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Mercado asiático tem oscilações enquanto estímulos da China geram incertezas

Investidores reagem com cautela à promessa de estímulos econômicos de Pequim, aguardando detalhes mais concretos sobre o impacto no setor imobiliário e na economia em geral

Governo chinês anunciou uma série de medidas para aquecer economia, mas mercado não mostrou confiança. (Isabel KUA/ Agence France-Presse/AFP)
Fernando Olivieri

Redator na Exame

Publicado em 14 de outubro de 2024 às 07h17.

Última atualização em 14 de outubro de 2024 às 07h36.

As ações asiáticas mostraram uma postura instável na segunda-feira, 14, em meio a reações variadas ao pacote de estímulos econômicos anunciado pelo governo chinês. Apesar das promessas feitas pelo Ministro das Finanças, Lan Foan, de "aumentar significativamente" a dívida para apoiar a economia, a falta de detalhes concretos sobre o tamanho e a duração dessas medidas deixou os investidores apreensivos. As informações são da Reuters.

Na abertura do mercado, as ações em Hong Kong mostraram volatilidade, enquanto as ações no continente chinês apresentaram um desempenho positivo.O índice Hang Seng registrou uma queda de 0,41%, em contraste com o índice CSI300, que subiu 1,52%, e o Shanghai Composite, que avançou 1,66%.

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O setor imobiliário, que vem enfrentando dificuldades, foi um dos principais beneficiados com as especulações de que os estímulos poderiam ajudar a recuperar o setor. O índice Hang Seng Mainland Properties subiu 1,37%, enquanto o CSI300 Real Estate teve um salto de 4,1%.

Incertezas sobre a economia chinesa

A cautela dos investidores também reflete os dados econômicos recentes da China. No domingo, 13, foi revelado que a inflação ao consumidor caiu inesperadamente em setembro, enquanto a deflação dos preços ao produtor aumentou, alimentando preocupações sobre o futuro do crescimento econômico chinês. Em resposta, o yuan perdeu valor tanto no mercado onshore quanto offshore, caindo 0,12% e 0,18%, respectivamente.

Os preços do petróleo também recuaram, afetados pela perspectiva de uma demanda reduzida da China. O Brent foi cotado a US$ 78,09 o barril, com uma queda de 1,2%, enquanto o WTI caiu 1,22%, para US$ 74,64 (R$ 418,86) o barril.

Governo chinês vai contrair dívidas enormes

A China anunciou no último sábado, 12,que vai recorrer massivamente à dívida públicapor meio de títulos especiais para estimular a sua economia desacelerada e impulsionar o setor imobiliário e bancário. O anúncio soma-se a uma série de medidas comunicadas nas últimas semanas, como a redução das taxas de juros, e visa fortalecer os bancos, apoiar o mercado imobiliário e incentivar o consumo.

A China também permitirá que os governos locais assumam mais dívidas para financiar a compra de terrenos urbanizáveis e, assim, estimular o mercado imobiliário há muito estagnado. O ministro das Finanças, Lan Fo'an, não forneceu detalhes em coletiva de imprensa sobre os títulos especiais anunciados, mas disse que a China ainda tem espaço "para emitir dívida e aumentar o déficit" para financiar novas medidas.

Em 2023, a China teve um dos crescimentos mais fracos das últimas três décadas (5,2%), um número oficial que, no entanto, alguns economistas questionam. Neste sábado, Lan disse que Pequim está "acelerando o uso de títulos do Tesouro adicionais, e títulos do tesouro especiais de ultralongo prazo também estão sendo emitidos para uso".

Projeções de crescimento

Apesar das incertezas, o Goldman Sachs revisou para cima sua previsão de crescimento do PIB da China, elevando-a de 4,7% para 4,9% em 2023, impulsionado pelas medidas de estímulo. No entanto, os analistas mantêm uma visão cautelosa sobre o crescimento a longo prazo, citando desafios estruturais como demografia em deterioração, tendência de alteração da dívida e o movimento global de reestruturação das cadeias de suprimentos.

A próxima divulgação do PIB do terceiro trimestre da China, marcada para sexta-feira, 18, é aguardada com expectativa e poderá trazer novos sinais sobre a efetividade dos estímulos econômicos.

Reações nos mercados globais

No mercado de moedas, o dólar manteve-se próximo de seu valor mais alto em sete semanas, com traders reduzindo as apostas em cortes acentuados na taxa de juros do Federal Reserve em novembro. Com uma inflação acima do esperado nos EUA e indicadores de mercado de trabalho fortes, a probabilidade de um corte de 50 pontos-base caiu.

No câmbio, a libra esterlina e o euro caíram 0,05% e 0,11%, respectivamente. As próximas divulgações de dados de inflação no Reino Unido e a decisão de taxa de juros do Banco Central Europeu também são aguardadas com atenção, podendo influenciar ainda mais o cenário global.

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