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No radar: reação à Lei do Gás e o que mais move o mercado nesta quarta

Bolsa pode dar sequência à recuperação na terça-feira caso investidores entendam que a agenda de reformas voltou a ganhar força

Steven Mnuchin: secretário do Tesouro americano quer nova rodada de estímulos fiscais no país (Michel Jesus/Agência Câmara)

Steven Mnuchin: secretário do Tesouro americano quer nova rodada de estímulos fiscais no país (Michel Jesus/Agência Câmara)

GG

Guilherme Guilherme

Publicado em 2 de setembro de 2020 às 06h00.

A reação de investidores à aprovação do projeto conhecido como Lei do Gás pela Câmara na noite de terça-feira deve dar o tom do mercado financeiro no país nesta quarta-feira, 2. O texto tem o objetivo de abrir o mercado para o setor privado.

A aprovação da medida, que agora será apreciada pelo Senado, representa uma vitória para o ministro Paulo Guedes, especialmente pela ampla vantagem, com 351 votos a favor e 101 contrários. A expectativa é que as novas regras, caso se tornem lei, possam derrubar o custo do gás e atrair investimentos privados para o setor.

A aprovação pode ser interpretada por investidores como um sinal de que o Congresso continua com alguma disposição reformista, o que seria uma notícia bem-vinda. Na véspera, o governo anunciou que irá entregar ao Congresso na quinta o projeto de reforma administrativa, que deve prever a redução de salários do funcionalismo e o fim da estabilidade.

As regras devem valer apenas para os novos servidores, mas ajudou a atenuar os temores fiscais que vinham ganhando força desde o início de agosto.

Com a esperança de que a agenda de reformas seja retomada, o Ibovespa teve na terça o melhor pregão desde 8 de junho, subindo 2,82% e encerrando em 102.167,65 pontos. No mercado de câmbio, o dólar caiu 1,7% e fechou sendo vendido a 5,385 reais.

No Brasil, haverá também nesta quarta a divulgação do Índice de Preços ao Consumidor (IPC) de São Paulo pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), que deve estar no radar dos investidores, mas sem grande potencial de interferir nos preços nos ativos.

No cenário externo, investidores ficam à espera às 9h15 dos dados do instituto ADP referentes à variação de empregos privados dos Estados Unidos em agosto. A expectativa é a de que seja confirmado o quarto mês consecutivo de criação de postos de trabalho no país. A mediana das projeções de economistas americanos aponta para 950.000 novos empregos.

Os dados do ADP são conhecidos como prévia do relatório de emprego, o payroll, que será divulgado na sexta-feira, 4, pelo governo americano. Espera-se que a taxa de desemprego americana, que saltou para 14,7% durante o ápice da pandemia, caia para 9,8%.

Embora o mercado siga otimista com o ritmo de recuperação da maior economia do mundo, instituições dos Estados Unidos têm se mostrado cautelosas sobre o tema. Depois do Federal Reserve, na terça-feira, 1, foi a vez da Secretaria de Estatísticas Trabalhistas – a mesma responsável pelo payroll - dar o tom. Em relatório, ponderou que o ritmo de crescimento do mercado de trabalho deve ficar em 0,4% ao ano, bem abaixo do 1,3% que se seguiu nos anos após a Grande Depressão de 1929.

No radar do mercado também devem estar as tratativas sobre um novo pacote de estímulos no Congresso americano. Na véspera, o secretário do Tesouro, Steven Mnuchin afirmou ter iniciado conversas com a democrata e presidente da Câmara, Nancy Pelosi, para viabilizar uma nova rodada de estímulos fiscais no país.

Sinais de que um novo pacote de estímulos também foram emitidos por membros do Senado. Na terça, o senador republicano John Barrasso disse que “o objetivo” é avançar com um pacote de 1 trilhão de dólares já a partir do Dia do Trabalho, que, nos EUA, é realizado em toda primeira segunda-feira de setembro.

 

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