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Juros sobem após ata do Copom trazer piora da inflação

Taxas avançaram conforme o BC admitiu que as projeções de inflação para este ano subiram em ata do Copom


	Bovespa: a taxa do juro futuro para outubro deste ano avançou de 7,12% no ajuste para 7,17% no fim das negociações
 (Nacho Doce/Reuters)

Bovespa: a taxa do juro futuro para outubro deste ano avançou de 7,12% no ajuste para 7,17% no fim das negociações (Nacho Doce/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 13 de junho de 2013 às 07h48.

São Paulo - O fato de o Comitê de Política Monetária (Copom), por meio da ata de sua última reunião, divulgada nesta quinta-feira, ter admitido maior dispersão de aumentos de preços, ao mesmo tempo em que atribui a recuperação lenta da atividade a problemas de oferta, provocou um avanço firme das taxas futuras de juros, com o mercado passando a indicar possibilidade de a Selic ser elevada ainda no fim deste ano.

Analistas enxergaram um BC mais duro, mas ponderaram que a visão da autoridade monetária em relação à piora da inflação continuou restrita ao curto prazo.

Assim, ao término da negociação normal na BM&F, a taxa para outubro de 2013 (105.490 contratos) subiu para 7,17%, de 7,12% no ajuste. O contrato para janeiro de 2014 (413.140 contratos) marcava taxa de 7,25%, ante 7,18% ontem.

O DI para janeiro de 2015 (567.735 contratos) indicava 7,96%, ante 7,86% no ajuste. Entre os mais longos, o contrato para janeiro de 2017 (146.220 contratos) tinha taxa de 8,76%, ante 8,67% da véspera, e o DI para janeiro de 2021 (11.755 contratos) apontava 9,47%, ante 9,38% no ajuste.

"Já há alguns investidores estrangeiros em juros trabalhando com elevação de 1 ponto porcentual da Selic no fim deste ano. A curva ainda indica 0,25 ponto de alta em 2013, mas novos ajustes devem ocorrer na medida em que a inflação não arrefecer", afirmou um operador. "O BC deixou claro que não pode mais usar a Selic para estimular a atividade em meio a esse cenário de preços. A hipótese de corte de juros já não existe mais", continuou.

No documento, o BC afirmou que houve aumento das projeções de inflação para 2013 no cenário de referência e de mercado, ambos acima da meta de 4,5%. O economista-chefe da MCM, Fernando Genta, calcula que, de acordo com dados expressos na ata, o IPCA subiu no cenário de referência, passando de uma alta de 4,8% para 5,1% neste ano.


"Isto ocorreu devido a alguns fatores, entre eles a elevação das projeções de preços administrados do BC, que subiu de 2,4% para 3,0%, uma inércia mais expressiva do IPCA de 2012 para o índice neste ano e expectativas de inflação distantes do centro da meta de 4,5", destacou. "Somente a alta de 0,60 ponto porcentual nos preços administrados indica uma elevação de 0,15 ponto porcentual da previsão do IPCA para este ano", afirmou.

Ainda no que tange aos preços, a autoridade monetária admitiu alta de 5% para a gasolina, bem como recuo de 11% nas tarifas de energia. Nesse último caso, porém, economistas afirmam que o BC trouxe o impacto líquido da redução de 16%, esperada quando houve a reunião do Copom, nos preços da energia. Agora, com o anúncio de que o corte das tarifas será de 18%, esse cálculo deve ser refeito o impacto líquido deve ficar entre 13% e 14%.

Por fim, no que diz respeito à questão fiscal, matéria da jornalista Adriana Fernandes mostra que o BC se antecipou e indicou que já absorveu um esforço fiscal menor não só este ano como também em 2014. Na ata, o Copom informou que considera a hipótese de trabalho de uma geração de superávit primário de R$ 155,9 bilhões em 2013, conforme o previsto na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO). Mas os integrantes do comitê decidiram retirar o trecho do texto que falava numa meta em torno de 3,1% e também as palavras "sem ajustes", que são usadas tradicionalmente para explicitar o cumprimento da meta integral, sem abatimentos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).

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