Petrobras ganha R$ 29 bilhões de valor de mercado em um dia
As ações da petroleira, que na quarta subiram 10,02% (as ordinárias, com direito a voto), não oscilavam tanto desde 18 de maio do ano passado
Estadão Conteúdo
Publicado em 10 de maio de 2018 às 08h38.
Última atualização em 10 de maio de 2018 às 09h47.
São Paulo - A tensão entre os Estados Unidos e o Irã contribuiu para aumentar o valor da Petrobras em R$ 29 bilhões num único dia. Com a disparada no preço do petróleo, o valor de mercado da companhia bateu na última quarta-feira, 9, o segundo recorde consecutivo e alcançou a cifra de R$ 341,4 bilhões.
As ações da petroleira, que na quarta subiram 10,02% (as ordinárias, com direito a voto), não oscilavam tanto desde 18 de maio do ano passado, quando o mercado financeiro castigou os papéis das estatais após virem à tona as gravações do sócio do JBS, Joesley Batista, com o presidente Michel Temer.
Os contratos futuros de petróleo encerraram a sessão de quarta-feira no maior nível dos últimos três anos e meio, apoiados pela decisão dos Estados Unidos de se retirarem do acordo nuclear internacional com o Irã.,
Além disso, os volumes de óleo cru, gasolina e destilados apresentaram baixa na semana passada em solo americano, o que ajudou a impulsionar os preços da commodity.
O petróleo tipo Brent fechou em alta de 3,15%, aos US$ 77,21 o barril. Já o petróleo WTI subiu 3,01%, para US$ 71,14 o barril.
Para Edmar Almeida, professor do Grupo de Economia da Energia da UFRJ (GEE-UFRJ), o petróleo em alta significa para a Petrobras mais dinheiro em caixa para investir em projetos e para negociar melhores condições de pagamento da dívida, o que é positivo. Ele diz, no entanto, que para aproveitar a oportunidade a empresa vai ter de repassar esse avanço de preços aos seus clientes.
A perspectiva é de que a cotação do petróleo se mantenha em um patamar elevado, na casa dos US$ 70 por barril, daqui para frente, de acordo com os especialistas.
"Bombardeios na Síria, que é passagem estratégica para o setor de petróleo; a tensão entre Estados Unidos e Irã; o adiamento do IPO (abertura de capital) da Saudi Aramco para 2019, tudo isso deve manter o preço em alta. Não tem como esperar queda de petróleo nesse cenário", afirmou Fernanda Delgado, pesquisadora da FGV Energia.
Durante a apresentação dos resultados do primeiro trimestre, o diretor financeiro da Petrobras, Ivan Monteiro, ressaltou que fatores geopolíticos têm influenciado bastante o comportamento do preço do petróleo e derivados.
"Essa componente explica boa parte do que a gente vive de avanço no resultado", afirmou. Nesta semana, a Petrobras anunciou lucro de R$ 6,9 bilhões de janeiro a março, desempenho 56% maior do que o registrado no mesmo período do ano passado.
Caixa
Procurada, a petroleira não quis comentar os efeitos da alta da cotação da última quarta-feira em seu caixa. Mas no evento, Monteiro ressaltou que o Brent tem impacto direto nas exportações, preços nas refinarias e comércio de gás natural, o que provoca um efeito benéfico na receita de venda.
"Mas tem também como consequência a redução do lucro bruto com o aumento das participações governamentais (compensações financeiras aos governos)."
Para Pedro Galdi, analista da Mirae Corretora, a alta das ações era mais do que esperada depois que a Petrobras demonstrou poder de recuperação.
"A Petrobras é a bola da vez e o cenário ajuda. Ela tem ativos e está desinvestindo onde não tem retorno para investir onde dá lucro. As coisas começam a dar certo pra ela", avaliou. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.