Shoppings: alta sustentável?

O ano de 2017 começou bem para muitos setores na bolsa. Os papéis de siderúrgicas, companhias de energia elétrica e construtoras tiveram os maiores ganhos até aqui. Outro setor de destaque foi o de shoppings centers. As ações da maior administradora de shoppings do país, BRMalls, subiram 11,7% no ano; os papéis da Iguatemi subiram 10,2%; os da Multiplan, 7%; e os da General Shopping, 12,5%. O motivo é o mesmo que tem levado tantos outros setores que sofrem com dívidas altas e demanda fraca: a expectativa de um ciclo de corte de juros pelo Banco Central.

Ontem, para quem ainda tinha dúvidas, o presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, confirmou que o BC entrou em um novo ritmo de corte de juros. Goldfajn ressaltou que a redução de 0,75 ponto percentual adotada na reunião de janeiro é o novo padrão. “O impacto do corte do juros no varejo é mais rápido que na demanda por imóveis, por exemplo. Isso deve ajudar os shoppings a recuperar seus resultados mais rapidamente ”, diz Felipe Silveira, analista da Coinvalores.

Mesmo assim, uma retomada nos resultados do setor deve vir apenas no fim do ano. Pesquisa divulgada ontem mostra que em dezembro o fluxo de consumidores nos shoppings brasileiros caiu pelo sexto mês consecutivo. Na comparação com dezembro de 2015, 9,3 milhões de pessoas deixaram de frequentar os centros de compra no último mês de 2016.

Para analistas do banco Citi, o problema é que em boa parte das ações do setor a queda da Selic já está embutida no preço atual. Segundo o banco, a Iguatemi já embute em suas ações uma taxa de juros em 8,3%; a BRMalls, de 8%; e a Multiplan, de 7,1%. O Boletim Focus projeta a Selic em 9,75% no fim deste ano.