões no primeiro trimestre deste ano, ante R$ 46,93 milhões no mesmo período do ano passado. Os ganhos do banco com juros subiram 50 por cento para R$ 139 milhões no primeiro trimestre enquanto os ativos totais subiram para 9,81 bilhões, contra R$ 8,16 bilhões um ano antes.


Investidores foram rápidos em reagir às notícias sobre a Líbia e seu possível impacto sobre o ABC, disse Sérgio Lulia Jacob, vice-presidente financeiro e para relações com investidores do banco.

“A perspectiva continua sendo positiva. Não temos um guidance de lucros, mas acredito que a tendência deve continuar”, disse ele. “Com o tempo, muita coisa vai sendo esclarecida.”

A Fitch confirmou a nota BB+ do Banco ABC em 29 de março, quase um mês após cortar o rating de seu controlador, citando em parte a “independência” em relação ao banco árabe e sua situação como uma “subsidiária identificável separadamente”. A classificação do ABC está um patamar acima da nota do Arab Banking Corp., que foi reduzida em 8 de março em dois níveis para BB.

A disparada nas emissões de bancos brasileiros no exterior está gerando saturação no mercado, tornando títulos vendidos por instituições como o ABC pouco atrativos, disse Cornel Bruhin, que supervisiona a administração de cerca de US$ 4 bilhões em ativos de mercados emergentes, na Clariden Leu AG, de Zurique.

Bancos brasileiros captaram US$ 12,7 bilhões com títulos neste ano, após atingirem o recorde de US$ 16,8 bilhões em 2010, segundo dados compilados pela Bloomberg.

“Estamos aguardando”, disse Bruhin em entrevista por telefone. “Não estamos acrescentando antes de termos mais visibilidade. O ABC está no mesmo bolso.”

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