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Pessoa física usa pesquisa eleitoral para sair da Bovespa

Desde o fim de março, pessoa física tem usado a divulgação de pesquisas eleitorais como pretexto para sair de ações


	Bovespa: estrangeiro entra na bolsa paulista e a pessoa física sai, aproveitando para realizar lucro
 (Dado Galdieri/Bloomberg)

Bovespa: estrangeiro entra na bolsa paulista e a pessoa física sai, aproveitando para realizar lucro (Dado Galdieri/Bloomberg)

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Da Redação

Publicado em 20 de maio de 2014 às 08h25.

São Paulo - Se há um investidor pessimista com as perspectivas para o Brasil, é a pessoa física. Ela tem usado a divulgação de pesquisas eleitorais como pretexto para sair de ações.

Desde o fim de março, dia que antecede a divulgação de pesquisa eleitoral que possa mostrar queda da popularidade ou das intenções de voto em Dilma Rousseff e dia de divulgação de pesquisa eleitoral que mostre queda da popularidade ou das intenções de voto da presidente são sinônimos de rali na Bovespa.

E a máxima nesses dias têm se repetido: o estrangeiro entra na bolsa paulista e a pessoa física sai, aproveitando para realizar lucro.

A análise dos dados de fluxo de recursos para o mercado acionário local mostra esse comportamento padrão até aqui.

Em 27 de março, sondagem CNI/Ibope mostrou a primeira queda da aprovação do governo Dilma desde o meio do ano passado, quando manifestações tomaram as ruas das principais capitais do país com a população reivindicando melhoria da educação, saúde e transportes. Naquele pregão de março, o Ibovespa disparou 3,5 por cento e as matérias sobre a bolsa nos principais veículos traziam no título a pesquisa como motivo para explicar a valorização, que foi puxada por ações de estatais federais como Petrobras e Eletrobras.

Números da bolsa mostram que, naquele dia, os estrangeiros ingressaram com mais de 370 milhões de reais nas ações brasileiras e as pessoas físicas tiraram quase 730 milhões de reais.

Em 2 de abril, os rumores de que a pesquisa Datafolha a ser divulgada no fim de semana seguinte traria números ruins para Dilma foram a justificativa dada por operadores locais para a alta de 2,85 por cento do Ibovespa. Naquela sessão, os estrangeiros colocaram outros 390 milhões de reais na Bovespa e as pessoas físicas tiraram 605 milhões de reais.

O Datafolha de 5 de abril, um sábado, confirmou a queda de popularidade de Dilma e também perda de intenção de votos na presidente. Dois dias depois, no primeiro pregão na bolsa pós-pesquisa, mais uma valorização do Ibovespa, desta vez de 2,1 por cento. Os estrangeiros ingressaram com perto de 176 milhões de reais na bolsa e as pessoas físicas reduziram suas posições em 212 milhões de reais.

As razões que especialistas têm dado para a entrada do estrangeiro na Bovespa (o ingresso líquido está em 8,4 bilhões de reais já, com base em dados da BM&FBovespa até 14 de maio) passam pela crença --ou esperança-- em ajustes na política macroeconômica no próximo governo e pelos preços relativos de ações brasileiras quando comparados a outras importantes praças financeiras, além da liquidez que se tem aqui frente a outros emergentes.

Para a pessoa física, o movimento de saída da bolsa pode mostrar, além da descrença no futuro próximo do país, que esse investidor está mais ligado do que em situações anteriores. Quando a bolsa paulista viveu anos seguidos de forte valorização, entre 2003 e 2007, parte desse público imaginou que as ações não cairiam nunca mais e manteve seus investimentos em 2008, enquanto estrangeiros saíam de ações no ano do colapso do Lehman Brothers em que o Ibovespa desabou 41 por cento.

Talvez a pessoa física tenha entendido também que a aplicação em ações não precisa ser, necessariamente, de longo prazo como pregam muitas cartilhas de investimentos.

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