Lula terá que acomodar pressões de gastos e manter promessas de campanha, diz Goldman Sachs
O Goldman Sachs disse ainda que Lula deve propor uma emenda constitucional para suspender o teto de gastos e propor nova regra fiscal
Karla Mamona
Publicado em 31 de outubro de 2022 às 16h04.
Última atualização em 31 de outubro de 2022 às 16h11.
Após o resultado das eleições presidenciais, o Goldman Sachs divulgou um relatório nesta segunda-feira, 31, afirmando que o quadro fiscal do Brasil irá se deteriorar “visivelmente” em 2023. Segundo os analistas, Luiz Inácio Lula da Silva, presidente eleito, terá o desafio da responsabilidade fiscal e manter as promessas feitas durante a campanha, como melhorar o programa de transferência de renda, dar aumento real ao salário mínimo e aumentar a faixa da redução.
Para os analistas, o presidente eleito terá que governar, segundo eles, diante de um congresso mais independente das últimas décadas e os partidos mais centro-direita irão estabelecer alguns limites políticos. Um dos desafios do novo governo é de construir um Congresso de coalisão.
“Um congresso mais centro-direita que deve limitar o aumento de impostos, gastos permanentes e que mostre um apetite por grandes reformas. A gestão da coalizão será fundamental para o próximo presidente, em particular porque uma ampla base multipartidária de apoio político no Congresso poderia não confiável ou instável.”
O Goldman Sachs disse ainda que Lula deve propor uma emenda constitucional para suspender gastos teto de gastos e propor nova regra fiscal (provavelmente mais flexível) para ancorar a política fiscal. O banco afirmou ainda uma estratégia do governo será investir no setor público e nas estatais, como principal motor de crescimento e que a economia deve ter crescimento neste período, mas inflação deve se manter elevada e a haverá maiores saldo negativo nas contas do governo.
De acordo com o Goldman Sachs, a estratégia de focar no crescimento do consumo no curto prazo pode elevar a inflação e aumentar o déficit fiscal. Entretanto, os analistas disseram que o governo Lula é percebido como mais comprometida com uma agenda ESG, que poderia eventualmente pagar dividendos da política.
Entre os pontos positivos, os analistas disseram ainda que Lula enfrentará um cenário macro caracterizado por uma quadro de metas de inflação credível, um déficit em conta corrente modesto, um comércio considerável superávit, alto nível de reservas internacionais, baixa dívida externa, perfil pouco exigente do serviço da dívida externa, câmbio competitivo, e sistema financeiro líquido, e mercados financeiros locais profundos.
“O mercado prestará atenção às principais nomeações do governo, como quem irá liderar o Ministério da Fazenda. O orçamento para 2023 e a magnitude da isenção de teto de gastos para acomodar promessas de campanha fiscalmente caras e um esboço mais detalhado para o conjunto de formularam propostas de políticas durante a campanha, como a reforma tributária, o novo âncora para substituir o teto constitucional de gastos, e possíveis mudanças no regime trabalhista reforma.”