Petrobras: Capitalização não será suficiente para financiar pré-sal, indicam analistas
Estatal precisará de mais US$ 90 bi com constantes ofertas de ações, além de emitir novos títulos da dívida
Da Redação
Publicado em 24 de setembro de 2010 às 09h38.
São Paulo - A mega capitalização da Petrobras (PETR3); (PETR4) é enorme, mas ainda assim não será suficiente para cobrir todo o plano de investimentos de 224 bilhões de dólares até 2014. Apesar de a operação ter chegado a 120,3 bilhões de reais (US$ 70 bi), apenas cerca de 35 bilhões de dólares deverão entrar no caixa da empresa. Com isso, a estatal precisará de mais 90 bilhões de dólares nos próximos cinco anos.
"Isso não resolve o problema e por isso a empresa terá que retornar ao mercado de dívida", assinala o analista de renda fixa Eduardo Suarez, da RBC Capital Markets. "Não seria uma surpresa isso acontecer antes do final do ano", ressalta. Um dos problemas para a estatal nesse mercado poderá ser o custo da captação. Mesmo com um rating superior ao do Brasil, por exemplo, os títulos têm sido negociados à taxas mais elevadas.
"O rating, na verdade, tem pouco impacto. Não acho que ele tem direcionando os preços, mas sim a percepção dos investidores. As pessoas estão preocupadas com o aumento de participação do governo na Petrobras, além do alto preço pago pela concessão do petróleo no pré-sal", destaca Suarez. Com a operação, a fatia do governo na estatal chegou a 48%.
"Estimamos que a Petrobras precisará levantar cerca de US$90 bilhões em financiamentos nos próximos cinco anos para realizar o seu atual plano de negócios", escreveram os analistas Paula Martins e Marcelo Schwarz da Standard and Poor’s, em relatório no qual reafirmaram a nota de crédito BBB-, com perspectiva estável. A expectativa, portanto, é de que a estatal tente acessar o mercado de capitais mais frequentemente.
"Será uma coisa constante a Petrobras ir ao mercado acionário e de dívida para se capitalizar", afirma Rogério Freitas, sócio e gestor do fundo da Teórica Investimentos. Segundo ele, este cenário poderá diluir ainda mais os acionistas minoritários. "É como se o minoritário tivesse a espada no pescoço de todo o ano a empresa ir ao mercado e se capitalizar", diz.
Além do mercado de capitais, o papel do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) no financiamento da Petrobras pode crescer. "O suporte do BNDES é consistente com a nossa expectativa de que o governo suportará o significativo plano de investimentos da empresa", explica a S&P. A dívida total ajustada da Petrobras era de US$93,6 bilhões em junho de 2010, diz a agência.
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