Iene cai para o menor nível em 34 anos e governo não descarta intervir no câmbio
Queda do iene pressiona o custo de vida das famílias com importações mais caras
Redação Exame
Publicado em 27 de março de 2024 às 07h03.
O Japão se aproximou de uma intervenção cambial depois que o iene caiu para o nível mais fraco em 34 anos se compararmos com o dólar.
Segundo o Yahoo Finance, a moeda caiu 0,3% para 151,97 por dólar em Tóquio na quarta-feira, ultrapassando o nível de 151,95 que levou o Japão a intervir nos mercados em outubro de 2022.
"Estamos observando os movimentos do mercado com um alto senso de urgência", disse o ministro das Finanças, Shunichi Suzuki "Tomaremos medidas ousadas contra movimentos excessivos sem descartar nenhuma opção."
Se as advertências verbais não conseguirem conter a maré contra o iene, Suzuki poderá solicitar a compra de ienes no mercado. As autoridades de Tóquio gastaram ¥ 9,2 trilhões (US$ 60,6 bilhões) em 2022 para sustentar o iene em três ocasiões, mas sempre insistindo que não estavam protegendo nenhum nível específico da moeda.
Naoki Tamura, membro da diretoria do Banco do Japão (BOJ), disse que a maneira como a política monetária é administrada será "extremamente importante para que uma normalização lenta e constante" ponha fim à flexibilização extraordinariamente ampla - no caso, corte de juros.
Os investidores esperam que as diferenças entre as taxas de juros entre de Japão e outras economias desenvolvidas, principalmente os EUA, permaneçam amplas, mesmo depois que o BOJ encerrou o último regime de taxas de juros negativas do mundo na semana passada. Isso está prejudicando o iene, já que os investidores preferem moedas de maior rendimento em outros países.
Os formuladores de políticas do governo estão ficando sem opções além da compra da moeda para evitar (ainda mais) sua desvalorização. Esperava-se uma reversão dessa trajetória de queda no iene depois que o Banco do Japão aumentou os juros pela primeira vez desde 2007. Não é isso que vem acontecendo.
Enquanto isso, a queda do iene também pressiona o custo de vida das famílias japonesas com as importações mais caras.