MRV sobe forte na Bolsa com foco em mercado de locação
Fundo imobiliário com empreendimentos da Luggo atingiram captação máxima de 90 milhões de reais
Guilherme Guilherme
Publicado em 12 de dezembro de 2019 às 13h02.
Última atualização em 12 de dezembro de 2019 às 17h37.
São Paulo - A entrada da MRV no mercado de locação tem agradado aos investidores. O modelo de negócio passa por construir empreendimentos para serem locados por meio de sua startup Luggo, que além de oferecer aluguel sem a necessidade de fiador, também disponibiliza serviços para os condôminos, como limpeza, medicamentos individualizados e carros e bicicletas compartilhadas. A meta da empresa é ter até metade da receita em aluguel.
Nesta quinta-feira (12), as ações da construtora mineira chegaram a subir 6,31% na Bolsa, após a empresa comunicar em fato relevante que a oferta pública de cotas do Fundo Lugo de Investimentos Imobiliários atingiu a captação máxima de 90 milhões de reais. Um follow-on está previsto para 2020.
O FII conta com os quatro primeiros empreendimentos da Luggo, localizados em Campinas, Belo Horizonte e Curitiba. Porém, esse número deve aumentar. Isso porque o modelo de negócio consiste em construir os imóveis e transferi-los para o fundo assim que eles forem alugados.
A empresa já possui ao menos sete terrenos para a construção de empreendimentos para locação. A projeção é de 1.616 novas unidades espalhadas por seis cidades. Apesar de ainda não terem nenhum condomínio Luggo, São Paulo, Brasília, Salvador e Porto Alegre estão na mira da construtora.
O foco da companhia é explorar o mercado de locação de longa permanência (long stay), oferecendo aluguéis para a classe B e C, com valores entre 1.200 e 2.000 reais mensais. Foi também pensando na mudança de mentalidade de consumo dos jovens que a MRV criou a Luggo. Segundo a companhia, os empreendimentos têm atraído principalmente quem busca por serviços pay-per-use.
A MRV também informou que a procura pelos imóveis para locação está aquecida. Localizado no bairro Marajó, em Belo Horizonte, o Luggo Cipestre está com todas as vagas preenchidas e possui uma lista de espera com 271 cadastrados.
Já a primeira empreitada da companhia em Curitiba, o Luggo Ecoville foi lançado há 52 dias e está 58% locado. Neste empreendimento, alguns apartamentos vêm com cozinha montada com o valor somado ao preço do aluguel.
Estratégia semelhante à da MRV também vem sendo implementada pela Vitacon, que lançou o app Housi, criada para gerenciar aluguéis e prover serviços para os locatários. Algumas das principais diferenças entre elas é o fato de a Housi focar no público de média e alta renda e concentrar todo seu negócio na cidade de São Paulo.
MRV na Bolsa
Assim como grande parte do setor de construção civil, as ações da MRV passaram por forte valorização durante o ano. Até quarta-feira (11), seus papéis acumulavam alta de 58,98%, chegando ao valor de mercado estimado em 8,678 bilhões de reais.
A queda dos juros é apontada por analistas como um dos principais fatores que contribuíram para a apreciação das ações de empresas do setor em 2019. Com o possível interrupção ciclo de cortes no próximo ano, restam às construtoras explorarem novos mercados para seguir o movimento de expansão.