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Mercado fica em compasso de espera com Gafisa

Muitos analistas que acompanham o setor colocaram a Gafisa em revisão, enquanto outros têm recomendação neutra para as ações da construtora e incorporadora

Depois de acumularem queda de quase 65 por cento em 2011, frente à baixa de 18,1 por cento do Ibovespa, os papéis da Gafisa acumulam valorização de cerca de 22 por cento (Germano Luders)
DR

Da Redação

Publicado em 21 de março de 2012 às 19h03.

São Paulo - No centro dos holofotes do setor imobiliário desde o ano passado, a Gafisa parece ser, cada vez mais, alvo de dúvidas entre analistas e investidores.

Após movimentações pouco transparentes envolvendo uma oferta por ativos da empresa, o mercado optou por ficar em compasso de espera em relação à companhia.

Nesse sentido, muitos analistas que acompanham o setor colocaram a Gafisa em revisão, enquanto outros têm recomendação neutra para as ações da construtora e incorporadora.

Depois de acumularem queda de quase 65 por cento em 2011, frente à baixa de 18,1 por cento do Ibovespa, os papéis da Gafisa acumulam valorização de cerca de 22 por cento até aqui em 2012 -acima do ganho de 18,6 por cento do índice que reúne as principais ações domésticas.

No final de fevereiro, a Gafisa recusou proposta de aquisição de ativos da gestora GP Investimentos e da Equity Internacional, do bilionário norte-americano Sam Zell, alegando que a oferta em questão subavaliava os negócios envolvidos.

Ainda que tenha empolgado o mercado na ocasião da confirmação da oferta, sinalizando uma possível recuperação dos negócios com a entrada de novos sócios, a falta de clareza quanto à proposta desnorteou investidores e analistas.

"Faltou transparência no processo... a Gafisa não citou as empresas (proponentes) no primeiro comunicado e fez falta conhecer quais eram as propostas", disse o analista Marcelo Motta, do JPMorgan, que afirmou ter recebido inúmeras ligações de clientes no exterior em busca de explicações.


As dúvidas giraram em torno principalmente de quais seriam os ativos envolvidos na negociação. "Se eu fosse acionista minoritário, gostaria de saber quais eram os ativos envolvidos", acrescentou Motta.

Embora os ativos que estavam sendo negociados não tenham sido revelados, alguns profissionais que acompanham o setor partiram do princípio de que a oferta seria pelas divisões Gafisa e Tenda, excluindo a Alphaville, unidade mais rentável da empresa.

"Apesar da situação problemática com Tenda, a Gafisa tem ativos muito interessantes e valiosos de Alphaville, e a oferta deve ter envolvido justamente esses ativos, o que tiraria valor da empresa", afirmou o estrategista-chefe da Gradual Investimentos, Paulo Esteves, que considerou "certa" a decisão por recusar a proposta.

Em sentido contrário, Motta viu como improvável a compra da totalidade de uma divisão da Gafisa. "Vejo interesse por ativos específicos ou projetos. Ninguém compraria a Tenda inteira ou a Gafisa inteira... GP e Equity não comprariam ativos ruins", disse.

Desde que comprou a Tenda, em 2009, a Gafisa vem reportando queda de margem e lucro, resultado de problemas maiores que os previstos dentro da unidade voltada ao segmento econômico.

A oferta de aquisição de ativos da Gafisa, enquanto isso, garantiu esperanças de que a entrada de recursos resultaria em uma mudança favorável neste cenário.

"A possibilidade de entrada de recursos na empresa, ou a entrada de sócios que possam contribuir para melhoria operacional da companhia foi bem vista pelo mercado", assinalou a equipe da Ativa Corretora, que vê no aumento da proposta de GP e Equity "para níveis interessantes" a possibilidade de melhorar a situação financeira da companhia.

Mas a chance de novas propostas serem apresentadas também divide o mercado. "Provavelmente a oferta de GP e Equity foi final... Eles sabem fazer conta", disse Motta, do JPMorgan.

Recomendações - À espera de novos indícios quanto ao caminho escolhido pela Gafisa para recolocar as operações nos trilhos, analistas do setor optaram pela recomendação neutra para as ações da empresa.

"A Gafisa sempre foi a empresa do 'turnaround', da reviravolta. Ainda não aconteceu, mas será positivo para a empresa", disse Motta, do JPMorgan, que tem preço-alvo de 5,50 reais para a ação em 2012.

Também citando a recuperação que ainda não ocorreu, o Bank of America Merrill Lynch estabeleceu preço-alvo de 6,50 reais para o papel, com a expectativa de que a retomada das margens aconteça este ano.

No mesmo sentido, o HSBC tem recomendação neutra, mas preço-alvo maior, de 10 reais, enquanto a Gradual não recomenda compra da ação.

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Nesse sentido, muitos analistas que acompanham o setor colocaram a Gafisa em revisão, enquanto outros têm recomendação neutra para as ações da construtora e incorporadora.

Depois de acumularem queda de quase 65 por cento em 2011, frente à baixa de 18,1 por cento do Ibovespa, os papéis da Gafisa acumulam valorização de cerca de 22 por cento até aqui em 2012 -acima do ganho de 18,6 por cento do índice que reúne as principais ações domésticas.

No final de fevereiro, a Gafisa recusou proposta de aquisição de ativos da gestora GP Investimentos e da Equity Internacional, do bilionário norte-americano Sam Zell, alegando que a oferta em questão subavaliava os negócios envolvidos.

Ainda que tenha empolgado o mercado na ocasião da confirmação da oferta, sinalizando uma possível recuperação dos negócios com a entrada de novos sócios, a falta de clareza quanto à proposta desnorteou investidores e analistas.

"Faltou transparência no processo... a Gafisa não citou as empresas (proponentes) no primeiro comunicado e fez falta conhecer quais eram as propostas", disse o analista Marcelo Motta, do JPMorgan, que afirmou ter recebido inúmeras ligações de clientes no exterior em busca de explicações.


As dúvidas giraram em torno principalmente de quais seriam os ativos envolvidos na negociação. "Se eu fosse acionista minoritário, gostaria de saber quais eram os ativos envolvidos", acrescentou Motta.

Embora os ativos que estavam sendo negociados não tenham sido revelados, alguns profissionais que acompanham o setor partiram do princípio de que a oferta seria pelas divisões Gafisa e Tenda, excluindo a Alphaville, unidade mais rentável da empresa.

"Apesar da situação problemática com Tenda, a Gafisa tem ativos muito interessantes e valiosos de Alphaville, e a oferta deve ter envolvido justamente esses ativos, o que tiraria valor da empresa", afirmou o estrategista-chefe da Gradual Investimentos, Paulo Esteves, que considerou "certa" a decisão por recusar a proposta.

Em sentido contrário, Motta viu como improvável a compra da totalidade de uma divisão da Gafisa. "Vejo interesse por ativos específicos ou projetos. Ninguém compraria a Tenda inteira ou a Gafisa inteira... GP e Equity não comprariam ativos ruins", disse.

Desde que comprou a Tenda, em 2009, a Gafisa vem reportando queda de margem e lucro, resultado de problemas maiores que os previstos dentro da unidade voltada ao segmento econômico.

A oferta de aquisição de ativos da Gafisa, enquanto isso, garantiu esperanças de que a entrada de recursos resultaria em uma mudança favorável neste cenário.

"A possibilidade de entrada de recursos na empresa, ou a entrada de sócios que possam contribuir para melhoria operacional da companhia foi bem vista pelo mercado", assinalou a equipe da Ativa Corretora, que vê no aumento da proposta de GP e Equity "para níveis interessantes" a possibilidade de melhorar a situação financeira da companhia.

Mas a chance de novas propostas serem apresentadas também divide o mercado. "Provavelmente a oferta de GP e Equity foi final... Eles sabem fazer conta", disse Motta, do JPMorgan.

Recomendações - À espera de novos indícios quanto ao caminho escolhido pela Gafisa para recolocar as operações nos trilhos, analistas do setor optaram pela recomendação neutra para as ações da empresa.

"A Gafisa sempre foi a empresa do 'turnaround', da reviravolta. Ainda não aconteceu, mas será positivo para a empresa", disse Motta, do JPMorgan, que tem preço-alvo de 5,50 reais para a ação em 2012.

Também citando a recuperação que ainda não ocorreu, o Bank of America Merrill Lynch estabeleceu preço-alvo de 6,50 reais para o papel, com a expectativa de que a retomada das margens aconteça este ano.

No mesmo sentido, o HSBC tem recomendação neutra, mas preço-alvo maior, de 10 reais, enquanto a Gradual não recomenda compra da ação.

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