Petrobras (PETR4) levanta US$ 1,25 bi em primeiro empréstimo atrelado a metas ambientais
Diretores financeiro e de sustentabilidade falaram em entrevista à EXAME sobre a importância da operação para o posicionamento da petrolífera
Guilherme Guilherme
Publicado em 11 de julho de 2022 às 15h28.
Última atualização em 13 de julho de 2022 às 17h16.
A Petrobras (PETR4) firmou com bancos internacionais seu primeiro financiamento atrelado a metas ambientais ao levantar US$ 1,25 bilhão em crédito com compromissos de sustentabilidade (SLL, na sigla em inglês).
O empréstimo terá vencimento em julho de 2027, sendo as taxas variáveis de acordo com a emissão de gases de efeito estufa (GEE) e metano da produção e exploração de petróleo e da intensidade de GEE do refino. Participaram da operação os bancos Scotiabank, Bank of China e o MUFG, do grupo Mitsubishi.
“As metas de sustentabilidade deixaram de ser só um carimbo no plano estratégico”, afirmou Rodrigo Araújo, diretor financeiro e de relações com investidores da Petrobras, em entrevista à EXAME Invest. “A operação é muito importante em termos de posicionamento.”
Embora não revele as taxas e metas envolvidas na operação, a diretoria da estatal disse que o contrato está alinhado aos objetivos de redução de emissões já divulgados ao mercado. Entre eles, a redução para 36 quilos de CO2equivalente por carga processada para 2025 e para 15 quilos por barril de óleo produzido para 2025.
“No caso do metano, a meta pública já foi alcançada em 2021. Então, o melhor número para ter referência é o do ano passado, de 0,33 tonelada por volume de hidrocarboneto produzido. Se melhorarmos a performance de emissão, também é prevista uma melhor taxa pelo bom desempenho”, explicou Rafael Chaves, diretor de relacionamento institucional e sustentabilidade da Petrobras.
A avaliação sobre o cumprimento ou não das metas estipuladas no contrato de empréstimo será feita por uma terceira parte, o Instituto de Serviços aos Acionistas (ISS, na sigla em inglês).
A escolha pela operação direta com bancos em detrimento de uma oferta pública de títulos verdes, segundo os executivos, ocorreu devido à maior instabilidade no mercado financeiro.
“É um momento em quebuscamos operações bilaterais com bancos, dada as condições do mercado de capitais, que estão bastante voláteis com toda a discussão dos juros americanos e inflação ”, afirmou Araújo.
Empréstimo competitivo e alto valor simbólico
O diretor financeiro garantiu que os custos envolvidos na operação são bastante “competitivos” em relação às dívidas já tomadas pela Petrobras, mas pontuou que a diferença de custo de empréstimos verdes em relação ao crédito tradicional tem diminuído recentemente com o aumento das taxas de juro.
“A vantagem que existiu para títulos indexados à sustentabilidade está um pouco menor em função do ambiente de mercado. Ainda assim, é uma operação que faz todo sentido porque traz um desafio extra embutido na operação”, afirmou.
A expectativa da diretoria é de que o primeiro empréstimo verde sirva para abrir as portas da Petrobras para novos financiamentos atrelados a metas de sustentabilidade, sejam eles bilaterais ou abertos ao mercado.
“O valor simbólico da operação é muito grande. Todo mundo está com metas de descarbonização. Mas o que faz diferença entre quem contribui de fato e quem fica só no discurso são os incentivos adequados para ter entregas claras a cada ano. Esse é mais um passo nesse sentido”, disse Rafael Chaves.