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Livro Bege traz pistas (sombrias) sobre a economia dos EUA

Além dos dados econômicos, os balanços corporativos do primeiro trimestre devem trazer uma percepção mais realista sobre os efeitos do novo coronavírus

Recessão ou inflação? (Brendan McDermid/Reuters)

Recessão ou inflação? (Brendan McDermid/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 15 de abril de 2020 às 06h29.

Última atualização em 15 de abril de 2020 às 06h54.

Os investidores se preparam para um dia de agenda econômica cheia nos Estados Unidos, com mais pistas sobre os reais impactos do novo coronavírus, causador da infecção respiratória covid-19.

Pela manhã, está prevista a divulgação de dados sobre as do varejo em março e sobre o estoque americano de petróleo. Mas a maior expectativa está no período da tarde, quando o Federal Reserve (Fed, banco central americano) publicará o Livro Bege.

Elaborado com base em relatos de economistas, empresários, líderes comunitários e outros agentes da sociedade, o relatório mostra como os doze distritos do Fed veem a economia americana e é publicado antes da reunião do comitê de política monetária que define a taxa de juros. A perspectiva é a de uma avaliação negativa.

“Nas últimas semanas, saíram dados preocupantes sobre o mercado de trabalho. A economia parada por todo esse tempo vai causar um estrago enorme”, afirma Victor Beyruti, economista da Guide Investimentos.

Em três semanas, os Estados Unidos contaram mais de 15 milhões de pedidos de auxílio desemprego. O relatório de março apontou para o fechamento de 100.000 postos de trabalhos urbanos, oficializando o fim de uma era de oferta de empregos que durou 10 anos.

Em sua última ata, referente às reuniões extraordinárias realizadas em 3 e 15 de março e divulgada na semana passada, o comitê de política monetária do Fed desenhou dois cenários. No mais otimista, a economia americana começaria a se recuperar no segundo semestre de 2020. No mais pessimista, no primeiro semestre de 2021.

Beyruti espera que o Livro Bege traga uma avaliação mais precisa. “Com mais dados em relação ao mês de março, dá para elaborar e construir um cenário mais concreto.”

Além dos dados econômicos, os balanços corporativos do primeiro trimestre, que já estão sendo publicados nos EUA, devem trazer uma percepção mais realista sobre os efeitos do novo coronavírus.

Embora veja o mercado “buscando um novo equilíbrio”, o economista acredita que esses dois fatores irão adicionar volatilidade no curto prazo. “Não tem como fugir. É uma situação bastante delicada nos EUA e no mundo.”

Nesta terça-feira o Ibovespa e os principais índices americanos fecharam em alta — por aqui, a subida de 1,37% fez o índice encostar mais uma vez em 80.000 pontos. Mas hoje os índices fecharam em queda na Ásia, e abriram em baixa de mais de 2% na Europa. A saúde da economia americana, e as armas para lutar contra a pandemia, estão mais uma vez no centro das atenções.

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