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Magazine Luiza (MGLU3) cresce em negociação na bolsa, apesar de desvalorização de R$ 150 bi

Maior liquidez ocorre na contramão da queda do volume negociado na B3 neste ano

Cento de Distribuição da Magazine Luiza: Liquidez da companhia cresce na bolsa, apesar de perda de valor de mercado (Leandro Fonseca/Exame)
GG

Guilherme Guilherme

Publicado em 13 de julho de 2022 às 06h45.

Última atualização em 13 de julho de 2022 às 14h30.

A desvalorização de 90% das ações do Magazine Luiza (MGLU3) desde a máxima registrada em novembro de 2020 derrubou a varejista das dez empresas mais valiosas da B3 para a 47ª posição do ranking. Mas a queda, que fez evaporar mais de R$ 150 bilhões em valor de mercado da empresa, não diminuiu sua relevância entre investidores. Pelo contrário.

Hoje, com pouco mais de R$ 20 bilhões de valor de mercado, o Magalu ostenta não só um dos maiores volumes de negociação da B3, como de sua história.Ao lado de Vale e Petrobras, a companhia terminou o último pregão entre as mais negociadas, com giro de R$ 940 milhões -- cerca de 5% de toda a negociação da bolsa no dia.Mas a maior liquidez não é de agora. Na contramão da bolsa brasileira, os negócios envolvendo as ações do Magalu vêm crescendo em relação ao ano passado.

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Dados mais recentes da B3 divulgados nesta semana revelaram queda de 25% do volume médio diário negociado na bolsa em junho frente ao mesmo mês do ano passado para R$ 27,6 bilhões. No mesmo período, as negociações do Magazine Luiza mantiveram-se estáveis, próximas de R$ 440 milhões, segundo a plataforma Comdinheiro.

A diferença foi ainda maior em maio, quando o volume de negócios na bolsa caiu 8% para 29,3 bilhões, enquanto as ações do Magazine Luiza movimentaram 28,5% a mais que em maio de 2021.

O volume de negociação do Magazine Luiza supera até mesmo a de gigantes do Ibovespa. A Ambev, com onze vezes o tamanho do Magalu, terminou junho com volume médio diário de negociação de R$ 283 milhões. O Bradesco, que vale R$ 167 bilhões, terminou com negociação diária de R$ 89 milhões.

Maior atratividade de renda fixa, com a alta de juros, e instabilidade do mercado acionário diante de temores sobre desaceleração da economia global explicam parte da queda dos negócios na bolsa. Mas por que a ação do Magazine Luiza vem sendo mais negociada?

Por trás do maior volume

Victor Bueno, analista da Nord Research, explica que o volume vendedor das ações durante a primeira metade do ano teve um grande peso nessa equação, mas a popularidade e até esperança de que a ação volte a dar frutos também fazem parte dessa conta, segundo o analista.

“O cenário vem pressionando o varejo como um todo. No curto prazo, o mercado coloca todas as empresas de um mesmo setor dentro de uma cesta, seja para cima ou para baixo. Agora, temos visto uma recuperação desde a semana passada, com o volume aumentando ainda mais.”

A esses fatores Waldir Morgado, sócio da NextGen Capital, adiciona as apostas de queda dos papéis. “O volume cresceu em relação ao ano passado devido às posições vendidas. O volume de aluguel das ações aumentou 50% em relação a setembro do ano passado.”

Vale lembrar que, para ficar vendido, os investidores vendem as ações alugadas para, se tudo ocorrer como o previsto, comprar futuramente a um preço mais baixo e então devolvê-las ao dono das ações. Ou seja, diferentemente da compra ou venda das ações em que a operação ocorre apenas por uma vez, para apostar na queda o investidor alimenta o volume de negociação na ponta vendedora e, futuramente, na compradora.

É a ponta compradora, para devolver as ações alugadas, que tem predominado nos últimos dias, segundo Morgado. “Com a recente valorização das ações de varejo, parte das posições vendidas começaram a ser zeradas”, afirmou.

A forte apreciação das ações, que chegaram a saltar cerca de 50% desde a última semana, pode ter forçado ordens de stop de investidores que estavam apostando na queda – forçando ainda mais a ponta compradora. “É normal que esses stops ocorram em momentos de altas mais esticadas, que acabam causando valorizações de 5%, 7% ou 10%. Mas um short squeeze seria um movimento muito mais forte”, disse Bueno.

Outra ação que estava com alto índice de posições vendidas era a Via, que disparou 9,44% nesta terça. Até o início da semana, a Via estava com 255 milhões de ações alugadas, cerca de cinco vezes a quantidade do início de 2021, segundo plataforma do TC.

Apesar da maior concentração de ações alugadas, o volume de negociação da Via vem numa decrescente desde 2020, quando em julho daquele ano teve média diária de R$ 1,8 bilhão. Em junho deste ano, a movimentação média por dia das ações da Via ficaram em menos de um décimo do que era a dois anos atrás, em R$ 124 milhões.

A queda abrupta do volume negociado da Via representa parte da maior desconfiança do mercado sobre a empresa, segundo o analista da Nord. “As duas empresas [Magalu e Via] estão em caminhos inversos nos últimos anos.”

“A Magazine Luiza já vem comprovando ao mercado que tem potencial de crescimento no futuro, enquanto a Via ainda está em processo de reestruturação e retomada de confiança."

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