Preço do petróleo salta quase 15% após ataques à Arábia Saudita
Barril da commodity registrou seu maior ganho percentual diário em mais de 30 anos
Reuters
Publicado em 16 de setembro de 2019 às 17h33.
Última atualização em 16 de setembro de 2019 às 17h51.
Nova York — O preço do petróleo dispara quase 15% nesta segunda-feira, com o Brent registrando seu maior ganho percentual diário em mais de 30 anos e volumes recordes de negócios, depois de um ataque a instalações petrolíferas da Arábia Saudita reduzir a produção do reino pela metade e intensificar temores de retaliação no Oriente Médio .
Os contratos futuros do petróleo Brent, valor de referência internacional, fecharam a 69,02 dólares por barril, avançando 8,80 dólares, ou 14,61%, em seu maior ganho percentual em um único dia desde pelo menos 1988.
Já os futuros do petróleo dos Estados Unidos encerraram a sessão a 62,90 dólares o barril, alta de 8,05 dólares, ou 14,68% -- maior avanço percentual diário desde dezembro de 2008.
Os negócios também avançaram fortemente, com os futuros do Brent superando os 2 milhões de lotes, maior volume diário da história, disse a porta-voz da Intercontinental Exchange (ICE), Rebecca Mitchell.
"O ataque à infraestrutura de petróleo saudita veio como um choque e uma surpresa para um mercado que não vinha operando com volatilidade e focava mais no aspecto da demanda do que em oferta", afirmou Tony Hendrick, analista de mercados de energia da corretora CHS Hedging.
A Arábia Saudita é o maior exportador global de petróleo, além de ter uma grande capacidade ociosa, o que tem feito do reino um fornecedor de última instância por décadas.
O ataque a instalações da petroleira estatal Saudi Aramco para processamento de petróleo em Abqaiq e Khurais reduziu a produção em 5,7 milhões de barris por dia. A companhia não deu uma previsão imediata sobre a retomada da produção total.
Duas fontes com conhecimento das operações da Aramco disseram que um retorno à produção normal "pode levar meses".
Donald Trump
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, minimizou o impacto do salto nos preços do petróleo, dizendo que os valores não subiram tanto e que os EUA e outros países podem compensar a alta liberando mais oferta.
"Eles não subiram muito e nós temos reservas estratégicas de petróleo, que são massivas, e podemos liberar um pouco disso, e outros países... podem ser um pouco mais generosos com o petróleo, e você traria (os preços) para baixo na hora", disse Trump a repórteres na Casa Branca, onde se encontrou com o príncipe do Barein, Salman bin Hamad al-Khalifa.
"Isso não é um problema", afirmou.
Trump também declarou que não quer uma guerra com o Irã, mas ressaltou que as Forças Armadas americanas são mais bem preparadas caso surja um conflito entre os dois países.
"Não quero guerra com ninguém (...) Certamente gostaríamos de evitá-la", disse Trump a jornalistas na Casa Branca ao ser perguntado sobre um possível conflito bélico depois dos ataques ocorrido no último sábado a refinarias da Arábia Saudita, pelos quais os EUA acusam o Irã.
Trump disse que os EUA estão "melhor preparados" que o Irã, por ter "os melhores sistemas de armas do mundo".
(Com Reuters e EFE)