MRV vê pressão por mão de obra em 2011, ações caem mais de 5%
Empresa fez revisão orçamentária do final do ano anterior, escasses de profissionais pode pressionar custos de resultados
Da Redação
Publicado em 24 de março de 2011 às 14h51.
São Paulo - A construtora e incorporadora MRV Engenharia espera ver em 2011 um cenário similar ao do ano passado, quando a escassez de mão de obra resultou em forte pressão de custos nos resultados da companhia.
"A compressão maior de mão de obra (vista) em 2010 vai acontecer em 2011 também", disse o presidente-executivo da MRV, Rubens Menin, em teleconferência nesta quinta-feira.
Diante deste cenário, a empresa realizou uma revisão orçamentária significativa no último trimestre de 2010, o que resultou em redução da margem do resultado a apropriar (REF) de 48 para 45,9 por cento sobre os três meses anteriores. Em valores, o impacto não-recorrente foi de cerca de 50 milhões de reais, segundo o vice-presidente financeiro Leonardo Corrêa.
A MRV também viu os encargos financeiros alocados no Custo dos Imóveis Vendidos (CMV) saltarem de 16,2 milhões para 37,2 milhões de reais entre setembro e dezembro, representando 4,3 por cento da receita líquida no trimestre.
Menin, no entanto, assegurou que a revisão orçamentária foi reflexo de uma posição conservadora da empresa e garantiu as condições para que a meta de margem Ebitda traçada para 2011 --de 25 a 28 por cento-- seja cumprida.
"Nossos orçamentos estão 100 por cento enquadrados. A revisão foi fruto de conservadorismo (...) consequência de demanda maior de mão de obra que certamente vai ocorrer. Não vai ser recorrente, fizemos uma única vez. Estamos muito tranquilos com 'guidance' de margem Ebitda", disse ele.
Após a teleconferência, os investidores reagiam mal aos números apresentados pela MRV. Às 11h25, as ações da construtora se desvalorizavam em 5,25 por cento, enquanto o Ibovespa tinha leve queda de 0,3 por cento no mesmo horário.
Lucro Menor do que o Esperado
A MRV apresentou na manhã desta quinta-feira lucro líquido de 152,1 milhões de reais para o último trimestre do ano passado, aumento de 24,9 por cento sobre o ganho obtido no mesmo intervalo de 2009.
A média das estimativas obtidas pela Reuters com nove analistas era de lucro líquido de 171,6 milhões de reais para a empresa no período.
Na comparação com os três meses imediatamente anteriores, contudo, o lucro da empresa recuou 29,6 por cento.
O Ebitda (sigla em inglês para lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) da companhia totalizou 187,5 milhões de reais nos três meses até dezembro, alta anual de 20,4 por cento. A margem, por sua vez, caiu de 29,1 para 21,6 por cento.
No acumulado de 2010, o lucro líquido da MRV atingiu 634,5 milhões de reais, expansão de 82,7 por cento em relação ao apurado no ano anterior.
Já a geração de caixa operacional, medida pelo Ebitda, foi de 795,9 milhões de reais nos 12 meses do último ano, 81,1 por cento maior ante 2009. A margem ficou em 26,3 por cento.
A companhia já havia reportado em janeiro vendas contratadas de 1,15 bilhão de reais no último trimestre de 2010, alta de 53 por cento sobre igual intervalo de 2009.
Em todo o ano passado, as vendas da MRV cresceram 33 por cento, para 3,75 bilhões de reais, ficando ligeiramente acima do ponto mais baixo da meta traçada para 2010, que era de 3,7 bilhões a 4,3 bilhões de reais.
A velocidade de vendas, medida pela relação de venda sobre oferta, ficou em 32 por cento no quarto trimestre.
Já os lançamentos da MRV totalizaram 1,85 bilhão de reais nos três meses até dezembro, alta de 75,9 por cento sobre o mesmo período em 2009. No fechado de 2010, a empresa lançou 4,60 bilhões de reais, aumento de 78 por cento ano a ano.
A companhia contabilizou receita líquida de 866,2 milhões de reais no quarto trimestre do ano passado e de 3,02 bilhões de reais no fechado de 2010, crescimento anual de 61,7 e 83,4 por cento, respectivamente.
A MRV reiterou nesta quinta-feira as projeções para 2011 de vendas contratadas entre 4,3 bilhões e 4,7 bilhões de reais. A companhia prevê que, este ano, sejam entregues cerca de 28 mil unidades, ante 15 mil em 2010.