Petrobras continua entre as ações preferidas apesar de incertezas
Suspensão do aumento dos preços do diesel, a pedido de Bolsonaro, não foi suficiente para que corretoras tirem as ações da estatal da lista de Top Picks
Estadão Conteúdo
Publicado em 13 de abril de 2019 às 14h13.
São Paulo - A suspensão do aumento dos preços do diesel, a pedido do presidente Jair Bolsonaro, trouxe incertezas sobre a política de preços da Petrobras , mas não o suficiente para que bancos e corretoras que participam da Coluna tirassem as ações da estatal da lista de Top Picks para a próxima semana. Apenas XP Investimentos e Modalmais retiraram os papéis do portfólio. As ações continuam na carteira de outras seis casas.
Sabrina Cassiano, analista da Coinvalores, avalia que o revés no reajuste dos preços do diesel aumenta a percepção de risco quanto a possíveis ingerências governamentais. "A agenda positiva das últimas semanas, com destaque para o desfecho da cessão onerosa e a venda da TAG, ainda geram boas perspectivas, em termos operacionais e financeiros, porém, agora, as atenções ficarão voltadas para a continuidade, ou não, da política de preços", avalia. A corretora manteve Petrobras PN na carteira.
Para Pedro Galdi, analista da Mirae Asset Wealth Management, o anúncio de um aumento próximo a 6% para o diesel, que depois foi postergado, trouxe uma situação de desconfiança, o que explica a queda livre das ações da estatal na B3. O profissional pondera, no entanto, que o cenário para a Petrobras segue positivo, já que a empresa tirou dois esqueletos do armário: a Tag e a cessão onerosa.
"Agora a busca será pela aceleração da venda de ativos, inclusive no segmento de refinaria, retirando este fator monopólio na definição dos preços, o que evitaria este evento do reajuste anunciado e retirado na sequência. Assim valeria a lei do mercado", destaca. A Mirae segue com recomendação de compra para as ações.
A Guide também incluiu Petrobras PN na carteira. Para a corretora, no curto prazo alguns catalisadores sustentam a recomendação, como a continuidade da venda de ativos onshore e expectativa de maior volume de produção para este ano, viabilizado pela curva de crescimento das plataformas recém-instaladas, que deverão impulsionar margens e geração de caixa operacional em 2019.
As ações preferenciais da estatal também continuam entre as preferidas do BB-BI, Bradesco BBI e Santander. Na sexta-feira, com a confusão em torno da política de preços, as ações da Petrobras perderam R$ 32 bilhões em valor de mercado.
A Mirae fez nesta semana apenas uma troca na carteira com inclusão de Vale ON no lugar de Usiminas PNA. Sobre a mineradora, Galdi destaca a recente escalada dos preços do minério de ferro gerada pela redução de oferta do produto pela própria Vale após a tragédia de Brumadinho, e a redução momentânea da produção da commodity pela BHP afetada por um ciclone tropical na Austrália Ocidental.
A Guide, além da Petrobras, também incluiu Sabesp ON entre as preferidas. Para a corretora, as ações da empresa de água e saneamento podem destravar ainda mais valor devido à perspectiva de sua privatização, dado a expectativa de menor interferência política em suas decisões, alinhando seus objetivos à indústria, com melhora de governança e administração.
Já a XP, com a saída de Petrobras PN, incluiu AES Tietê Unit. Modalmais trocou toda a carteira que agora passa a contar com Vale ON, EcoRodovias, Santander Unit, SulAmérica Unit e Klabin Unit. Nova Futura também renovou todo o portfólio com a entrada de BB Seguridade ON, Braskem ON, Grendene ON, Localiza ON e Rumo ON.
Termômetro
O mercado reduziu o otimismo sobre o desempenho do Ibovespa na próxima semana, mostra o Termômetro Broadcast Bolsa, que tem por objetivo captar o sentimento de operadores, analistas e gestores para o comportamento do índice na semana seguinte.
Entre 34 participantes, a expectativa de alta para o índice ficou em 41,18%, ante 75,00% na edição anterior, enquanto a percepção de queda saltou de 10,71% para 32,35%. Os que veem estabilidade representam 26,47% do universo, ante 14,29% na última pesquisa. A Bolsa apurou perda de 4,36% nesta semana.
A semana da Páscoa é mais curta nos mercados aqui e no exterior, com o feriado da Sexta-feira da Paixão. Antes, porém, as atenções estarão em Brasília, na tramitação da reforma da Previdência. Estava prevista para o dia 17 a votação, na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara, do parecer favorável à admissibilidade da reforma apresentado pelo relator Marcelo Freitas (PSL-MG), mas, ao mesmo tempo, o presidente da CCJ, Felipe Francischini (PSL-PR), deve pautar também na próxima semana a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que torna o Orçamento impositivo.
Ainda, seguirão no radar possíveis desdobramentos da decisão do presidente Jair Bolsonaro de suspender o reajuste nos preços do óleo diesel que havia sido determinado pela Petrobras, que foi considerada "catastrófica" pela área econômica do governo. Na terça-feira, Bolsonaro se reúne com membros da estatal para discutir a decisão.
A agenda local de indicadores tem como destaque o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br). No exterior há uma bateria de dados relevantes na China, como PIB, produção industrial e vendas no varejo. Também são esperados dados da indústria e varejo norte-americanos. Na quarta-feira, será divulgado o Livro Bege do Federal Reserve.