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Juros nas mínimas: bancos globais podem perder até US$ 3,7 trilhões

Crescimento econômico fraco também ameaça às receitas das instituições financeiras segundo consultoria McKinsey

A McKinsey calcula que as provisões globais para perdas com empréstimos irão aumentar para cerca de 1,9% do total (Jason Lee/Reuters)
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Beatriz Quesada

Publicado em 10 de dezembro de 2020 às 12h46.

Última atualização em 10 de dezembro de 2020 às 13h59.

(Bloomberg)Bancos globais podem perder 3,7 trilhões de dólares em receita nos próximos quatro anos sob o impacto de taxas de juros baixíssimas e crescimento econômico fraco, que dificultam a recuperação do setor do impacto da pandemia, disse a consultoria McKinsey em relatório.

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As instituições serão afetadas por perdas com empréstimos de “magnitude não vista em décadas” durante a maior parte do próximo ano, de acordo com o relatório. Embora a esmagadora maioria dos bancos sobreviva, as instituições enfrentarão um “profundo desafio para as operações em andamento” por pelo menos quatro anos. No cenário mais provável, a McKinsey projeta queda de cerca de 14% das receitas do setor até 2024 em relação à trajetória pré-crise.

“É uma receita que acabou para sempre, que não será usada para inovação, para investimento”, disseMatthieu Lemerle, sócio sênior da consultoria, em Londres. “É realmente algo perdido e não vai voltar”, afirmou em entrevista.

A pandemia também limita o crescimento econômico. Com isso, consumidores devem pedir menos empréstimos, de acordo comMarie-Claude Nadeau, sócia da McKinsey em São Francisco. Esse fator é somado aos bilhões de dólares que devem ser perdidos devido à inadimplência no próximo ano.

A McKinsey calcula que as provisões globais para perdas com empréstimos irão aumentar para cerca de 1,9% do total - acima dos cerca de 1,4% de 2009, quando as perdas atingiram o pico após a crise financeira.

“O período de taxas de juros de zero porcento está sendo prolongado pela crise econômica e irá reduzir as margens de juros líquidas”, disse Nadeau em entrevista. “A troca entre reconstruir capital e pagar dividendos será gritante.”

O setor gerou US$ 5,5 trilhões em receitas em 2019, sendo que os segmentos de varejo e corporativo responderam por dois terços do total. A McKinsey prevê que esses segmentos vão crescer na mesma taxa do PIB regional.

Para manterem a rentabilidade, os bancos terão que se reposicionar de maneiras não previstas há nove meses, de acordo com o relatório, à medida que a pandemia acelera tendências que já começavam a ameaçar o setor. Entre elas estão a desglobalização, a ascensão das fintechs e maior urgência de sustentabilidade social e ambiental.

“Para se recuperar desse longo inverno, os bancos terão que se adaptar a essas tendências muito mais rápido do que pensavam”, disse Nadeau, que destacou mudanças na tomada decisões, maior foco no cliente e adoção mais rápida de ferramentas digitais.

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