Índices indianos atingem recordes após pesquisas eleitorais indicarem vitória decisiva de Modi
Atual primeiro-ministro indiano está próximo da vitória e mercado ‘celebra’ resultado.
Redator na Exame
Publicado em 3 de junho de 2024 às 08h04.
Última atualização em 4 de junho de 2024 às 18h37.
A Índia está passando por um momento crucial em sua história política com as eleições gerais de 2024.O primeiro-ministro Narendra Modi e sua aliança liderada pelo Bharatiya Janata Party (BJP) buscam um raro terceiro mandato consecutivo. De acordo com a CNBC, a boca-de-urna do último final de semana mostra amplo favoritismo de Modi e sua aliança. Desde sua ascensão ao poder em 2014, Modi implementou diversas reformas econômicas e sociais, consolidando sua base de apoio e enfrentando desafios significativos, incluindo a pandemia de COVID-19 e tensões geopolíticas na região.
As eleições são vistas como um referendo sobre a liderança de Modi e o desempenho do BJP. O cenário político na Índia é marcado por uma forte competição entre diversos partidos, mas o BJP tem conseguido manter uma posição dominante. A aliança Nacional Democrática (NDA), liderada pelo BJP, está bem posicionada para garantir cerca de 365 dos 543 assentos na câmara baixa do parlamento indiano, segundo um resumo de pesquisas de boca de urna do canal local NDTV. Esse resultado, se confirmado, representaria uma vitória decisiva e rara continuidade de poder no complexo cenário político indiano.
Impacto no mercado
Na segunda-feira (2), os mercados de ações na Índia reagiram de forma positiva às projeções eleitorais.Os índices Nifty 50 e BSE Sensex atingiram máximas históricas intradiárias, com ambos subindo mais de 3%. Esses ganhos representam os melhores desempenhos intradiários desde 1º de fevereiro de 2021, segundo dados da LGEG. A perspectiva de continuidade do governo Modi, com um foco esperado em desenvolvimento de infraestrutura, animou investidores e impulsionou ações de empresas ligadas a este setor.
Adani e outras ações em alta
As ações do Grupo Adani, em particular, dispararam com os resultados das pesquisas de boca de urna. Adani Ports subiu mais de 10% e Adani Enterprises ganhou 7%, enquanto Ambuja Cements, uma das principais empresas de cimento da Índia, registrou um aumento de quase 6%. Analistas como Malcolm Dorson, gerente sênior de portfólio e chefe de Estratégia de Mercados Emergentes da Global X ETFs, apontam que o próximo governo continuará a investir em infraestrutura de habitação, transporte e digital, o que favorece empresas desses setores. Além disso, ações do State Bank of India subiram quase 10%, enquanto ICICI Bank e HDFC Bank ganharam mais de 2%, refletindo a confiança do mercado na estabilidade econômica e no crescimento sob a liderança de Modi.
Primeiro-ministro transformador
Antes de sua ascensão ao governo central, Modi serviu como Primeiro-Ministro do estado de Gujarat de 2001 a 2014, onde ganhou reputação por suas políticas de desenvolvimento e governança eficaz. Filho de um vendedor de chá, Modi teve uma trajetória notável de crescimento, desde suas origens humildes até se tornar um dos líderes mais influentes e controversos da Índia contemporânea. Ele é membro do Bharatiya Janata Party (BJP) e da organização nacionalista hindu Rashtriya Swayamsevak Sangh (RSS).
Durante seu tempo como primeiro-ministro de Gujarat, Modi foi elogiado por suas iniciativas econômicas e pela criação de um ambiente favorável aos negócios, que atraiu investimentos e impulsionou o crescimento industrial do estado. No entanto, seu governo também enfrentou críticas severas, especialmente pela gestão dos tumultos de Gujarat em 2002, que resultaram em centenas de mortes e deslocamentos, predominantemente de muçulmanos. Essa controvérsia seguiu Modi quando ele se tornou Primeiro-ministro da Índia, embora ele tenha se concentrado em uma agenda de desenvolvimento econômico e reformas estruturais para revitalizar a economia indiana.
Desde que assumiu o cargo de Primeiro-Ministro da Índia, Modi implementou várias políticas significativas, incluindo a desmonetização de 2016, a introdução do Imposto sobre Bens e Serviços (GST) e uma série de reformas destinadas a melhorar a infraestrutura e a facilidade de fazer negócios no país. Sua liderança foi marcada por uma forte ênfase no nacionalismo indiano e na promoção de programas como "Make in India" (‘Feito na Índia, em inglês) e "Digital India", destinados a modernizar a economia e tornar a Índia uma potência global. Apesar de suas realizações, Modi continua sendo uma figura polarizadora, com apoio robusto de muitos segmentos da população, mas também enfrentando críticas sobre questões de direitos humanos, liberdade de imprensa e manejo das tensões religiosas no país.