Petróleo: reserva americana não tira a pressão de longo prazo, diz UBS
Banco vê espaço para a commodity subir para US$ 125 e levanta dúvidas sobre a capacidade de os Estados Unidos entregarem o volume prometido
Guilherme Guilherme
Publicado em 4 de abril de 2022 às 15h27.
Última atualização em 4 de abril de 2022 às 16h04.
A liberação diária de 1 milhão de barris de petróleo da reserva dos Estados Unidos por seis meses, anunciada na última semana, deve ter efeito limitado, segundo analistas do UBS.
“Embora a exploração de reservas estratégicas possa ajudar a aliviar a escassez de oferta no curto prazo, não a consideramos uma solução de longo prazo para a crise energética global. [ A medida ] não corrigirá os desequilíbrios estruturais no mercado de petróleo”, afirmou o UBS em relatório.
O aumento pontual da oferta, disse o banco, “não resolve a escassez estrutural resultante de anos de subinvestimento em um momento de recuperação da demanda global por petróleo.”
Analistas do UBS, inclusive, levantaram questionamentos sobre a capacidade de os Estados Unidos colocarem seus planos em prática. Ainda que as reservas americanas tenham capacidade de entregar mais de 1 milhão de barris por dia, disse o banco, o país nunca vendeu tamanha quantidade e “não está claro se há demanda das refinarias por volumes tão elevados, considerando a qualidade do petróleo armazenado.”
Segundo os analistas, a oferta prometida pelos Estados Unidos pode esbarrar em problemas logísticos, como em limitações da capacidade de oleodutos. “Isso significa que a liberação real ao longo do período de seis meses pode ser menor do que o valor principal de 180 milhões de barris.”
Para o UBS, o próprio anúncio de liberação da reserva pode ser um indicativo de que não estão avançando as conversas sobre o acordo nuclear com o Irã, que aumentaria a oferta da commodity.
A expectativa do UBS é de que o petróleo brent seja negociado entre US$ 115 e US$ 125 entre os próximos três e seis meses — até 17% acima do patamar desta segunda-feira, 4. “Os mercados ainda estão subestimando os riscos de oferta relacionados às commodities”