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Prof. Pardal da economia testa mercado em invenção histórica

Ben Bernanke, presidente do BC americano, surpreendeu os mercados com uma nova linguagem

Eficácia das novas medidas de Bernanke ainda é desconhecida (Reprodução)
DR

Da Redação

Publicado em 13 de dezembro de 2012 às 11h44.

São Paulo – Ben Shalom Bernanke , presidente do Banco Central americano, é reconhecido no meio acadêmico e entre os investidores como um dos maiores especialistas sobre a Grande Depressão de 1929 e também um entusiasta da expansão monetária para combater crises. Devido ao fato, passou a ser conhecido como “Helicopter Ben”, pois certa vez defendeu a ideia do Nobel de economia, Milton Friedman, de que arremessaria dinheiro de um helicóptero para sair de um ambiente deflacionário.

Quatro anúncios de afrouxamentos monetários depois (conhecidos como Quantitative Easing) não há dúvida alguma sobre quanto o apelido lhe cai bem. Mas Bernanke foi muito além da expansão do balanço do Federal Reserve para 4 trilhões de dólares. Ele inovou diversas vezes na comunicação com o mercado e a sociedade em geral sobre os rumos da política monetária americana.

Além de “Helicopter Ben”, o ex-chefe do departamento de economia da Universidade de Princeton já pode começar a ser chamado de “Gyro Gearloose”, personagem da Walt Disney conhecido no Brasil como Professor Pardal.

Nunca antes

A última cartada do chefe do Fed foi posta à mesa na quarta-feira. O texto do comunicado é tão surpreendente que não será estranho encontrar, em breve, a íntegra dele em um futuro livro de macroeconomia. Depois de ter fixado, de maneira inédita, um prazo para a manutenção do juro entre zero e 0,25% ao ano, a equipe de Bernanke chocou mais uma vez ao abandonar a meta de calendário para adotar uma ligada à recuperação econômica.

A frase “em níveis excepcionalmente baixos pelo menos até meados de 2015”, que se repetia há anos (apenas com a mudança da data esperada), foi substituída pela indicação de que o juro continuará baixo enquanto a taxa de desemprego estiver acima de 6,5%, na inflação projetada para um a dois anos à frente não superar meio ponto percentual superior à meta de 2% e as expectativas inflacionárias permanecerem ancoradas.


“O Banco Central norte-americano fez um movimento ousado ontem e colocou a política monetária em terreno completamente desconhecido. Ao vincular a taxa de juros como variável dependente, ou seja, subordinada às variáveis reais como desemprego, a Autoridade Monetária dá o último passo possível na administração do dinheiro”, destaca o economista-chefe da Gradual Corretora, André Perfeito, em relatório.

Reação incerta

As bolsas mundiais reagiram com uma leve alta após o anúncio, mas parece que os investidores ficaram inseguros sobre qual rumo tomar e o mercados encerraram a quarta-feira em leve baixa. Afinal, sabe-se que os mercados adoram uma taxa de juro baixa e, claro, uma economia pujante. Mas o recado do Fed tem um viés um pouco assustador. Quando o desemprego diminuir e reacender a economia americana , o juro voltará a subir. Definitivamente não é o que o mercado gostaria de ver. “O mercado ainda não digeriu direito esta medida que de tão radical gerou mais desconforto que confiança num primeiro momento”, observa Perfeito.

Para Mohamed El-Erian, CEO da maior gestora de títulos públicos do mundo PIMCO, a reação pode ser comparada com o sentimento de um paciente quando confrontado com a notícia sobre o desenvolvimento de um novo medicamento que ainda não passou por testes clínicos. “Ao longo do dia, os investidores perceberam que, como qualquer droga em período experimental, há um risco concreto de complicações”, explica El-Erian em um artigo publicado nesta quarta-feira.

Bernanke disse depois em uma coletiva de imprensa que o nível de 6,5% não deve ser visto como um gatilho para a mudança. Ninguém duvida, contudo, que o já bastante avaliado Relatório de Emprego, divulgado toda primeira sexta-feira do mês, será ainda mais destrinchado pelos investidores. Nas histórias da Disney, o Prof. Pardal normalmente se dá mal. Na vida real, a eficácia das invenções de Bernanke ainda está sendo testada. Se o apelido Pardal é justo ou injusto, o mercado talvez descubra em meados de 2015, quando se espera que o desemprego chegue ao nível de 6,5%.

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Quatro anúncios de afrouxamentos monetários depois (conhecidos como Quantitative Easing) não há dúvida alguma sobre quanto o apelido lhe cai bem. Mas Bernanke foi muito além da expansão do balanço do Federal Reserve para 4 trilhões de dólares. Ele inovou diversas vezes na comunicação com o mercado e a sociedade em geral sobre os rumos da política monetária americana.

Além de “Helicopter Ben”, o ex-chefe do departamento de economia da Universidade de Princeton já pode começar a ser chamado de “Gyro Gearloose”, personagem da Walt Disney conhecido no Brasil como Professor Pardal.

Nunca antes

A última cartada do chefe do Fed foi posta à mesa na quarta-feira. O texto do comunicado é tão surpreendente que não será estranho encontrar, em breve, a íntegra dele em um futuro livro de macroeconomia. Depois de ter fixado, de maneira inédita, um prazo para a manutenção do juro entre zero e 0,25% ao ano, a equipe de Bernanke chocou mais uma vez ao abandonar a meta de calendário para adotar uma ligada à recuperação econômica.

A frase “em níveis excepcionalmente baixos pelo menos até meados de 2015”, que se repetia há anos (apenas com a mudança da data esperada), foi substituída pela indicação de que o juro continuará baixo enquanto a taxa de desemprego estiver acima de 6,5%, na inflação projetada para um a dois anos à frente não superar meio ponto percentual superior à meta de 2% e as expectativas inflacionárias permanecerem ancoradas.


“O Banco Central norte-americano fez um movimento ousado ontem e colocou a política monetária em terreno completamente desconhecido. Ao vincular a taxa de juros como variável dependente, ou seja, subordinada às variáveis reais como desemprego, a Autoridade Monetária dá o último passo possível na administração do dinheiro”, destaca o economista-chefe da Gradual Corretora, André Perfeito, em relatório.

Reação incerta

As bolsas mundiais reagiram com uma leve alta após o anúncio, mas parece que os investidores ficaram inseguros sobre qual rumo tomar e o mercados encerraram a quarta-feira em leve baixa. Afinal, sabe-se que os mercados adoram uma taxa de juro baixa e, claro, uma economia pujante. Mas o recado do Fed tem um viés um pouco assustador. Quando o desemprego diminuir e reacender a economia americana , o juro voltará a subir. Definitivamente não é o que o mercado gostaria de ver. “O mercado ainda não digeriu direito esta medida que de tão radical gerou mais desconforto que confiança num primeiro momento”, observa Perfeito.

Para Mohamed El-Erian, CEO da maior gestora de títulos públicos do mundo PIMCO, a reação pode ser comparada com o sentimento de um paciente quando confrontado com a notícia sobre o desenvolvimento de um novo medicamento que ainda não passou por testes clínicos. “Ao longo do dia, os investidores perceberam que, como qualquer droga em período experimental, há um risco concreto de complicações”, explica El-Erian em um artigo publicado nesta quarta-feira.

Bernanke disse depois em uma coletiva de imprensa que o nível de 6,5% não deve ser visto como um gatilho para a mudança. Ninguém duvida, contudo, que o já bastante avaliado Relatório de Emprego, divulgado toda primeira sexta-feira do mês, será ainda mais destrinchado pelos investidores. Nas histórias da Disney, o Prof. Pardal normalmente se dá mal. Na vida real, a eficácia das invenções de Bernanke ainda está sendo testada. Se o apelido Pardal é justo ou injusto, o mercado talvez descubra em meados de 2015, quando se espera que o desemprego chegue ao nível de 6,5%.

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