Juros em alta levam à corrida para captações externas na América Latina
Países da região se apressam para emitir dívida diante da perspectiva de aumento das taxas de juros e da piora das condições de mercado
Bloomberg
Publicado em 8 de abril de 2021 às 17h37.
A emissão de títulos internacionais da América Latina mostra o ritmo mais rápido desde 2017 e não há desaceleração à vista, já que os emissores se apressam para garantir as taxas de juros atuais antes que subam muito.
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“Vamos começar a ver uma melhora substancial das emissões”, disse Max Volkov, responsável por mercado de capital de dívida para América Latina no Bank of America. “Abril e maio devem ser mais movimentados neste ano do que nos anos anteriores, devido ao fato de que as taxas de juros estão subindo”, disse em entrevista.
Governos e empresas tomaram emprestado cerca de 50,4 bilhões de dólares neste ano, excluindo emissões locais, segundo dados compilados pela Bloomberg. É o maior volume desde 2017, quando captaram 57,2 bilhões de dólares no mesmo período.
O México voltou ao mercado de títulos em dólares na terça-feira, 6, pela segunda vez neste ano e captou 2,5 bilhões de dólares em dívidas de 20 anos. A emissão abre portas para outros emissores da região, disse Volkov.
O Bank of America -- o quinto maior subscritor de títulos internacionais da América Latina neste ano -- participou da emissão do México.
Após um rápido início de ano, o volume de títulos latino-americanos do mês passado foi reduzido pela volatilidade dos juros, que desde então caíram. Os emissores que optaram por evitar o mês de março se preparam para ofertas em abril e maio, disse Volkov.
Chile, Peru e Panamá estão entre os países com grau de investimento que podem vender títulos, de acordo com Jake Gearhart, do Deutsche Bank. O Chile emitiu um título de sustentabilidade Formosa de 1,5 bilhão de dólares com vencimento em 2053 na semana passada.
“Vão acelerar planos de emissão adicionais no segundo trimestre?” Gearhart disse em entrevista na quarta-feira, em referência a emissores latino-americanos. “Há muitos bons motivos para tentar isso se você realmente acredita que os juros estão subindo. Em nossa opinião, muitos emissores e investidores estão convencidos disso.”
Outros tipos de emissores da região podem seguir o exemplo.
“Com soberanos abrindo as portas para novas emissões, começaremos a ver empresas e instituições financeiras em seguida”, disse Volkov.
O mercado primário também é receptivo a emissores com classificação logo abaixo do grau de investimento, até mesmo os de primeira viagem. O Deutsche Bank tem “um punhado” de operações de alto rendimento em andamento, acrescentou Gearhart.