Papéis do Ibovespa perdem feio para ações fora do índice
As duas maiores valorizações são de empresas do setor de educação: Kroton, cujos papéis valorizaram 127,90% até ontem e Estácio, que teve alta de 109,17%
Da Redação
Publicado em 28 de novembro de 2012 às 20h36.
São Paulo - Um levantamento feito pela consultoria Economática mostra que, das 20 ações da bolsa brasileira que mais valorizaram nesse ano, apenas seis fazem parte da carteira teórica do Índice Bovespa, composta pelos papéis mais negociados do mercado local.
A primeira ação do Ibovespa a aparecer no ranking de maiores valorizações em 2012 ocupa a oitava posição. São os papéis ordinários (com direito a voto) da Hypermarcas, que até o fechamento de ontem subiram 77,65%.
As duas maiores valorizações são de empresas do setor de educação: Kroton, cujos papéis valorizaram 127,90% até ontem e Estácio, que teve alta de 109,17% no preço de suas ações.
O mesmo estudo mostra ainda que, dentre as 20 maiores quedas, apenas três não estão na carteira teórica do Ibovespa: HTR Petróleo, na quinta posição (-53,08%), Tecnisa, com a 14ª maior queda (-28,00%) e Qgep Participação, em último lugar na lista (-18,91%).
No topo do ranking de maiores desvalorizações, estão OGX, cujas ações ordinárias caíram 67,40% e Eletrobras, que teve perda de 66,39% no preço das ações preferenciais (sem direito a voto) de classe B.
Em 2012, até o fechamento de ontem, o Ibovespa teve 1,4% de valorização. Já o Índice de Small Caps, formado por ações de empresas de menor liquidez e baixa captação, avançou 21,2% até ontem. Boa parte das empresas cujas ações estão entre as 20 maiores altas do ano faz parte dessa carteira.
Setor externo e interferência do governo pesam
É importante lembrar, entretanto, que o Índice Bovespa usa a liquidez como o grande critério para sua composição, bem como para a definição do peso de cada ação na carteira. Segundo o gerente executivo de fundos de ações da BB DTVM, gestora de fundos do Banco do Brasil, Jorge Ricca, justamente por esses critérios, “há uma participação relevante de ações do setor de commodities no Ibovespa”.
Segundo ele, ações de empresas que atuam nos setores de mineração, papel e celulose, petróleo, dentre outros, representam de 40% a 50% da carteira teórica. “Esses papéis têm muita relação com o setor econômico externo”, explica. E 2012 não tem sido exatamente o melhor ano do ponto de vista do cenário externo.
Os problemas na Europa, os impasses fiscais nos Estados Unidos e a lenta recuperação econômica na China têm impactado negativamente o desempenho de papéis como os da Vale e da Petrobras, de siderúrgicas, e muitos outros.
Além disso, a interferência do governo em setores da economia brasileira vem punindo severamente papéis como o das empresas de energia elétrica, por causa da mudança de regras na renovação das concessões, de bancos, pela pressão do governo em baixar os juros, e as ações da própria Petrobras, por causa do imbróglio na questão de reajuste de preços dos combustíveis.
Força do mercado interno
Em contrapartida, muitas das ações que estão fora do índice pertencem a empresas de setores que estão tendo, em 2012, um desempenho muito melhor. São segmentos voltados para o mercado interno, o qual tem retomado, aos poucos, o ritmo de crescimento desde o começo do segundo semestre.
Segundo Ricca, “como o mercado interno vai bem, na comparação com o que acontece no restante do mundo, houve a desvinculação de alguns setores da economia brasileira dos demais”. Consumo, educação e saúde estão entre esses setores. “Eles estão expostos à maior robustez da nossa economia, ao baixo índice de desemprego, aumento da massa salarial real, ao maior acesso a crédito.”
Os 20 papéis que mais valorizaram em 2012 (até 27/11):
Empresa | Ação | Setor | Retorno em 2012 | Participação no Ibovespa |
---|---|---|---|---|
Kroton | KROT11 | Educação | 127,30% | - |
Estácio | ESTC3 | Educação | 109,17% | - |
Metal Leve | LEVE3 | Indústria | 90,66% | - |
Amil | AMIL3 | Saúde | 88,82% | - |
Taesa | TAEE11 | Energia | 88,68% | - |
Lojas Marisa | AMAR3 | Varejo de roupas | 85,65% | - |
Valid | VLID3 | Impressão | 82,17% | - |
Hypermarcas | HYPE3 | Consumo | 77,65% | 1,897% |
Marcopolo | POMO4 | Indústria | 76,09% | - |
Sabesp | SBSP3 | Serviços de saneamento | 74,66% | 0,365% |
Mills | MILS3 | Serviços de engenharia | 73,84% | - |
Lojas Americanas | LAME4 | Varejo | 72,92% | 1,256% |
Eztec | EZTC3 | Construção civil | 69,94% | - |
RaiaDrogasil | RADL3 | Saúde & Farmácias | 68,93% | - |
Duratex | DTEX3 | Indústria de móveis | 66,30% | 0,596% |
Lojas Renner | LREN3 | Varejo de roupas | 63,74% | 1,177% |
Anhanguera | AEDU3 | Educação | 63,70% | - |
Natura | NATU3 | Consumo & Cosméticos | 59,66% | 1,091% |
Arezzo | ARZZ3 | Calçados | 58,00% | - |
BR Pharma | BPHA3 | Saúde & Farmácias | 57,17% | - |
São Paulo - Um levantamento feito pela consultoria Economática mostra que, das 20 ações da bolsa brasileira que mais valorizaram nesse ano, apenas seis fazem parte da carteira teórica do Índice Bovespa, composta pelos papéis mais negociados do mercado local.
A primeira ação do Ibovespa a aparecer no ranking de maiores valorizações em 2012 ocupa a oitava posição. São os papéis ordinários (com direito a voto) da Hypermarcas, que até o fechamento de ontem subiram 77,65%.
As duas maiores valorizações são de empresas do setor de educação: Kroton, cujos papéis valorizaram 127,90% até ontem e Estácio, que teve alta de 109,17% no preço de suas ações.
O mesmo estudo mostra ainda que, dentre as 20 maiores quedas, apenas três não estão na carteira teórica do Ibovespa: HTR Petróleo, na quinta posição (-53,08%), Tecnisa, com a 14ª maior queda (-28,00%) e Qgep Participação, em último lugar na lista (-18,91%).
No topo do ranking de maiores desvalorizações, estão OGX, cujas ações ordinárias caíram 67,40% e Eletrobras, que teve perda de 66,39% no preço das ações preferenciais (sem direito a voto) de classe B.
Em 2012, até o fechamento de ontem, o Ibovespa teve 1,4% de valorização. Já o Índice de Small Caps, formado por ações de empresas de menor liquidez e baixa captação, avançou 21,2% até ontem. Boa parte das empresas cujas ações estão entre as 20 maiores altas do ano faz parte dessa carteira.
Setor externo e interferência do governo pesam
É importante lembrar, entretanto, que o Índice Bovespa usa a liquidez como o grande critério para sua composição, bem como para a definição do peso de cada ação na carteira. Segundo o gerente executivo de fundos de ações da BB DTVM, gestora de fundos do Banco do Brasil, Jorge Ricca, justamente por esses critérios, “há uma participação relevante de ações do setor de commodities no Ibovespa”.
Segundo ele, ações de empresas que atuam nos setores de mineração, papel e celulose, petróleo, dentre outros, representam de 40% a 50% da carteira teórica. “Esses papéis têm muita relação com o setor econômico externo”, explica. E 2012 não tem sido exatamente o melhor ano do ponto de vista do cenário externo.
Os problemas na Europa, os impasses fiscais nos Estados Unidos e a lenta recuperação econômica na China têm impactado negativamente o desempenho de papéis como os da Vale e da Petrobras, de siderúrgicas, e muitos outros.
Além disso, a interferência do governo em setores da economia brasileira vem punindo severamente papéis como o das empresas de energia elétrica, por causa da mudança de regras na renovação das concessões, de bancos, pela pressão do governo em baixar os juros, e as ações da própria Petrobras, por causa do imbróglio na questão de reajuste de preços dos combustíveis.
Força do mercado interno
Em contrapartida, muitas das ações que estão fora do índice pertencem a empresas de setores que estão tendo, em 2012, um desempenho muito melhor. São segmentos voltados para o mercado interno, o qual tem retomado, aos poucos, o ritmo de crescimento desde o começo do segundo semestre.
Segundo Ricca, “como o mercado interno vai bem, na comparação com o que acontece no restante do mundo, houve a desvinculação de alguns setores da economia brasileira dos demais”. Consumo, educação e saúde estão entre esses setores. “Eles estão expostos à maior robustez da nossa economia, ao baixo índice de desemprego, aumento da massa salarial real, ao maior acesso a crédito.”
Os 20 papéis que mais valorizaram em 2012 (até 27/11):
Empresa | Ação | Setor | Retorno em 2012 | Participação no Ibovespa |
---|---|---|---|---|
Kroton | KROT11 | Educação | 127,30% | - |
Estácio | ESTC3 | Educação | 109,17% | - |
Metal Leve | LEVE3 | Indústria | 90,66% | - |
Amil | AMIL3 | Saúde | 88,82% | - |
Taesa | TAEE11 | Energia | 88,68% | - |
Lojas Marisa | AMAR3 | Varejo de roupas | 85,65% | - |
Valid | VLID3 | Impressão | 82,17% | - |
Hypermarcas | HYPE3 | Consumo | 77,65% | 1,897% |
Marcopolo | POMO4 | Indústria | 76,09% | - |
Sabesp | SBSP3 | Serviços de saneamento | 74,66% | 0,365% |
Mills | MILS3 | Serviços de engenharia | 73,84% | - |
Lojas Americanas | LAME4 | Varejo | 72,92% | 1,256% |
Eztec | EZTC3 | Construção civil | 69,94% | - |
RaiaDrogasil | RADL3 | Saúde & Farmácias | 68,93% | - |
Duratex | DTEX3 | Indústria de móveis | 66,30% | 0,596% |
Lojas Renner | LREN3 | Varejo de roupas | 63,74% | 1,177% |
Anhanguera | AEDU3 | Educação | 63,70% | - |
Natura | NATU3 | Consumo & Cosméticos | 59,66% | 1,091% |
Arezzo | ARZZ3 | Calçados | 58,00% | - |
BR Pharma | BPHA3 | Saúde & Farmácias | 57,17% | - |