Para investidores, Novo Mercado da Bovespa perdeu o brilho
Estudo mostrou que, em conjunto, em vários deles, empresas do mercado tradicional são melhores do que as listadas no Novo Mercado
Da Redação
Publicado em 12 de julho de 2012 às 22h02.
São Paulo - Frequentemente apontado como principal responsável pela ascensão do mercado de capitais no Brasil, o Novo Mercado da Bovespa perdeu o brilho em meio a sinais de que várias empresas que compõem o segmento não estão legitimamente comprometidas com a boa governança, disseram especialistas em investimentos.
Inaugurado há dez anos com a oferta de ações da Companhia de Concessões Rodoviárias (CCR), o ambiente --de adesão voluntária-- exige das integrantes a obediência a regras mais rígidas de transparência e respeito aos acionistas minoritários.
Muitas das companhias no segmento, entretanto, usam de criatividade e de brechas regulatórias para privilegiar os controladores em detrimento dos pequenos acionistas.
E a repetição de episódios polêmicos, envolvendo o não pagamento de tag along, que garante aos minoritários o mesmo preço oferecido pelas ações dos controladores em caso de venda do controle, tem colocado investidores na defensiva.
"O Novo Mercado não é garantia para o investidor. Não basta apenas pregar a chancela do segmento, as companhias precisam ter atitude e adotar ações de governança corporativa na prática", disse o diretor de investimentos do Previ, fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil, Marco Geovanne da Silva, em evento na BM&FBovespa nesta quinta-feira para comemorar os 10 anos do setor.
Incluindo os níveis 1 e 2 de governança corporativa, o setor tem 182 empresas listadas, que representam 66 por cento do valor de mercado, 71 por cento do volume financeiro no mercado a vista da bolsa paulista.
Silva mostrou vários indicadores de governança estudados pelo fundo, como a manutenção de comitês de auditoria e fiscal.
O estudo mostrou que, em conjunto, em vários deles, empresas do mercado tradicional são melhores do que as listadas no Novo Mercado.
Para Fabio Alperowitch, sócio da Fama Investimento, o desempenho fraco das ações de várias empresas que listaram suas ações no Novo Mercado nos últimos anos também atenta contra a reputação do setor.
Segundo ele, das últimas 50 ofertas iniciais de ações (IPO, na sigla em inglês) realizadas na bolsa paulista, 21 deram ao investidor retorno negativo nominal superior a 20 por cento.
Para o gestor, isso reflete em parte a decepção dos investidores com companhias, que têm com o mercado uma postura diferente da prometida.
"O Novo Mercado é hoje só um carimbo; tem muito lobo vestido em pele de bom moço", disse.
Para fazer com que o setor volte a ser um diferencial entre os investidores é preciso que algumas regras sejam reformadas, disse Bruno Rudge, sócio da gestora de recursos Dynamo.
Entre os assuntos que devem ser alvos de regulação, sugeriu, estão a necessidade de realização de oferta pública (OPA) aos minoritários quando houver aumento significativo de participação de um grande investidor na companhia, além de regras mais claras sobre saída do segmento.
Em 2010, a BM&FBovespa propôs um conjunto de reformas nas regras do segmento, porém as consideradas mais importantes, como a realização de oferta pública a partir da compra de 30 por cento do capital, a obrigatoriedade do comitê de auditoria e o aumento do percentual de membros independentes do conselho de administração de 20 para 30 por cento, foram rejeitadas pelas companhias.
São Paulo - Frequentemente apontado como principal responsável pela ascensão do mercado de capitais no Brasil, o Novo Mercado da Bovespa perdeu o brilho em meio a sinais de que várias empresas que compõem o segmento não estão legitimamente comprometidas com a boa governança, disseram especialistas em investimentos.
Inaugurado há dez anos com a oferta de ações da Companhia de Concessões Rodoviárias (CCR), o ambiente --de adesão voluntária-- exige das integrantes a obediência a regras mais rígidas de transparência e respeito aos acionistas minoritários.
Muitas das companhias no segmento, entretanto, usam de criatividade e de brechas regulatórias para privilegiar os controladores em detrimento dos pequenos acionistas.
E a repetição de episódios polêmicos, envolvendo o não pagamento de tag along, que garante aos minoritários o mesmo preço oferecido pelas ações dos controladores em caso de venda do controle, tem colocado investidores na defensiva.
"O Novo Mercado não é garantia para o investidor. Não basta apenas pregar a chancela do segmento, as companhias precisam ter atitude e adotar ações de governança corporativa na prática", disse o diretor de investimentos do Previ, fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil, Marco Geovanne da Silva, em evento na BM&FBovespa nesta quinta-feira para comemorar os 10 anos do setor.
Incluindo os níveis 1 e 2 de governança corporativa, o setor tem 182 empresas listadas, que representam 66 por cento do valor de mercado, 71 por cento do volume financeiro no mercado a vista da bolsa paulista.
Silva mostrou vários indicadores de governança estudados pelo fundo, como a manutenção de comitês de auditoria e fiscal.
O estudo mostrou que, em conjunto, em vários deles, empresas do mercado tradicional são melhores do que as listadas no Novo Mercado.
Para Fabio Alperowitch, sócio da Fama Investimento, o desempenho fraco das ações de várias empresas que listaram suas ações no Novo Mercado nos últimos anos também atenta contra a reputação do setor.
Segundo ele, das últimas 50 ofertas iniciais de ações (IPO, na sigla em inglês) realizadas na bolsa paulista, 21 deram ao investidor retorno negativo nominal superior a 20 por cento.
Para o gestor, isso reflete em parte a decepção dos investidores com companhias, que têm com o mercado uma postura diferente da prometida.
"O Novo Mercado é hoje só um carimbo; tem muito lobo vestido em pele de bom moço", disse.
Para fazer com que o setor volte a ser um diferencial entre os investidores é preciso que algumas regras sejam reformadas, disse Bruno Rudge, sócio da gestora de recursos Dynamo.
Entre os assuntos que devem ser alvos de regulação, sugeriu, estão a necessidade de realização de oferta pública (OPA) aos minoritários quando houver aumento significativo de participação de um grande investidor na companhia, além de regras mais claras sobre saída do segmento.
Em 2010, a BM&FBovespa propôs um conjunto de reformas nas regras do segmento, porém as consideradas mais importantes, como a realização de oferta pública a partir da compra de 30 por cento do capital, a obrigatoriedade do comitê de auditoria e o aumento do percentual de membros independentes do conselho de administração de 20 para 30 por cento, foram rejeitadas pelas companhias.