REEDIÇÃO-CÂMBIO-Dólar sobe mais de 1% por medo de swap reverso
Rumor sobre swap reverso assusta mercado Reservas indicam compras maiores do BC em leilões Mantega ameaça usar outras ferramentas para brecar dólar (Corrige último parágrafo para esclarecer que Japão vendeu mais de 2 trilhões de ienes no mercado global e não apenas em Londres e Nova York) Por Silvio Cascione SÃO PAULO, 15 de setembro […]
Da Redação
Publicado em 15 de setembro de 2010 às 14h07.
- Rumor sobre swap reverso assusta mercado
Reservas indicam compras maiores do BC em leilões
Mantega ameaça usar outras ferramentas para brecar dólar
(Corrige último parágrafo para esclarecer que Japão vendeu
mais de 2 trilhões de ienes no mercado global e não apenas em
Londres e Nova York)
Por Silvio Cascione
SÃO PAULO, 15 de setembro (Reuters) - Rumores não
confirmados de venda de swap cambial reverso pelo Banco Central
levaram volatilidade ao mercado nesta quarta-feira, brecando a
sequência de 10 quedas seguidas do dólar com uma alta de 1,11
por cento sobre o real.
A taxa de câmbio terminou o dia a 1,727 real no
mercado à vista. Na véspera, o dólar havia fechado a 1,708
real, menor nível em dez meses.
Os comentários de uma intervenção do BC no mercado futuro
surgiram pouco após a realização do primeiro leilão de compra
de dólares, perto de 12h30. Sete profissionais de mercado
relataram os rumores, que não foram respaldados por nenhum
anúncio do BC até as 16h40.
"O BC não se manifestou com relação a nenhum swap cambial.
Não houve consulta alguma sobre demanda por swap. Eles costumam
fazer isso normalmente no final da tarde", disse o operador da
mesa de dólar à vista de um grande banco nacional, dealer de
câmbio, que preferiu não ser identificado.
"Não teve nenhuma consulta do BC. Por enquanto é só boato",
afirmou o operador de outro banco dealer.
Mesmo sem confirmação do swap, inclusive por parte das
instituições que operam diretamente com o Banco Central, os
rumores foram suficientes para provocar um brusco ajuste de
posições. "O mercado está tenso", disse João Medeiros, diretor
de câmbio da corretora Pioneer.
O mercado tem visto uma probabilidade maior de um leilão de
swap cambial reverso diante da queda recente do dólar, que
ameaçou romper o patamar de 1,70 real, e da alta do cupom
cambial, taxa local de juros em dólares.
O swap reverso funciona como uma compra de dólares pelo
Banco Central no mercado futuro. A medida seria uma forma de se
contrapor à expressiva oferta de moeda por meio de derivativos
na BM&FBovespa, onde os estrangeiros já exibem mais de 12
bilhões de dólares em posições vendidas em dólar futuro e
contratos de cupom cambial (DDI).
BC REFORÇOU COMPRAS E MANTEGA AMEAÇA MAIS
O BC já tem feito intervenções mais agressivas no mercado à
vista, com dois leilões de compra de dólares por dia desde
quarta-feira passada. Dados das reservas internacionais, com
aumento de 2,8 bilhões de dólares entre quinta-feira da semana
passada e terça-feira, indicam um crescimento do volume de
dólares que a autoridade monetária tem enxugado no mercado.
Na terça-feira, as reservas estavam no patamar recorde de
265,139 bilhões de dólares. A mudança de patamar ocorreu em
sintonia com a estimativa de vários profissionais por compras
diárias na casa de 1 bilhão de dólares desde sexta-feira.
Os dados oficiais das compras do BC entre quinta-feira
passada e esta quarta-feira serão conhecidos na próxima semana.
Nesta quarta, o BC divulgou compras de 207 milhões de dólares
na quarta-feira passada, primeiro dia de atuação dupla, com
liquidação na sexta-feira (dia 10). [ID:nN15181929]
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou nesta tarde
que o governo vai absorver todo o excesso de dólares
proveniente da bilionária oferta de ações da Petrobras. "Nós
temos, por um lado, o Banco Central, que tem um armamento
pesado. Ele tem feito intervenções no mercado, temos o Fundo
Soberano, temos o IOF e outros instrumentos que poderemos
utilizar", contra a queda do dólar, disse.
O discurso intervencionista está alinhado com o de outros
países, que também tentam frear a valorização de suas moedas e
preservar a competitividade de suas exportações.
Nesta quarta, o Japão voltou a intervir no mercado após
seis anos de hiato, com mais de 2 trilhões de ienes vendidos
nos mercados globais (mais de 20 bilhões de dólares). A
Colômbia também retomou a compra de dólares.
(Edição de Aluísio Alves)