Mercado mostra sangue frio com o risco do "volta-Dilma"
Dificuldades de Temer no Congresso ampliam temores no mercado sobre possível volta de Dilma Rousseff
Da Redação
Publicado em 31 de maio de 2016 às 14h02.
Os problemas políticos do presidente interino Michel Temer preocupam o mercado. Por ora, o receio é maior com eventuais dificuldades do governo em aprovar as reformas no Congresso do que com o risco de reversão do afastamento de Dilma Rousseff .
Mas as perdas de dois ministros em 19 dias do novo governo foram um alerta sobre as turbulências que a Lava Jato deve continuar gerando no cenário político.
A consultoria Arko Advice, de Brasília, mantém como “muito provável” o cenário de confirmação do impeachment de Dilma na votação final do Senado, prevista para agosto.
“Os senadores sofreram muito com a falta de capacidade do governo anterior e não querem a Dilma de volta”, diz Lucas de Aragão, sócio da Arko.
O consultor também relativiza o impacto da notícia veiculada pelo Globo de que dois senadores, Romário e Acir Gurgacz, estariam considerando, na votação final, mudar os seus votos, que foram pró-impeachment na votação da admissibilidade.
Mesmo que eles realmente mudem seus votos, isso não necessariamente reverterá o placar, diz Aragão.
Isso porque também devem ocorrer reversões a favor do impeachment, pois alguns senadores que votaram contra a abertura do processo de afastamento de Dilma hoje fazem parte da base de apoio a Temer.
O mercado parece não ter dúvidas de que um eventual retorno de Dilma teria consequências negativas para os negócios.
O risco Brasil, que atingiu pico de 533 pontos no pior momento do governo Dilma em setembro de 2015, entrou em rota de baixa a partir de fevereiro com as apostas em impeachment.
Após mínima de 326 pontos no dia em que a presidente foi afastada, passou a mostrar maior sustentação nas últimas duas semanas com as dificuldades do presidente interino.
“Se a Dilma retomar o seu posto, os mercados vão reagir muito, muito mal”, diz Sacha Tihanyi, estrategista-sênior para mercados emergentes da TD Securities, em Nova York.
“Isso indicaria provavelmente um retorno à trajetória fiscal anterior e eliminação dos esforços do governo interino de Temer para, pelo menos, tentar estabilizar as condições fiscais. Provavelmente veríamos alta no CDS e no rendimento dos títulos do governo e desvalorização do real.”
Gustavo Pereira, estrategista da Guide Investimentos, considera “prematuro“ um cenário de volta de Dilma, mas admite que as notícias sobre senadores mudando os votos aumentam as incertezas.
“O quadro político traz ruído, ainda mais com as medidas de Temer precisando de aprovação do Congresso."
Aragão, da Arko, relata que, em seus contatos com senadores, não sente qualquer clima para a volta da presidente afastada. O consultor reconhece que a Lava Jato deve continuar representando riscos para o governo, mas lembra que isso também ocorreu no governo Dilma.
“Para os senadores, a Lava Jato é um risco tanto para os ministros de Temer quanto foi para os de Dilma, mas o governo Temer tem maior capacidade de diálogo.”
Os problemas políticos do presidente interino Michel Temer preocupam o mercado. Por ora, o receio é maior com eventuais dificuldades do governo em aprovar as reformas no Congresso do que com o risco de reversão do afastamento de Dilma Rousseff .
Mas as perdas de dois ministros em 19 dias do novo governo foram um alerta sobre as turbulências que a Lava Jato deve continuar gerando no cenário político.
A consultoria Arko Advice, de Brasília, mantém como “muito provável” o cenário de confirmação do impeachment de Dilma na votação final do Senado, prevista para agosto.
“Os senadores sofreram muito com a falta de capacidade do governo anterior e não querem a Dilma de volta”, diz Lucas de Aragão, sócio da Arko.
O consultor também relativiza o impacto da notícia veiculada pelo Globo de que dois senadores, Romário e Acir Gurgacz, estariam considerando, na votação final, mudar os seus votos, que foram pró-impeachment na votação da admissibilidade.
Mesmo que eles realmente mudem seus votos, isso não necessariamente reverterá o placar, diz Aragão.
Isso porque também devem ocorrer reversões a favor do impeachment, pois alguns senadores que votaram contra a abertura do processo de afastamento de Dilma hoje fazem parte da base de apoio a Temer.
O mercado parece não ter dúvidas de que um eventual retorno de Dilma teria consequências negativas para os negócios.
O risco Brasil, que atingiu pico de 533 pontos no pior momento do governo Dilma em setembro de 2015, entrou em rota de baixa a partir de fevereiro com as apostas em impeachment.
Após mínima de 326 pontos no dia em que a presidente foi afastada, passou a mostrar maior sustentação nas últimas duas semanas com as dificuldades do presidente interino.
“Se a Dilma retomar o seu posto, os mercados vão reagir muito, muito mal”, diz Sacha Tihanyi, estrategista-sênior para mercados emergentes da TD Securities, em Nova York.
“Isso indicaria provavelmente um retorno à trajetória fiscal anterior e eliminação dos esforços do governo interino de Temer para, pelo menos, tentar estabilizar as condições fiscais. Provavelmente veríamos alta no CDS e no rendimento dos títulos do governo e desvalorização do real.”
Gustavo Pereira, estrategista da Guide Investimentos, considera “prematuro“ um cenário de volta de Dilma, mas admite que as notícias sobre senadores mudando os votos aumentam as incertezas.
“O quadro político traz ruído, ainda mais com as medidas de Temer precisando de aprovação do Congresso."
Aragão, da Arko, relata que, em seus contatos com senadores, não sente qualquer clima para a volta da presidente afastada. O consultor reconhece que a Lava Jato deve continuar representando riscos para o governo, mas lembra que isso também ocorreu no governo Dilma.
“Para os senadores, a Lava Jato é um risco tanto para os ministros de Temer quanto foi para os de Dilma, mas o governo Temer tem maior capacidade de diálogo.”