O que o Monty Phyton tem a ver com a crise financeira?
Bolsas em todo o mundo continuam a sofrer com a indefinição para a crise da dívida europeia
Da Redação
Publicado em 4 de outubro de 2011 às 17h53.
São Paulo – A Grécia continua no centro do furacão da crise. O país disse neste domingo que não conseguirá atingir as metas do déficit orçamentário determinadas no plano de resgate para 2011 e 2012. A notícia é mais uma bomba para os investidores que ainda esperam os membros da zona do euro aprovar a ampliação do Fundo de Estabilidade Financeira Europeia (EFSF, na sigla em inglês), o que foi decidido em julho.
Mas por que algo decidido há meses ainda não está em atividade? Isso acontece porque, apesar de a região ter uma única moeda, inexiste uma unidade parlamentar. Ou seja, para seguir em frente, uma decisão precisa ser aprovada por 17 países e todos possuem o direito de veto, independentemente do seu tamanho. E quanto mais tempo uma solução leva para ser implementada, mais ruídos são criados e o risco de ela se tornar obsoleta cresce.
É exatamente isso que está acontecendo. Há uma razão para que durante a crise da dívida na América Latina os negociadores se encontravam em segredo e chegavam a acordos com os detentores da dívida durante o final de semana. Eles não queriam que vazamentos gerassem incertezas e a venda das ações, títulos e moedas daqueles países, afirmou Andrew B. Busch, estrategista global do banco BMO, em um relatório.
Enquanto a Grécia é enforcada
A revista The Economist desta semana traz uma válida comparação sobre como a União Europeia tem debatido soluções para a crise da dívida com um bastante aclamado filme A vida de Brian do grupo de comédia britânico Monty Python. Em uma cena, uma pessoa entra na sala em que um conselho discute um problema de seu povo e grita: Eles prenderam o Brian! Eles o arrastaram e vão crucifica-lo. A resposta do líder da discussão, contudo, vem bem mais calma: Sim! Isso pede uma discussão imediata!. Se quiser, leia aqui o script da cena.
Ou seja, enquanto enforcam Brian, o conselho que precisa decidir o que fazer prefere discutir uma nova resolução, mas antes, é claro, precisam votar a ideia. É uma analogia com a demora dos líderes da UE em aprovar um plano enquanto os mercados penalizam os ativos dos países em crise.
Muitos já questionam se ampliação do EFSF de 250 para 440 bilhões de euros será suficiente. "Se observarmos o comunicado de julho, achamos que (a nova versão da EFSF) é uma ferramenta forte, eficiente. Mas se observarmos agora, vemos que ela só foi expandida para 440 bilhões de euros, que tem limites operacionais e é inflexível", disse hoje o ministro de Finanças da Itália, Giulio Tremonti.
Os ministros de finanças dos países da zona do euro estão considerando revisões técnicas. As especulações sugerem que a intenção é fazer com que os investidores do setor privado que possuem títulos do país assumam maiores perdas (haircuts).
Para piorar toda a situação que já é bastante complicada, o banco franco-belga Dexia está à beira de um colapso. É o primeiro candidato a ruir com a crise, ao estilo do inglês Northern Rock no início de 2008, quando protagonizou cenas de uma corrida bancária. "Os Estados belga e francês responderão como em 2008", assegurou o ministro francês das Finanças, François Baroin, em Luxemburgo.
A volatilidade tomou conta dos mercados mais uma vez nesta terça-feira. A bolsa brasileira, que chegou a cair 2,67% ao longo do dia, terminou a sessão com uma pequena baixa de 0,21%. O mesmo movimento aconteceu com os principais índices americanos, que terminaram em alta após recuarem forte. Só na Europa as bolsas fecharam em baixa. Os investidores por lá não tiveram a chance de negociar após rumores de que o Banco Central Europeu irá garantir os recursos necessários para recapitalizar os bancos.
São Paulo – A Grécia continua no centro do furacão da crise. O país disse neste domingo que não conseguirá atingir as metas do déficit orçamentário determinadas no plano de resgate para 2011 e 2012. A notícia é mais uma bomba para os investidores que ainda esperam os membros da zona do euro aprovar a ampliação do Fundo de Estabilidade Financeira Europeia (EFSF, na sigla em inglês), o que foi decidido em julho.
Mas por que algo decidido há meses ainda não está em atividade? Isso acontece porque, apesar de a região ter uma única moeda, inexiste uma unidade parlamentar. Ou seja, para seguir em frente, uma decisão precisa ser aprovada por 17 países e todos possuem o direito de veto, independentemente do seu tamanho. E quanto mais tempo uma solução leva para ser implementada, mais ruídos são criados e o risco de ela se tornar obsoleta cresce.
É exatamente isso que está acontecendo. Há uma razão para que durante a crise da dívida na América Latina os negociadores se encontravam em segredo e chegavam a acordos com os detentores da dívida durante o final de semana. Eles não queriam que vazamentos gerassem incertezas e a venda das ações, títulos e moedas daqueles países, afirmou Andrew B. Busch, estrategista global do banco BMO, em um relatório.
Enquanto a Grécia é enforcada
A revista The Economist desta semana traz uma válida comparação sobre como a União Europeia tem debatido soluções para a crise da dívida com um bastante aclamado filme A vida de Brian do grupo de comédia britânico Monty Python. Em uma cena, uma pessoa entra na sala em que um conselho discute um problema de seu povo e grita: Eles prenderam o Brian! Eles o arrastaram e vão crucifica-lo. A resposta do líder da discussão, contudo, vem bem mais calma: Sim! Isso pede uma discussão imediata!. Se quiser, leia aqui o script da cena.
Ou seja, enquanto enforcam Brian, o conselho que precisa decidir o que fazer prefere discutir uma nova resolução, mas antes, é claro, precisam votar a ideia. É uma analogia com a demora dos líderes da UE em aprovar um plano enquanto os mercados penalizam os ativos dos países em crise.
Muitos já questionam se ampliação do EFSF de 250 para 440 bilhões de euros será suficiente. "Se observarmos o comunicado de julho, achamos que (a nova versão da EFSF) é uma ferramenta forte, eficiente. Mas se observarmos agora, vemos que ela só foi expandida para 440 bilhões de euros, que tem limites operacionais e é inflexível", disse hoje o ministro de Finanças da Itália, Giulio Tremonti.
Os ministros de finanças dos países da zona do euro estão considerando revisões técnicas. As especulações sugerem que a intenção é fazer com que os investidores do setor privado que possuem títulos do país assumam maiores perdas (haircuts).
Para piorar toda a situação que já é bastante complicada, o banco franco-belga Dexia está à beira de um colapso. É o primeiro candidato a ruir com a crise, ao estilo do inglês Northern Rock no início de 2008, quando protagonizou cenas de uma corrida bancária. "Os Estados belga e francês responderão como em 2008", assegurou o ministro francês das Finanças, François Baroin, em Luxemburgo.
A volatilidade tomou conta dos mercados mais uma vez nesta terça-feira. A bolsa brasileira, que chegou a cair 2,67% ao longo do dia, terminou a sessão com uma pequena baixa de 0,21%. O mesmo movimento aconteceu com os principais índices americanos, que terminaram em alta após recuarem forte. Só na Europa as bolsas fecharam em baixa. Os investidores por lá não tiveram a chance de negociar após rumores de que o Banco Central Europeu irá garantir os recursos necessários para recapitalizar os bancos.