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Oi supera rivais no mercado de renda fixa após reorganização

Mercado mantém apostas de que a reorganização societária vai reduzir os custos e ampliar a transparência da empresa

Loja da Oi (Divulgação)
DR

Da Redação

Publicado em 22 de março de 2012 às 09h52.

São Paulo - Títulos de dívida emitidos por empresas da Oi SA, segunda maior companhia de telecomunicações do Brasil em receita, estão superando o desempenho dos papéis de seus pares na América Latina com apostas de que a reorganização societária vai reduzir os custos e ampliar a transparência.

As taxas dos títulos da captação de US$ 1,79 bilhão com vencimento em 2020 emitidos pela Telemar Norte Leste SA tiveram queda de 23 pontos-base desde 27 de fevereiro, dia em que os acionistas aprovaram a reestruturação societária, para 5,04 por cento. As taxas dos títulos da Brasil Telecom SA com vencimento em 2022 caíram 14 pontos-base, para 5,32 por cento. Os custos de captação de concorrentes da região subiram 16 pontos-base, ou 0,16 ponto percentual, no mesmo período, para 5,02 por cento, de acordo com dados do Credit Suisse Group AG.

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A empresa com sede no Rio de Janeiro busca simplificar sua estrutura organizacional com a combinação das três empresas existentes em uma só. A iniciativa é parte do esforço para conquistar participação de mercado de sua principal rival, a Telefônica Brasil SA, que opera com a marca Vivo. O processo vai gerar economias anuais de R$ 100 milhões, disse o diretor financeiro da Oi, Alex Zornig, em 27 de fevereiro. As taxas dos títulos das empresas podem cair outros 75 pontos-base com a reestruturação, disse Eric Ollom, estrategista de dívida do Citigroup Inc. em Nova York.

“Isso pode servir como um catalisador para os títulos e também pode servir como catalisador para que as agências de classificação de risco reavaliem a nota de crédito”, disse Ollom, em entrevista por telefone em 20 de março.

Os títulos da Telemar têm rendimento de 191 pontos-base a mais que os títulos do Tesouro Nacional com vencimento em 2021, diferença que era de 211 pontos-base um mês atrás, de acordo com dados compilados pela Bloomberg. Telemar e Brasil Telecom têm nota de crédito Baa2, segunda menor na escala de investimento e em linha com a classificação da dívida soberana do Brasil.

‘Mais transparente’

Telemar e Tele Norte Leste Participações SA serão absorvidas pela Brasil Telecom SA, que terá seu nome trocado para Oi SA, dentro da nova estrutura. A Brasil Telecom vai se tornar a emissora dos títulos da Telemar. A Oi ainda tem de realizar uma oferta para comprar as ações nas mãos dos minoritários da Telemar e da Tele Norte Leste.

“A vantagem é que caixa e dívida vão ficar no mesmo livro”, disse Zornig, em entrevista por telefone do Rio de Janeiro em 20 de março. “Antes, era uma bagunça que ninguém conseguia entender direito. Agora, a empresa ficou mais transparente.”

A Oi representa o agrupamento de várias operadoras regionais criado quando o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso dividiu em blocos e privatizou a empresa estatal de telefonia fixa Telecomunicações Brasileiras SA em 1998, processo que garantiu ao governo US$ 19 bilhões. A Tele Norte Leste comprou 16 concessões em boa parte da costa brasileira, incluindo o estado do Rio de Janeiro, enquanto a Brasil Telecom comprou concessões em 10 estados das regiões Norte e Sul do País e o Distrito Federal.


‘Mais simples’

Em 2001, a Tele Norte tinha nada menos que 16 empresas listadas em bolsa antes de combiná-las na Telemar. A Oi foi criada no mesmo ano como unidade de telefonia celular da companhia.

A reorganização vai criar “uma estrutura mais simples para entender”, disse Mauro Storino, diretor sênior da Fitch Ratings, em entrevista por telefone do Rio de Janeiro em 16 de março. “Quem não está no dia a dia da companhia se confundia completamente. A reorganização fortalecerá a estrutura acionária e o perfil financeiro do grupo.”

A Fitch classifica a Telemar e a Brasil Telecom com BBB.

Chris Wilder, que ajuda a administrar US$ 24 bilhões em ativos de mercados emergentes na Stone Harbor Investment Partners em Londres, disse que o nível de endividamento da Oi vai crescer depois da compra das ações dos minoritários que optarem por exercer o direito de recesso.

“Como parte da reestruturação, eles precisam comprar as ações dos minoritários e vão gastar uma grande quantia de dinheiro nisso”, disse Wilder em entrevista por telefone ontem. “E o endividamento vai subir como consequência.”

‘Relativamente baratos’

A compra dos papéis dos minoritários pode custar à Oi perto de R$ 3,5 bilhões, disse Zornig em 27 de fevereiro.

Os títulos da Brasil Telecom têm taxas 77 pontos-base acima de dívidas similares da América Latina, de acordo com dados levantados pela Bloomberg e Credit Suisse.

A reorganização “retira nuvens e incertezas dos ratings da companhia”, disse Ollom, do Citigroup. “Os títulos da Oi estão relativamente baratos comparados aos pares da empresa com rating triple B.”

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