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Selecionadores de ações poderosos não gerenciam um centavo

Empresas estão substituindo os gigantes da gestão de recursos como os árbitros mais importantes da direção dos fluxos de investimentos acionários do mundo


	Mercado Financeiro: empresas de índices afirmam que simplesmente canalizam os comentários coletivos de seus clientes
 (Thinkstock)

Mercado Financeiro: empresas de índices afirmam que simplesmente canalizam os comentários coletivos de seus clientes (Thinkstock)

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Da Redação

Publicado em 13 de julho de 2016 às 21h34.

MSCI não é um nome que geralmente vem à mente quando se pensa nos pesos-pesados do mercado internacional de ações.

O compilador de índices com sede em Nova York não administra os trilhões da BlackRock e não conta o exército de assessores financeiros do Morgan Stanley nem com a longa trajetória do UBS Group.

A US$ 7,7 bilhões, o valor de mercado do MSCI é pequeno demais para entrar na lista das 300 empresas financeiras mais importantes do mundo, e sua folha de pagamento, com 2.700 funcionários, é ínfima em comparação com a da Franklin Resources, um dos maiores gestores de fundos dos EUA.

No entanto, graças ao aumento da popularidade dos investimentos passivos, o MSCI e alguns de seus rivais -- como FTSE Russell e S&P Dow Jones Indices -- estão sorrateiramente substituindo os gigantes da gestão de recursos como os árbitros mais importantes da direção dos fluxos de investimentos acionários do mundo.

A proporção média de fundos de ações dos EUA, da Europa e da Ásia que imita as decisões tomadas pelos provedores de índices sobre alocações em valores e países dobrou durante os últimos oito anos para cerca de 33 por cento, de acordo com a Morningstar.

Este peso crescente ficou evidente neste ano na China, onde as autoridades aprovaram algumas das reformas de mercado mais abrangentes do país na esperança de obter acesso aos indicadores de ações internacionais do MSCI no mês passado.

Essa campanha, que acabou fracassando, consolidou o status do compilador de índices como uma das poucas empresas do mundo com a capacidade de influir nas decisões de política econômica do Partido Comunista, que governa a China.

“O poder dessas empresas é imenso”, disse George Cooper, diretor de investimento da Equitile Investments em Londres. “Os gestores de fundos e os investidores são escravos desses índices”.

Os provedores de índices não são selecionadores de ações do mesmo modo que os gestores de recursos ativos, que tentam superar o mercado ao escolher apenas os melhores papeis.

A maioria dos critérios utilizados pelo MSCI e por seus pares é de indicadores do potencial de investimento, como a capitalização de mercado e o volume de negociação diário, em vez de fatores que pretendam obter um desempenho superior à média.

As empresas de índices afirmam que simplesmente canalizam os comentários coletivos de seus clientes, entre os quais há investidores ativos que utilizam as referências para medir o desempenho relativo e gestores passivos que precisam deles para fornecer o mesmo retorno que o mercado.

“Os investidores internacionais não seguem cegamente nenhuma das decisões que tomamos”, disse Mark Makepeace, CEO da FTSE Russell, em Londres, em uma entrevista.

Mas há certo grau de subjetividade no desenvolvimento de um índice de referência, particularmente nas decisões sobre questões polêmicas, como quais países classificar como desenvolvidos, emergentes e de fronteira.

Além dessas decisões sobre classificações de mercado, as ações costumam subir ou cair quando provedores de índices anunciam até mesmo pequenos ajustes em seus indicadores mais monitorados. Essas decisões são tão importantes que algumas corretoras, como o Société Générale, têm analistas dedicados a ajudar os traders a prever quando ações serão adicionadas, eliminadas ou quando sua ponderação no índice mudará.

“O fornecedor de índices está se tornando um selecionador de ações”, disse Rodney Comegys, diretor de investimentos para a região Ásia-Pacífico da Vanguard Group, que administra mais de US$ 3 trilhões em fundos principalmente passivos.

“De certo modo, ele está substituindo o gestor ativo”.

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