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Olho no olho ajuda no desempenho das ações

Estudo encontrou relação entre papéis e encontros com analistas e investidores

Pregão na BM&FBovespa: estudo mostra relação entre Apimec e desempenho das ações (Luiz Prado/Divulgação/BM&FBOVESPA)
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Da Redação

Publicado em 6 de julho de 2012 às 09h15.

São Paulo – Uma empresa aluga um espaço, dispara um comunicado ao mercado convocando investidores e analistas para um encontro, investe no encontro e pede que seus executivos dediquem parte do seu tempo para conversar sobre detalhes do dia a dia da empresa. Não é um esforço pequeno, mas em muitos casos, as reuniões com o mercado compensam. Mas qual é o retorno prático que elas trazem?

Uma pesquisa desenvolvida por Jairo Laser Procianoy, professor de finanças da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), e por Nayana Reiter, doutoranda da University of Michigan, estudou o comportamento dos papéis de 160 empresas após realizarem reuniões promovidas pela Apimec (Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais).

O estudo apontou que um movimento de alta no papel é percebido melhor dois dias após a reunião, quando as ações têm um retorno médio de 0,25% acima do Ibovespa. O estudo também levantou os resultados excluindo “outliers”, ou seja, eventos que tiveram quatro desvios padrão acima ou abaixo da média. Com essa exclusão, destaca-se um desempenho 0,24% superior da ação em relação ao Ibovespa nos dois dias após a reunião.

“Isso pode acontecer pois dois dias é o tempo que um analista que acompanhou a reunião tem para elaborar seu relatório e liberá-lo para clientes com suas recomendações de compra”, explica Procianoy.


Embora as empresas costumem discutir em suas reuniões informações que já são públicas, duas hipóteses podem sustentar o fato de que a ação acaba refletindo os encontros com o mercado, conforme explica Procianoy.

O primeiro é de que, embora as informações sejam públicas, ganham a possibilidade de serem tratadas de maneira mais ampla, mais discutidas e divulgadas. Outro ponto seria quase que um fator psicológico. “O olho no olho e a maneira como o executivo passa as informações são pontos importantes”, diz.

Ideia de trade?

O estudo foi apresentado nesta semana para profissionais do mercado de capitais durante o 14º Congresso de Relações com Investidores, em São Paulo. Na apresentação conduzida pelo professor, também estava presente Lucas Tambellini, estrategista do Itaú BBA, que brincou: “Queria agradecer pela ideia de trade: compro um papel antes da Apimec e vendo após dois dias”.

Embora o estudo indique padrões, é importante lembrar que nem todas as ações reagirão sempre da mesma maneira.

Pequenas refletem mais

O estudo separou também os efeitos de uma reunião no papel de empresas com base em seu tamanho. Nesse sentido, foi possível identificar que as empresas small caps (com valor de mercado inferior a 6 bilhões de reais) tiveram a maior criação de valor de mercado e adicionaram 249 mil reais do dia zero ao segundo dia.


Nesse mesmo período, as medium caps (entre 6 bilhões de reais e 20 bilhões de reais) adicionaram 21,370 milhões de reais ao valor e as large caps (valor de mercado acima de 20 bilhões de reais) perderam 462,019 milhões de reais.

“A hipótese mais provável é que as empresas menores têm uma assimetria nas informações e são menos faladas”, diz Procianoy. Como pouco aparecem no radar dos investidores, quando isso acontece, as empresas menores acabam refletindo mais os efeitos do contato com o mercado.

Um efeito que pode ser explicado da mesma maneira foi observado nas amostras de empresas de dentro e de fora do Ibovespa. As companhias fora do índice tiveram um desempenho superior às que estão no indicador após as reuniões.

Metodologia

O estudo foi realizado entre janeiro de 2005 e junho de 2009, sobre 739 reuniões de 160 empresas.

Os “outliers”, que são eventos com padrões de comportamento muito diferentes do restante e foram excluídos para evitar distorções em alguns dados, foram identificados nos eventos de 54 empresas.

Embora tenha identificado reflexos maiores nos dois dias após as reuniões, o estudo acompanhou o desempenho do papel nos 10 dias anteriores ao evento e nos 10 seguintes.

Confira o artigo sobre o estudo escrito por Jairo Laser Procianoy e Nayana Reiter:

Artigo - reuniões Apimec http://www.scribd.com/embeds/99229824/content?start_page=1&view_mode=list&access_key=key-axbknm6eg1d8sfs4wjj

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São Paulo – Uma empresa aluga um espaço, dispara um comunicado ao mercado convocando investidores e analistas para um encontro, investe no encontro e pede que seus executivos dediquem parte do seu tempo para conversar sobre detalhes do dia a dia da empresa. Não é um esforço pequeno, mas em muitos casos, as reuniões com o mercado compensam. Mas qual é o retorno prático que elas trazem?

Uma pesquisa desenvolvida por Jairo Laser Procianoy, professor de finanças da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), e por Nayana Reiter, doutoranda da University of Michigan, estudou o comportamento dos papéis de 160 empresas após realizarem reuniões promovidas pela Apimec (Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais).

O estudo apontou que um movimento de alta no papel é percebido melhor dois dias após a reunião, quando as ações têm um retorno médio de 0,25% acima do Ibovespa. O estudo também levantou os resultados excluindo “outliers”, ou seja, eventos que tiveram quatro desvios padrão acima ou abaixo da média. Com essa exclusão, destaca-se um desempenho 0,24% superior da ação em relação ao Ibovespa nos dois dias após a reunião.

“Isso pode acontecer pois dois dias é o tempo que um analista que acompanhou a reunião tem para elaborar seu relatório e liberá-lo para clientes com suas recomendações de compra”, explica Procianoy.


Embora as empresas costumem discutir em suas reuniões informações que já são públicas, duas hipóteses podem sustentar o fato de que a ação acaba refletindo os encontros com o mercado, conforme explica Procianoy.

O primeiro é de que, embora as informações sejam públicas, ganham a possibilidade de serem tratadas de maneira mais ampla, mais discutidas e divulgadas. Outro ponto seria quase que um fator psicológico. “O olho no olho e a maneira como o executivo passa as informações são pontos importantes”, diz.

Ideia de trade?

O estudo foi apresentado nesta semana para profissionais do mercado de capitais durante o 14º Congresso de Relações com Investidores, em São Paulo. Na apresentação conduzida pelo professor, também estava presente Lucas Tambellini, estrategista do Itaú BBA, que brincou: “Queria agradecer pela ideia de trade: compro um papel antes da Apimec e vendo após dois dias”.

Embora o estudo indique padrões, é importante lembrar que nem todas as ações reagirão sempre da mesma maneira.

Pequenas refletem mais

O estudo separou também os efeitos de uma reunião no papel de empresas com base em seu tamanho. Nesse sentido, foi possível identificar que as empresas small caps (com valor de mercado inferior a 6 bilhões de reais) tiveram a maior criação de valor de mercado e adicionaram 249 mil reais do dia zero ao segundo dia.


Nesse mesmo período, as medium caps (entre 6 bilhões de reais e 20 bilhões de reais) adicionaram 21,370 milhões de reais ao valor e as large caps (valor de mercado acima de 20 bilhões de reais) perderam 462,019 milhões de reais.

“A hipótese mais provável é que as empresas menores têm uma assimetria nas informações e são menos faladas”, diz Procianoy. Como pouco aparecem no radar dos investidores, quando isso acontece, as empresas menores acabam refletindo mais os efeitos do contato com o mercado.

Um efeito que pode ser explicado da mesma maneira foi observado nas amostras de empresas de dentro e de fora do Ibovespa. As companhias fora do índice tiveram um desempenho superior às que estão no indicador após as reuniões.

Metodologia

O estudo foi realizado entre janeiro de 2005 e junho de 2009, sobre 739 reuniões de 160 empresas.

Os “outliers”, que são eventos com padrões de comportamento muito diferentes do restante e foram excluídos para evitar distorções em alguns dados, foram identificados nos eventos de 54 empresas.

Embora tenha identificado reflexos maiores nos dois dias após as reuniões, o estudo acompanhou o desempenho do papel nos 10 dias anteriores ao evento e nos 10 seguintes.

Confira o artigo sobre o estudo escrito por Jairo Laser Procianoy e Nayana Reiter:

Artigo - reuniões Apimec http://www.scribd.com/embeds/99229824/content?start_page=1&view_mode=list&access_key=key-axbknm6eg1d8sfs4wjj

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