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No limite do rating, Klabin planeja primeiro bônus

A maior fabricante de papelão do Brasil está colocando em perigo sua classificação de grau de investimento com planos de vender bônus

Klabin: as negociações podem levar à venda de US$ 500 mi em notas com vencimento em 2024 (Marcelo Min/Divulgação)
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Da Redação

Publicado em 4 de julho de 2014 às 15h05.

São Paulo - A Klabin SA, maior fabricante de papelão do Brasil, está colocando em perigo sua classificação de grau de investimento com planos para estender a série de empréstimos vendendo seus primeiros bônus nos mercados internacionais.

A Klabin contratou bancos para organizarem reuniões com investidores na Europa e nos EUA a partir de 7 de julho, segundo uma fonte com conhecimento do assunto que não está autorizada a discuti-lo publicamente.

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As negociações podem levar à venda de US$ 500 milhões em notas com vencimento em 2024, segundo a Fitch Ratings e a Standard and Poor’s.

A produtora de papel de 115 anos de antiguidade está recorrendo aos mercados internacionais após ter tomado emprestados R$ 5,9 bilhões (US$ 2,7 bilhões) localmente, neste ano, para ajudar a pagar uma nova fábrica que dobrará o tamanho da empresa em três anos.

O índice de alavancagem líquida da Klabin, uma medida de endividamento, aumentará para 4,5 vezes os lucros em 2015, contra uma razão típica de 2 vezes para corporações latino-americanas tomadoras de empréstimo que compartilham da classificação BBB- da empresa, segundo a Fitch.

“Eles terão de explicar aos investidores como planejam controlar o nível de alavancagem deles, já que o projeto será na maior parte financiado por dívida”, escreveu Debora Confortini, analista de crédito da Aberdeen Asset Management em São Paulo, em uma resposta a perguntas encaminhadas por e-mail. Qualquer atraso na entrega do projeto poderia pressionar o fluxo de caixa e manter a alavancagem elevada, escreveu ela.

Classificação de pares

Um funcionário da Klabin preferiu não comentar a respeito da oferta de bônus e dos níveis de dívida da empresa. A Fitch tem uma perspectiva negativa para a classificação desde junho de 2013 e a Standard Poor’s atribuiu uma perspectiva negativa à companhia dois meses atrás.

A firma com sede em São Paulo é a única grande produtora brasileira de papel ainda considerada com grau de investimento por pelo menos duas empresas de classificação.

Três anos atrás, a Suzano Papel Celulose SA foi reduzida para junk ao iniciar um plano de expansão de US$ 3 bilhões que a tornou a produtora de papel mais endividada da América Latina.

Em 2009, a Fibria Celulose SA perdeu seu rating de grau de investimento em meio a US$ 2,1 bilhões em prejuízos com derivativos.

“A perspectiva negativa da nota é para lembrar a empresa de que o nível de alavancagem deles é alto para a categoria de rating durante o projeto de expansão”, disse Joe Bormann, diretor da Fitch em Chicago, durante uma entrevista por telefone. “Eles não têm muito espaço adicional” para aumento de gastos.

A Klabin terá que mostrar que possui um plano para lidar com um declínio maior nos preços quando sua nova fábrica começar a funcionar, segundo Confortini, da Aberdeen.

Relação mais baixa

Altair Pereira e Caio Lombardi, analistas de crédito no Banco Bradesco SA, estão menos preocupados que seus colegas em relação aos crescentes níveis de dívida da companhia.

Embora a alavancagem da Klabin vá aumentar, a firma ainda tem o ratio mais baixo do setor e está melhor posicionada para o crescimento do que suas rivais, porque fabrica produtos acabados de papel além da pasta de celulose em si, disseram eles.

“Nós temos uma visão positiva da Klabin dada a maior resiliência de mercado dos produtos oferecidos pela companhia em um cenário de demanda mais fraca”, escreveram eles em um relatório a clientes com a data de 20 de junho.

O lucro líquido da empresa triplicou no primeiro trimestre, para R$ 607 milhões.

A empresa precisa mostrar ao mercado que pode gerir o índice de alavancagem, segundo Victor Penna, analista do setor de papel e celulose na corretora do Banco do Brasil SA em São Paulo.

“Eles também precisam esclarecer como planejam lidar com um possível excesso de oferta de celulose nos próximos anos e que impacto isso teria em seus números”, disse ele, em entrevista por telefone.

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