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Joaquim Levy recupera fé de detentores de bonds

Uma série de medidas políticas está mostrando que os investidores otimistas, afinal, estavam certos

Joaquim Levy: ele já anunciou reduções nos investimentos públicos e aumentos de impostos (Ramin Talaie/Bloomberg)
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Da Redação

Publicado em 23 de janeiro de 2015 às 14h00.

Nova York e São Paulo - Depois de uma euforia inicial entre investidores de títulos de dívida vista após a nomeação de Joaquim Levy para o Ministério da Fazenda ter sido colocada de lado por uma venda generalizada no mercado externo, uma série de medidas políticas está mostrando que os investidores otimistas, afinal, estavam certos.

Os títulos de dívida do Brasil denominados em real e negociados no mercado interno tiveram valorização desde 29 de dezembro, quando o governo revelou cortes nos benefícios a pensionistas e desempregados.

Nas semanas seguintes, Levy também anunciou mais reduções nos investimentos públicos e aumentos de impostos. Unidas, as medidas poderão resultar em um esforço fiscal de quase R$ 40 bilhões (US$ 15,5 bilhões).

Ao confrontar o maior déficit orçamentário do Brasil em uma década, Levy tem restaurado a confiança do investidor na capacidade do país de reverter um potencial rebaixamento de sua nota soberana para o grau especulativo.

Os custos dos empréstimos do governo inicialmente atingiram o patamar mais baixo em cinco semanas após a presidente Dilma Rousseff ter nomeado Levy para o cargo de ministro da Fazenda no dia 27 de novembro, e depois subiram novamente após a queda dos preços do petróleo ter provocado um declínio no preço de ativos de mercados emergentes.

“O catalisador desse desempenho melhor é claramente a nova equipe econômica”, disse Bryan Carter, gestor da Acadian Asset Management, que supervisiona US$ 350 milhões em ativos de renda fixa de mercados emergentes, por e-mail. “O mercado os conhece e acredita que eles têm um poder real no governo”.

Alta dos bonds

As notas do Brasil em moeda local tiveram retorno de 6,2 por cento em ganhos convertidos para dólares neste mês, maior total entre os países em desenvolvimento depois da dívida sul-africana e mais de três vezes o ganho médio dos mercados emergentes, mostram dados compilados pelo JPMorgan Chase Co.

A assessoria de imprensa do Ministério da Fazenda preferiu não comentar o desempenho dos bonds do país e o impacto das políticas anunciadas recentemente.

O Brasil está “tomando ações passo a passo de forma a alcançar, com o menor sacrifício possível, o que é necessário para retomar o caminho do crescimento”, disse Levy a repórteres, em Brasília, ao anunciar os aumentos de impostos sobre combustível, importações, crédito e cosméticos.

Ex-executivo do Banco Bradesco SA, Levy disse em novembro que buscaria reduzir a dívida do país, que subiu para 61,7 por cento do produto interno bruto, contra 53,4 por cento na época em que Dilma assumiu a presidência, em 2011.

Ele também mencionou como meta um superávit primário de 1,2 por cento do PIB em 2015 após o Brasil ter registrado um déficit de 0,2 por cento no período de 12 meses até novembro.

‘Esforço monumental’

“O que Levy fez até aqui é impressionante. É mais do que eu havia previsto, e sem qualquer interferência”, disse Paulo Vieira da Cunha, ex-integrante do conselho do Banco Central do Brasil, atualmente economista-chefe do fundo hedge Ice Canyon, por telefone, de Nova York.

“Alcançar um superávit de 1,2 por cento exigiria um esforço brutal, mas Levy conseguirá algo. Trata-se de uma mudança de direção”.

Paul McNamara, que ajuda a administrar US$ 5,8 bilhões em dívidas como gestor da GAM UK Ltd., disse que as medidas não devem ser suficientes para evitar um rebaixamento da classificação de risco.

A Standard Poor’s reduziu o rating de crédito do Brasil em março para um nível acima do grau especulativo, citando uma desaceleração do crescimento econômico e a deterioração das contas fiscais.

Em setembro, a Moody’s Investors Service reduziu para negativa a perspectiva do rating Baa2 do país, o segundo grau de investimento mais baixo.

Ainda assim, Rafael Guedes, da Fitch Ratings, disse que as recentes medidas políticas são os “passos certos” para reforçar as contas do país. A empresa classifica o Brasil como BBB, em linha com a Moody’s e com uma perspectiva estável.

“O Levy está basicamente tentando mudar a direção de um carro que estava andando lentamente para trás e que agora precisa andar para frente,” disse Guedes, diretor-gerente da Fitch Ratings no Brasil, em entrevista no escritório da Bloomberg em São Paulo. As medidas são “certamente positivas e absolutamente necessárias para o Brasil”.

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Nova York e São Paulo - Depois de uma euforia inicial entre investidores de títulos de dívida vista após a nomeação de Joaquim Levy para o Ministério da Fazenda ter sido colocada de lado por uma venda generalizada no mercado externo, uma série de medidas políticas está mostrando que os investidores otimistas, afinal, estavam certos.

Os títulos de dívida do Brasil denominados em real e negociados no mercado interno tiveram valorização desde 29 de dezembro, quando o governo revelou cortes nos benefícios a pensionistas e desempregados.

Nas semanas seguintes, Levy também anunciou mais reduções nos investimentos públicos e aumentos de impostos. Unidas, as medidas poderão resultar em um esforço fiscal de quase R$ 40 bilhões (US$ 15,5 bilhões).

Ao confrontar o maior déficit orçamentário do Brasil em uma década, Levy tem restaurado a confiança do investidor na capacidade do país de reverter um potencial rebaixamento de sua nota soberana para o grau especulativo.

Os custos dos empréstimos do governo inicialmente atingiram o patamar mais baixo em cinco semanas após a presidente Dilma Rousseff ter nomeado Levy para o cargo de ministro da Fazenda no dia 27 de novembro, e depois subiram novamente após a queda dos preços do petróleo ter provocado um declínio no preço de ativos de mercados emergentes.

“O catalisador desse desempenho melhor é claramente a nova equipe econômica”, disse Bryan Carter, gestor da Acadian Asset Management, que supervisiona US$ 350 milhões em ativos de renda fixa de mercados emergentes, por e-mail. “O mercado os conhece e acredita que eles têm um poder real no governo”.

Alta dos bonds

As notas do Brasil em moeda local tiveram retorno de 6,2 por cento em ganhos convertidos para dólares neste mês, maior total entre os países em desenvolvimento depois da dívida sul-africana e mais de três vezes o ganho médio dos mercados emergentes, mostram dados compilados pelo JPMorgan Chase Co.

A assessoria de imprensa do Ministério da Fazenda preferiu não comentar o desempenho dos bonds do país e o impacto das políticas anunciadas recentemente.

O Brasil está “tomando ações passo a passo de forma a alcançar, com o menor sacrifício possível, o que é necessário para retomar o caminho do crescimento”, disse Levy a repórteres, em Brasília, ao anunciar os aumentos de impostos sobre combustível, importações, crédito e cosméticos.

Ex-executivo do Banco Bradesco SA, Levy disse em novembro que buscaria reduzir a dívida do país, que subiu para 61,7 por cento do produto interno bruto, contra 53,4 por cento na época em que Dilma assumiu a presidência, em 2011.

Ele também mencionou como meta um superávit primário de 1,2 por cento do PIB em 2015 após o Brasil ter registrado um déficit de 0,2 por cento no período de 12 meses até novembro.

‘Esforço monumental’

“O que Levy fez até aqui é impressionante. É mais do que eu havia previsto, e sem qualquer interferência”, disse Paulo Vieira da Cunha, ex-integrante do conselho do Banco Central do Brasil, atualmente economista-chefe do fundo hedge Ice Canyon, por telefone, de Nova York.

“Alcançar um superávit de 1,2 por cento exigiria um esforço brutal, mas Levy conseguirá algo. Trata-se de uma mudança de direção”.

Paul McNamara, que ajuda a administrar US$ 5,8 bilhões em dívidas como gestor da GAM UK Ltd., disse que as medidas não devem ser suficientes para evitar um rebaixamento da classificação de risco.

A Standard Poor’s reduziu o rating de crédito do Brasil em março para um nível acima do grau especulativo, citando uma desaceleração do crescimento econômico e a deterioração das contas fiscais.

Em setembro, a Moody’s Investors Service reduziu para negativa a perspectiva do rating Baa2 do país, o segundo grau de investimento mais baixo.

Ainda assim, Rafael Guedes, da Fitch Ratings, disse que as recentes medidas políticas são os “passos certos” para reforçar as contas do país. A empresa classifica o Brasil como BBB, em linha com a Moody’s e com uma perspectiva estável.

“O Levy está basicamente tentando mudar a direção de um carro que estava andando lentamente para trás e que agora precisa andar para frente,” disse Guedes, diretor-gerente da Fitch Ratings no Brasil, em entrevista no escritório da Bloomberg em São Paulo. As medidas são “certamente positivas e absolutamente necessárias para o Brasil”.

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