Mercado de olho nas operações das empresas 'X'
Cisão da LLX e compra de porto pela mineradora MMX levantam questões sobre respeito aos minoritários
Da Redação
Publicado em 14 de setembro de 2010 às 11h06.
São Paulo - As mudanças internas no grupo EBX, que enfileiram a mineradora MMX e a transportadora LLX no processo de acordo com a coreana SK Networks, devem afetar sensivelmente os acionistas minoritários de ambas companhias do grupo controlado pelo empresário Eike Batista. O acordo envolve a venda do Porto Sudeste, controlado pela LLX, para mineradora do grupo EBX.
Pelo acordo, a SK Networks comprará US$ 700 milhões em novas ações da MMX ao mesmo tempo em que a mineradora fará oferta pública de permuta para comprar 100% da subsidiária da LLX por 2,3 bilhões de dólares. Para a Link Investimentos, a cisão da LLX é positiva para seus minoritários. "O cenário é favorável em termos de retorno financeiro. Além disso, os fundamentos e perspectivas de crescimento da empresa seguem intactas mesmo considerando a venda do porto Sudeste", dizem Maria Thereza Azevedo e Leonardo Alves.
A corretora pede, no entanto, cautela no desenrolar de uma cisão de tal porte. "O porto é estratégico, tem brecha regulatória que permite o transporte de carga de terceiros e é bem localizado. Pode ser que o prêmio pago pela SK não seja tão alto quanto esperado pelo mercado", explica. Mesmo positivo sob esta ótica, o mercado pode começar a questionar as trocas acionárias entre as empresas do grupo EBX e se elas beneficiam os minoritários, além do seu controlador, Eike Batista.
Troca de ativos
Para a BMO Capital Markets, a situação para os minoritários da MMX pode não ser tão promissora. "As transferências de ativos dentro do grupo EBX criam a possibilidade de tratar injustamente os acionistas minoritários e deve ser cuidadosamente considerada", ressalta o analista Tony Robson. Segundo o analista, a razão da aquisição do Porto Sudeste é incerta a este ponto das negociações. Robson lembra que a MMX só terá acesso ao porto após o início das operações deste ao final de 2011 e começo de 2012.
Segundo ele, a remuneração de 5 dólares por tonelada de minério de ferro carregada no porto da LLX Sudeste, prevista no acordo, acaba sendo equivalente às taxas portuárias de carregamento de minério de ferro. Para a corretora Brascan, o principal ponto negativo da operação é a potencial diluição dos atuais acionistas da MMX. O aporte de capital inicial irá significar mais um desembolso expressivo para os investidores. Por outro lado, aponta o analista Rodrigo Ferraz, o acordo com a SK prevê a compra de uma parcela relevante dos volumes do Sudeste e do Chile, aumentando a segurança dos fluxos da empresa.
Em teleconferência realizada ontem, o presidente e diretor de relações com investidores da LLX, Roger Downey, negou que a operação teria o objetivo de apenas reverter os resultados negativos da empresa. "Já revertemos os prejuízos. Hoje contamos com uma dívida líquida de 100.000 reais apenas", diz. A LLX registrou prejuízo líquido de 5,4 milhões de reais no segundo trimestre de 2010 - no mesmo período de 2009 a empresa havia registrado lucro de 50,8 milhões de reais.
Parceria
Do ponto de vista do desempenho das companhias, a MMX sairia ganhando do novo negócio, com a aquisição de um parceiro importante que deve garantir o escoamento da produção. É a opinião de Artur Delorme e Luciana Leocádio, analistas da Ativa, que consideram, por outro lado, o acordo neutro para a LLX. Os valores pagos pela LLX Sudeste parecem justos, diante da projeção de movimentação de minério, fornecida pela companhia, explicam em relatório.
Ainda na semana passada, especulações envolvendo as empresas levaram os papéis da LLX ao fechamento em forte alta de 8%, cotados a 10,80 reais, no pregão da sexta-feira (10). Nesta segunda-feira, os papéis da LLX fecharam em queda de 6,48%, cotados a 10,10 reais após a confirmação da cisão da companhia. A mineradora MMX fechou em leve alta, de 1,62%, cotada a 13,14 reais.
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