Taurus dispara na Bolsa com 2 mil pedidos de fuzis de clientes
Empresa anunciou que civis poderão comprar fuzis automáticos
Tais Laporta
Publicado em 21 de maio de 2019 às 11h06.
Última atualização em 21 de maio de 2019 às 18h47.
São Paulo - As ações da fabricante de armas Taurus fecharam em forte alta nesta terça-feira (21), em dia de novas discussões sobre a posse de armas por cidadãos comuns. Os papéis preferenciais da companhia avançaram 7,60%. Já as ações ordinárias tiveram valorização de 4,84%. Mais cedo, chegaram a subir mais de 10%. No ano, contudo, acumulam queda de 9,14%.
Na véspera, a empresa informou em entrevista à TV Globo que o decreto que facilitou o acesso de civis a armamentos permite à população comprar um fuzil, o T4 semiautomático de calibre 5,56.
A companhia informou que espera “imediatamente atender os clientes” assim que a regulamentação entrar em vigor. “Temos uma fila de 2 mil clientes”, informou a empresa, que tem sede no Rio Grande do Sul. “Estamos preparados para atender em até três dias as demandas dos nossos clientes.”
A reportagem contatou a fabricante na noite de segunda-feira, mas não obteve resposta sobre o assunto. A Casa Civil, ligada ao Palácio do Planalto, disse que o decreto não enquadra o fuzil T4 como arma de uso permitido. Segundo o órgão, a arma “é de uso restrito e, por isso, o cidadão comum não consegue adquiri-la”. “A informação não procede”, declarou.
O efeito Bolsonaro
Desde a vitória eleitoral de Jair Bolsonaro a Taurus virou uma das empresas mais voláteis da bolsa. Bolsonaro afirmou que pretendia facilitar o acesso a armas de fogo e acabar com o “monopólio da Taurus” ainda durante a campanha. Mas as ações mais recentes, facilitando a posse e o porte de armas impulsionaram as ações da companhia.Seu valor de mercado chegou a crescer seis vezes entre setembro e outubro do ano passado, mas está em queda de 70% desde janeiro.
Com capital aberto desde 1982 e baixa liquidez na bolsa, a Taurus tem recuperado o desempenho operacional nos últimos tempos, saindo de resultado operacional negativo no ano passado. A empresa gaúcha se beneficia do R-105, um regulamento do Exército de 1936 que restringe a importação de produtos controlados fabricados no país. Isso faz com que o governo brasileiro praticamente só compre armas leves — as de uso individual, como pistolas — da Taurus, a única empresa nacional em condições de atender às exigências dos editais.
Agora, a companhia se prepara para enfrentar a possível chegada da concorrência internacional, ao mesmo tempo em que se arma para ganhar com a possível corrida armamentista. Assim como seus clientes, seus acionistas também precisam de sangue frio para aguentar os solavancos.