Prospecto da Aramco prevê pico de demanda de petróleo em 20 anos
Consultoria avalia que crescimento da procura por commodity deve ser "nivelado" até 2035
Guilherme Guilherme
Publicado em 11 de novembro de 2019 às 15h23.
A demanda global por petróleo pode atingir um pico nos próximos 20 anos, de acordo com uma avaliação incluída no prospecto na oferta inicial de ações da Saudi Aramco . A previsão sugere que os pontos de vista mudam lentamente no reino, onde as autoridades costumam considerar a noção exagerada.
Em vez de incluir sua própria avaliação, a Aramco usou dados da consultoria IHS Markit, cuja estimativa é de um pico da demanda por petróleo por volta de 2035. Nesse cenário, o crescimento da demanda por petróleo e outros derivados será “nivelado” nesse prazo. Em um gráfico anexo, a gigante saudita mostra uma demanda global por petróleo mais baixa em 2045 do que em 2040.
O prospecto, publicado no sábado, fornece informações inéditas sobre desempenho financeiro, estratégia e riscos comerciais da Aramco, maior produtora mundial de petróleo, que se prepara para uma oferta de ações no início de dezembro. No entanto, não incluiu quantas ações o governo planeja vender ou a faixa de preço-alvo. Essas informações devem ser divulgadas em 17 de novembro.
Embora a Aramco não apoie explicitamente a previsão, a inclusão da estimativa no documento de 658 páginas deve atrair a atenção de investidores em todo o mundo. Os diretores da empresa acreditam que os dados fornecidos pela consultoria do setor são “confiáveis”.
Um segundo cenário de demanda no prospecto pressupõe uma transição mais rápida dos combustíveis fósseis ao uso de energia limpa, o que levaria a demanda por petróleo a atingir o pico no final da década de 2020.
A Aramco reconheceu no documento que as políticas de mudança climática “podem reduzir a demanda global por hidrocarbonetos e impulsionar uma mudança para combustíveis fósseis com menor intensidade de carbono, como gás ou fontes alternativas de energia”. A pressão social para reduzir a poluição e as emissões de carbono já “levou a uma variedade de ações que visam reduzir o uso de combustíveis fósseis”, afirmou.
Em fevereiro, o CEO da Aramco, Amin Nasser, disse que as preocupações sobre o surgimento de alternativas ao petróleo não eram baseadas “na lógica e nos fatos”. Khalid Al-Falih, o ministro de Petróleo do país até dois meses atrás, foi igualmente desdenhoso em 2017, ao afirmar que o debate sobre o pico da demanda entre executivos, analistas e ativistas de energia estava “equivocado”.