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Os mercados que estão afundando mais que os Brics

Os Seguintes Onze países têm um aspecto ainda pior para os investidores do que os mercados maiores que supostamente eles iam suplantar


	Goldman Sachs: o indicador acionário da MSCI Inc. para os Seguintes Onze despencou 19% neste ano
 (Chris Hondros/Getty Images/AFP)

Goldman Sachs: o indicador acionário da MSCI Inc. para os Seguintes Onze despencou 19% neste ano (Chris Hondros/Getty Images/AFP)

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Da Redação

Publicado em 11 de setembro de 2015 às 20h25.

Nesta altura do ano passado, parecia que a seleção de mercados emergentes promissores do Goldman Sachs Group Inc. estava pronta para preencher o vácuo deixado pela diminuição dos retornos sobre os investimentos no Brasil, na Rússia, na Índia e na China.

Os preços das ações nesses “Seguintes Onze” países – lugares como as Filipinas, a Turquia e o México – estavam sendo negociados a recordes históricos, porque os investidores estrangeiros inundaram seus mercados de dinheiro.

Os fluxos de entrada para o fundo de ações dos Seguintes Onze do Goldman Sachs com domicílio nos EUA levaram os ativos sob gestão a dobrar o nível do fundo da empresa para o Bric.

Contudo, agora os Seguintes Onze países têm um aspecto ainda pior para os investidores do que os mercados maiores que supostamente eles iam suplantar.

O indicador acionário da MSCI Inc. para os Seguintes Onze despencou 19 por cento neste ano, frente a um recuo de 14 por cento para o índice do Bric.

O capital estrangeiro está se apressando para sair, sendo que o fundo do Goldman Sachs diminuiu quase pela metade e as perdas se aprofundaram para 11 por cento desde sua criação há quatro anos.

A recuperação mostra a forma em que populações jovens e uma classe média em ascensão – características que atraíram inicialmente o Goldman Sachs para as economias dos Seguintes Onze uma década atrás – não conseguiram salvaguardar os retornos do mercado acionário em um mundo que enfrenta taxas de juros mais altas nos EUA, uma queda nos preços das commodities e uma desaceleração econômica na China.

Para John-Paul Smith, um dos poucos estrategistas a prever com exatidão as perdas nos mercados emergentes, isso também ilustra os perigos de agrupar tantos países díspares em uma única temática de investimento.

Os gerentes de recursos “estão se afastando cada vez mais dos investimentos baseados em siglas”, disse Smith, um ex-estrategista do Deutsche Bank AG que fundou a Ecstrat, uma empresa de pesquisa com sede em Londres, no ano passado. “Dentro dos mercados emergentes, é difícil pensar em um mercado que tenha uma combinação entre avaliações atraentes e desenvolvimentos construtivos de política econômica”.

Declínio

À medida que o pessimismo dos investidores vai passando para as economias em desenvolvimento de menor tamanho, os fluxos de saída de capitais se aprofundam.

Os fundos negociados em bolsa que investem em mercados emergentes registraram retiradas de US$ 1,65 bilhão na semana encerrada em 4 de setembro, a décima com fluxos de saída.

Entre os mercados dos Seguintes Onze, os fundos focados na Coreia do Sul e no México tiveram as maiores perdas. O grupo também incluiu a Indonésia, a Nigéria, Bangladesh, o Egito, o Paquistão e o Vietnã. O Irã é membro, mas o fundo do Goldman Sachs não investe no país por causa das sanções internacionais pelo seu programa nuclear.

As vulnerabilidades comuns aos Seguintes Onze países foram expostas pela desaceleração da China e pela maior antecipação de um aumento das taxas de juros pelo Federal Reserve (Fed) neste mês.

O crescimento mais fraco na China prejudicou a demanda pelas exportações coreanas e bengalesas e pelas commodities produzidas pelo México, pela Indonésia e pela Nigéria.

Os mercados onde os fluxos de capital estrangeiro têm uma função importante de impulso à confiança dos investidores – entre eles, a Turquia e as Filipinas – declinaram pela preocupação com que os gestores de recursos internacionais gravitem para os ativos em dólares quando o Fed aumentar as taxas.

Problemas próprios

Alguns membros do grupo têm problemas próprios.

Na Turquia, o fracasso do governo para formar uma coalizão depois da eleição de 7 de junho consumiu a confiança dos investidores e empurrou a lira para um nível mínimo recorde.

O Turkiye Garanti Bankasi AS, o maior credor do país e um dos maiores investimentos no fundo do Goldman Sachs para os Seguintes Onze em junho, despencou 26 por cento neste ano.

À medida que os efeitos de um boom econômico sem precedente na China e três décadas de declínio das taxas de juros nos EUA vão desaparecendo, já não é mais inevitável que países menos desenvolvidos ofereçam retornos atraentes sobre os investimentos, segundo Stephen Jen, um dos fundadores do hedge fund SLJ Macro Partners LLP, com sede em Londres.

“Muito dinheiro no longo prazo foi investido neste espaço baseado em uma lógica simplista ligada ao crescimento das populações, e a que os países pobres de alguma forma devem enriquecer”, disse Jen, ex-economista do FMI, em uma nota em 31 de agosto. “Há muitos países pobres que continuaram sendo pobres”.

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