IPO do Uber foi decepcionante na Bolsa de Nova York
Após a oferta inicial de 45 dólares a ação, os papéis caíram 7,6%, a 41,57 dólares
AFP
Publicado em 10 de maio de 2019 às 17h44.
Última atualização em 8 de junho de 2020 às 15h46.
A plataforma de mobilidade urbana Uber tropeçou, nesta sexta-feira (10), em seu lançamento na Bolsa de Nova York, com ação fechando a 41,57 dólares, menos do que o preço que a empresa tinha estabelecido na véspera.
Em um dos lançamentos (IPOs) mais esperados do ano em Wall Street, a companhia passou a ser cotada no New York Stock Exchange (NYSE) às 15h50 GMT (12h50 de Brasília).
Após a oferta inicial de 45 dólares a ação, os papéis caíram 7,6%, a 41,57 dólares, em um mercado em baixa, especialmente volátil devido às dúvidas sobre as negociações comerciais entre a China e os Estados Unidos.
A empresa, que esperava levantar 8,1 bilhão de dólares, foi avaliada em 81 bilhões, bem longe dos 100 bilhões que eram esperados até poucos meses atrás.
O CEO da Uber, Dara Khosrowshahi, e vários de seus funcionários tocaram a campainha na abertura da Bolsa de Valores.
"Estou muito empolgado", disse Khosrowshahi à AFP, vestindo um terno escuro e camisa branca, em sua chegada a Wall Street.
Em entrevista ao canal financeiro CNBC, ele explicou que o preço de 45 dólares por ação refletia "um ambiente incerto" e previu uma possível queda do valor dos papéis.
"Nós consideramos que este preço reflete o ambiente econômico e que o ambiente econômico é atualmente incerto", afirmou. "Queremos investidores que apostem no longo prazo".
"O preço baixo escolhido pela Uber é inteligente e prudente" e mostra "claramente que ele aprendeu com seu 'irmão mais novo' Lyft", opinou Daniel Yves, analista da Wedbush Securities.
Dúvidas sobre rentabilidade
A cautela da Uber se deve aos problemas de seu principal concorrente nos Estados Unidos, o Lyft. Na quinta-feira, suas ações em Wall Street fecharam a 55,18 dólares - bem abaixo de seu preço de 72 dólares em seu IPO no fim de março.
Os círculos financeiros duvidam da rentabilidade dessas plataformas, que registram grandes prejuízos e multiplicam as promoções para atrair e reter clientes.
Após anos de rápido crescimento, marcado por escândalos que ofuscaram sua imagem, a chegada da Uber a Wall Street desperta muito interesse entre os círculos financeiros.
Esta operação será um momento crucial para a Uber e Khosrowshahi, nomeado para melhorar a reputação do grupo e permitir que passe a lucrar, em um setor cada vez mais competitivo e com margens incertas.
Em documentos publicados recentemente, a Uber antecipou receita de cerca de 3 bilhões de dólares e prejuízo de 1 bilhão de dólares no primeiro trimestre de 2019.
Para ser rentável, a empresa tenta se diversificar lançando serviços como entrega a domicílio, skates, bicicletas... Seu objetivo atual é se tornar a Amazon dos transportes.
Mas sua atividade enfrenta vários elementos de incerteza: concorrência, ameaças legais e regulatórias e os motoristas, que entraram em greve e protestaram em várias cidades dos EUA e em Londres na quarta-feira.
Os condutores criticam que o lançamento da Uber na bolsa enriqueceria os acionistas, sem eles receberem um único centavo.
"Queremos melhorar a situação de nossos pilotos", disse Khosrowshahi à AFP nesta sexta-feira, sem anunciar nenhuma medida específica.