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Maior que a Tesla? Volkswagen sobe 30% na semana com virada para elétricos

Montadora alemã revela que pretende se tornar a maior fabricante mundial de veículos elétricos até 2025, ultrapassando a americana Tesla, de Elon Musk

Carro elétrico da Volkswagen em exibição na Europa (Ints Kalnins/Reuters)
PB

Paula Barra

Publicado em 18 de março de 2021 às 12h27.

Última atualização em 18 de março de 2021 às 23h17.

As ações da montadora alemã Volkswagen acumulam uma alta de 30% nesta semana na Bolsa de Frankfurt, após a compahia revelar planos de que pretende se tornar a maior fabricante mundial de veículos elétricos até 2025, ultrapassando a atual líder do setor, a americana Tesla . A empresa disse também que planeja vender 1 milhão de veículos elétricos em 2021. A alta chegou a ser de mais de 50% na semana antes de forte correção na quinta.

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O movimento vem na esteira dos anúncios da empresa feitos na última segunda-feira, 15, em evento chamado "Power Day". Para atingir seus objetivos, a Volkswagen informou que vai acelerar o processo de transformação a partir deste ano para adaptar sua capacidade de fabricação aos veículos elétricos.

A companhia pretende construir seis fábricas para baterias que juntas terão capacidade de 240 gigawatts (GW). Espera-se que a potência seja a suficiente para atender à frota de elétricos que, segundo a montadora, irá crescer mais de 60% nos próximos dez anos.

A mudança de foco para veículos elétricos ocorre em um momento em que as autoridades ao redor do mundo estão procurando aumentar o número de veículos de baixa e zero emissão em suas estradas para tentar combater a poluição, se afastando do motor de combustão interna.

O Reino Unido, por exemplo, anunciou planos para interromper a venda de novos carros e vans a diesel e gasolina a partir de 2030. A "Estratégia de Mobilidade Sustentável e Inteligente" da Comissão Europeia, por sua vez, quer pelo menos 30 milhões de carros com emissão zero nas estradas em 2030.

É nesse ambiente que a Volkswagen e outras grande montadoras estão procurando competir – e eventualmente desafiar – a Telsa, do bilionário Elon Musk.

Nesta sessão, as ações da Tesla caem 2,66% no mercado americano. Desde o fim de janeiro, quando bateram recorde histórico, as cotações acumulam queda de cerca de 20%.

Na visão do analista James Collins, focado no setor automotivo e mobilidade futura e que escreve para a OhmResearch, o evento de segunda-feira da montadora alemã pode ser comparado com o dia em que Steve Jobs anunciou para o mercado o iPhone.

Em relatório intitulado "9 de janeiro de 2007", em alusão ao evento da Apple, o analista comenta que, de forma similar, o Power Day (evento da Volkswagen) foi tão revolucionário quanto, e em "uma indústria com uma receita por unidade muito maior".

"É assim que a Volkswagen vai vencer essa corrida de carros elétricos. Ela vai vir de dentro de células de bateria. Com a produção de célula unificada, usando uma química diferente e com base no preço de venda, isso vai levar a companhia para a liderança de carros totalmente elétricos", comenta.

Segundo ele, a companhia pode facilmente vender carros totalmente elétricos (BEVs, na sigla em inglês) a uma taxa anualizada superior à Tesla já na segunda metade deste ano.

Pelas projeções da Tesla, a companhia espera ver um crescimento de suas vendas em 2021 de 50%, comenta. Considerando que a companhia vendeu 499,5 mil unidades em 2020, um crescimento de 50%, significaria 749 mil unidades este ano. Dividindo por dois, dado que os cálculos são para o segundo semestre, chegaria a 375 mil unidades, explica. No entanto, para Collins, esse crescimento deve ser superado pela Volkswagen.

Segundo ele, os investidores tendem a focar nos dados anuais, mas a base de cerca de 231 mil unidades de veículos elétricos vendidos pela Volkswagen em 2020 exclui carros híbridos, o que, na visão dele, não faz sentido. "A Volkswagen não é a Tesla. Não há razão para usar a mesma métrica. A VW vai vender um milhão de carros elétricos em 2021. Apenas uma escassez prolongada de semicondutores poderia pará-la", disse.

Para Collins, o mercado está perdendo o primeiro movimento disruptivo de um player consolidado em uma indústria adjacente. "A última vez que o mercado perdeu isso? Bem, foi com a Apple... e a Research in Motion. Lembra?", questiona.

Ele comenta que, no dia em que Jobs anunciou o iPhone, a Apple era avaliada no mercado em cerca de 10 bilhões de dólares. Hoje, vale 2,07 trilhões de dólares.

Naquele mesmo dia, a Research in Motion (hoje, conhecida como Blackberry) valia 24,7 bilhões de dólares. Hoje, seu valor de mercado é de 6,4 bilhões de dólares – uma queda anualizada de 9,1% desde o discurso de Jobs, contra uma taxa de crescimento anual (antes de dividendos) de 45,5% dos papéis da Apple, completa Collins.

Nesta sessão, os papéis da Volkswagen têm dia de realização e caíam 1,36%, segundo cotação das 12h33, horário de Brasília. Nos três dias anteriores, subiram 21,33%.

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