Obsessão, euforia e manadas explicam o fracasso do Facebook na bolsa
Oferta de ações da maior rede social do mundo era a mais esperada pelos investidores, mas parte deles estava apenas maravilhado e sedento por participar da operação
Da Redação
Publicado em 30 de maio de 2012 às 14h10.
São Paulo – De quem é a culpa pela derrocada do Facebook ( FB ) na bolsa? Essa é a pergunta que muitos tentam explicar. Por enquanto, a resposta mais sensata encontrada é a que todos envolvidos têm culpa no cartório. As ações da maior rede social do mundo foram vendidas a 38 dólares cada. O valor ficou no topo da estimativa revisada, de um preço que começava em 34 dólares. Na terça-feira, contudo, já eram negociadas a 28,84 dólares, uma queda de 24%.
Mark Zuckerberg é um dos primeiros suspeitos. O fundador e CEO da empresa teria demorado a revelar as informações sobre o aumento dos usuários em dispositivos móveis, enquanto ainda não sabe como rentabilizar tais acessos. A informação foi publicada em uma revisão do prospecto da oferta, mas existe a suspeita de que ele teria dado um aviso especial a alguns analistas, para que então os bancos que coordenaram o IPO enviassem o alerta para os seus clientes mais queridos, o que seria ilegal.
Depois da estreia, um erro na Nasdaq deixou de fora milhares de investidores que tentavam vender as suas ações e a bolsa também ganhou a sua parcela na história. Agora, o suspeito número três deu as caras. Os especuladores estrearam com as negociações de opções das ações da empresa na terça-feira. O volume das operações dos investidores que apostam na queda dos papéis disparou e foi visto com o responsável pela baixa de 9,62% apenas nesta sessão. Mas um quarto personagem dessa história também precisa admitir parte da culpa: o investidor.
Euforia
As ações do Facebook estrearam para o mercado em geral apenas em maio, mas há anos negociavam em mercados alternativos, como o SecondMarket ( neste link é possível visualizar o histórico dos papéis por lá). Um ex-funcionário da empresa que possuía papéis entrou em contato com a SecondMarket em abril de 2008 para encontrar liquidez e começou a negociar cada um por 5 dólares. O pico de valor foi atingido em abril de 2012, um pouco antes do IPO. Cada um chegou a ser vendido a 42,72 dólares, ou seja, 754% acima do valor inicial.
O IPO também foi uma exigência da SEC (Securities and Exchange Commission), o regulador do mercado de capitais americano. Isso aconteceu porque as negociações das ações nos mercados alternativos tinham atingido níveis muito elevados e acima do permitido para empresas de capital fechado.
Isso ajuda a mostrar a grande euforia em torno da empresa e também a explicar o porquê o comportamento de manada dos investidores influenciou na sobrevalorização das ações e na consequente derrocada após a abertura para o público em geral, como lembra o analista do HSBC Global Research, Murray Gunn, em uma análise sobre o caso do Facebook. Afinal, não é a primeira vez que um fato como esse acontece no mercado de ações.
Obsessão
“Não há uma ‘teoria da conspiração’ trabalhando aqui. Uma obsessão aparece, o clamor por uma ação naturalmente vem e a empresa se vê obrigada a oferecer ações para atender tal demanda. Mas aqui esta a falha. O período de otimismo em que o clamor crescente pelas ações se manifesta...normalmente já aconteceu. Na hora em que a demanda foi saciada, a oferta atende a demanda e o balanceamento é restaurado. Um olhar casual sobre a história do mercado de ações deixa claro que as grandes operações empresariais normalmente acontecem perto do final de uma tendência e não no início de uma”, lembra.
Segundo Gunn, a onda de antecipação que precedeu a estreia em 18 de agosto foi tão hipnótica quanto exuberante e a obsessão pelo IPO pode ser vista como um sinal socioeconômico clássico de que a tendência de alta no setor de tecnologia de informação está madura. No mercado já se especula que a operação passe a ser vista mesmo como um ponto de virada para o setor e uma das consequências seria o menor interesse em novas ofertas de ações de empresas de tecnologia ligadas às redes sociais. A Corsair, fabricante de componentes para videogames, foi a primeira a suspender o lançamento de ações.
São Paulo – De quem é a culpa pela derrocada do Facebook ( FB ) na bolsa? Essa é a pergunta que muitos tentam explicar. Por enquanto, a resposta mais sensata encontrada é a que todos envolvidos têm culpa no cartório. As ações da maior rede social do mundo foram vendidas a 38 dólares cada. O valor ficou no topo da estimativa revisada, de um preço que começava em 34 dólares. Na terça-feira, contudo, já eram negociadas a 28,84 dólares, uma queda de 24%.
Mark Zuckerberg é um dos primeiros suspeitos. O fundador e CEO da empresa teria demorado a revelar as informações sobre o aumento dos usuários em dispositivos móveis, enquanto ainda não sabe como rentabilizar tais acessos. A informação foi publicada em uma revisão do prospecto da oferta, mas existe a suspeita de que ele teria dado um aviso especial a alguns analistas, para que então os bancos que coordenaram o IPO enviassem o alerta para os seus clientes mais queridos, o que seria ilegal.
Depois da estreia, um erro na Nasdaq deixou de fora milhares de investidores que tentavam vender as suas ações e a bolsa também ganhou a sua parcela na história. Agora, o suspeito número três deu as caras. Os especuladores estrearam com as negociações de opções das ações da empresa na terça-feira. O volume das operações dos investidores que apostam na queda dos papéis disparou e foi visto com o responsável pela baixa de 9,62% apenas nesta sessão. Mas um quarto personagem dessa história também precisa admitir parte da culpa: o investidor.
Euforia
As ações do Facebook estrearam para o mercado em geral apenas em maio, mas há anos negociavam em mercados alternativos, como o SecondMarket ( neste link é possível visualizar o histórico dos papéis por lá). Um ex-funcionário da empresa que possuía papéis entrou em contato com a SecondMarket em abril de 2008 para encontrar liquidez e começou a negociar cada um por 5 dólares. O pico de valor foi atingido em abril de 2012, um pouco antes do IPO. Cada um chegou a ser vendido a 42,72 dólares, ou seja, 754% acima do valor inicial.
O IPO também foi uma exigência da SEC (Securities and Exchange Commission), o regulador do mercado de capitais americano. Isso aconteceu porque as negociações das ações nos mercados alternativos tinham atingido níveis muito elevados e acima do permitido para empresas de capital fechado.
Isso ajuda a mostrar a grande euforia em torno da empresa e também a explicar o porquê o comportamento de manada dos investidores influenciou na sobrevalorização das ações e na consequente derrocada após a abertura para o público em geral, como lembra o analista do HSBC Global Research, Murray Gunn, em uma análise sobre o caso do Facebook. Afinal, não é a primeira vez que um fato como esse acontece no mercado de ações.
Obsessão
“Não há uma ‘teoria da conspiração’ trabalhando aqui. Uma obsessão aparece, o clamor por uma ação naturalmente vem e a empresa se vê obrigada a oferecer ações para atender tal demanda. Mas aqui esta a falha. O período de otimismo em que o clamor crescente pelas ações se manifesta...normalmente já aconteceu. Na hora em que a demanda foi saciada, a oferta atende a demanda e o balanceamento é restaurado. Um olhar casual sobre a história do mercado de ações deixa claro que as grandes operações empresariais normalmente acontecem perto do final de uma tendência e não no início de uma”, lembra.
Segundo Gunn, a onda de antecipação que precedeu a estreia em 18 de agosto foi tão hipnótica quanto exuberante e a obsessão pelo IPO pode ser vista como um sinal socioeconômico clássico de que a tendência de alta no setor de tecnologia de informação está madura. No mercado já se especula que a operação passe a ser vista mesmo como um ponto de virada para o setor e uma das consequências seria o menor interesse em novas ofertas de ações de empresas de tecnologia ligadas às redes sociais. A Corsair, fabricante de componentes para videogames, foi a primeira a suspender o lançamento de ações.