Petrobras e Vale puxam Ibovespa para alta de 2% em dia de payroll e IPCA
Dados de emprego abaixo do esperado nos EUA alimentam esperanças de manutenção de estímulos por mais tempo
Beatriz Quesada
Publicado em 8 de outubro de 2021 às 17h50.
Última atualização em 8 de outubro de 2021 às 21h04.
O Ibovespa fechou o pregão desta sexta-feira, 8, em alta de 2,03%, aos 112.833 pontos, ancorado nas fortes altas das duas empresas com maior peso no índice: Vale (VALE3) e Petrobras (PETR3/PETR4).
O ganho das duas ações ajudou a impulsionar o Ibovespa em um dia já positivo, em que investidores repercutiram dados fracos de emprego nos Estados Unidos e inflação abaixo do esperado no Brasil. O ambiente de apetite a risco ajudou o Ibovespa a quase zerar as perdas da semana, acumulando leve baixa de 0,05% no período.
Nos EUA, investidores digeriram o relatório de empregos não-agrícolas dos Estados Unidos, o payroll. Considerado o principal dado da economia americana, o payroll revelou a criação de apenas 194.000 postos de trabalho em setembro, enquanto o consenso era de 500.000 novos empregos urbanos.
Com a recuperação mais lenta do mercado de trabalho americano, investidores acreditam que o Federal Reserve ( Fed ) possa manter sua política de estímulos por mais tempo -- favorecendo opções mais arriscadas de investimento, como a renda variável.
O mercado, no entanto, não está convencido de que o resultado será suficiente para impedir o Fed de iniciar o tapering -- redução gradual dos estímulos. Como resultado, os principais índices de ações de Wall Street fecharam o dia em queda: o Dow Jones caiu 0,03%, S&P 500 recuou 0,19% e Nasdaq teve queda de 0,51%. Na Europa, o Stoxx 600 reduziu as perdas após os dados americanos, mas fechou em queda de 0,28%.
O que ajudou a dar impulso extra à bolsa brasileira foi a força das ações ligadas às commodities. A Petrobras (PETR3/PETR4) subiu 2,02% e 1,85%, respectivamente, após a companhia anunciar que vai elevar o preço da gasolina em 0,20 reais a partir de amanhã. A decisão vai de encontro à política da petroleira em acompanhar a alta do petróleo no mercado internacional -- a commodity é negociada acima da marca simbólica de 80 dólares por barril.
Já o minério de ferro bateu máxima de um mês na volta do feriado na China, subindo quase 5%. A valorização impulsionou as ações da Vale (VALE3), que possui o maior peso do Ibovespa e contribui para o movimento de alta, avançando 0,62%. Siderúrgicas, também beneficiadas pela apreciação da commodity, figuraram entre as maiores altas, com Usiminas (USIM5) disparando 4,95%, CSN (CSNA3), 3,09% e Gerdau (GGBR4) 1,08%.
Outro alívio entre os investidores locais veio da inflação, que se mostrou mais baixa do que a esperada para o mês de setembro. Divulgado nesta manhã, o Índice de Preço ao Consumidor Amplo, o IPCA, ficou em 1,16% ante o consenso de 1,25% de alta. No acumulado de 12 meses, o IPCA passou de 9,68% para 10,25% - alto, mas abaixo da inflação estimada de 10,33%.
Para Gustavo Arruda, chefe de pesquisa do BNP Paribas para a América Latina, a inflação brasileira de 12 meses está próxima do pico e deve reduzir para 9% até o fim do ano. Ainda assim, Arruda ressalta que, a despeito da parte de alimentação, os preços de outros setores da economia, como o de serviços, seguem pressionados. "Isso reforça a preocupação sobre a dinâmica de inflação", diz em nota.
Destaques da bolsa
Em dia tomado pelo apetite ao risco na bolsa brasileira, investidores aproveitam para comprar ações que acumularam quedas significativas no ano. Na ponta do Ibovespa, as ações da Cielo (CIEL3) dispararam 14,29%, reduzindo suas perdas para 33% neste ano. Já o Magazine Luiza (MGLU3), com queda de 20% nos últimos 30 dias, subiu 6,7% neste pregão. Outras ações ligadas ao varejo, como Lojas Renner (LREN3) e Via (VIIA3) subiram 2,75% e 3,47%, respectivamente. Já os papéis de shoppings Multiplan (MULT3) e BrMalls (BRML3) dispararam mais de 6%.
De fora do Ibovespa, a Grendene (GRND3), das marcas Melissa e Rider, subiu 8,11%, após formar uma joint venture com a gestora 3G Radar para a distribuição e comercialização de seus produtos no exterior.