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Ibovespa zera ganhos com exterior e fecha estável antes de Copom

Dólar cai na contramão do exterior, em véspera de decisão de juros no país; expectativa é de Selic a 7,75%, o maior nível desde 2017

Painel com cotações na bolsa brasileira, a B3 | Foto: Germano Lüders/Exame (Germano Lüders/Exame)

Painel com cotações na bolsa brasileira, a B3 | Foto: Germano Lüders/Exame (Germano Lüders/Exame)

BQ

Beatriz Quesada

Publicado em 27 de outubro de 2021 às 17h24.

Última atualização em 27 de outubro de 2021 às 18h17.

O Ibovespa perdeu força nas últimas horas do pregão desta quarta-feira, 27, e fechou em queda de 0,05%, em 106.363 pontos, após ter subido mais de 1% e superado os 108.000 pontos ao longo do dia. A piora do mercado local ocorreu em linha com as bolsas americanas, que caíram, depois de terem batido recordes na última sessão, em meio a uma temporada de resultados melhor do que a esperada nos Estados Unidos.

Por aqui, investidores repercutiram os últimos balanços apresentados, mas a maior expectativa ficou para o fim do dia, com a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, que será divulgada às 18h30. 

As estimativas para a taxa básica de juros Selic é de uma alta entre 1 ponto percentual (p.p.) e 1,5 p.p., que poderia elevá-la em até 7,75% ao ano, o maior patamar desde 2017. Diante de uma inflação mais persistente e riscos fiscais, cresceram as projeções para um ajuste mais duro do que o de 1 p.p., como sinalizado na última ata do Copom. Ainda que parte do mercado veja a possibilidade de o Banco Central seguir o "plano de voo", a maior parte dos investidores acreditam em uma alta de 1,5 p.p., enquanto uma elevação de 1,25 p.p. é sustentada por alguns economistas.

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Uma alta de juros mais forte do que a esperada pode ter efeitos positivos sobre o real, com a maior entrada de dólares em busca de ganhos na renda fixa. Sem um consenso sobre a decisão do Copom, o dólar fechou em queda de 0,31%, a 5,555 reais. O movimento foi na contramão da valorização do dólar contra as principais moedas emergentes, como o peso mexicano e o rublo russo.

"A alta de juros já é algo esperado e a aversão ao Brasil, devido à questão fiscal. Não devemos ter um ajuste no câmbio, exceto se houver alguma surpresa no tom [do comunicado] do Banco Central ou um ajuste muito mais intempestivo", afirma Fernando Consorte, economista-chefe do banco Ourinvest. 

Para Jerson Zanlorenzi, responsável pela mesa de renda variável e derivativos do BTG Pactual digital, o tom do comunicado deve ser o mais importante para guiar o mercado nos próximos pregões.

“Esperamos uma alta de 1,5 p.p., mas a grande dúvida é em relação ao comunicado. O mercado quer entender se o Banco Central vai manter o ritmo de alta de 1,5 p.p. até janeiro ou vai reduzir o ritmo e aumentar o tamanho do ciclo de alta”, afirmou Zanlorenzi na Abertura de Mercado desta quarta-feira.

Destaques

As ações ligadas às commodities foram principais responsáveis pela queda do Ibovespa. Com a maior participação do índice, Vale (VALE3) caiu 2,27%, acompanhando a desvalorização do minério de ferro na China. Com a pior queda do Ibovespa, a PetroRio (PRIO3) despencou 6,63%, após o petróleo recuar mais de 2% no exterior. Suzano (SUZB3) e Klabin (KLBN11) caíram mais de 4% e 2%, respectivamente.

As commodities de proteína animal, por outro lado, fecharam em terreno positivo, refletindo o resultado da Marfrig (MRFG3), primeiro grande frigorífico a reportar balanço do terceiro trimestre. Após apresentar salto de 148,7% em seu lucro no período, para 1,67 bilhão de reais, os papéis da companhia avançaram 2,68%, enquanto JBS (JBSS3), Minerva (BEEF3) e BRF (BRFS3) subiram mais de 1%.

Os papéis do Inter (BIDI11), que apresentou balanço na véspera, fecharam em alta de 0,70%, após registrar lucro de 19,2 milhões de reais no terceiro trimestre, revertendo prejuízo de 8,1 milhões de reais no mesmo período do ano passado. Do mesmo setor, o Banco Pan (BPAN4) aproveita o impulso e avança 4,49%.

O Santander (SANB11) abriu a temporada de balanços entre os grandes bancos, fechou em queda de 0,11%, após operar em alta por quase todo o pregão. Itaú (ITUB4) e Bradesco (BBDC4) subiram 0,76& e 1,33%, respectivamente, e o Banco do Brasil (BBAS3) caiu 0,10%.

Na ponta positiva, empresas de consumo cíclico, que sofreram duras perdas no pregão anterior, apresentaram forte recuperação. Na liderança do índice, a Cogna (COGN3) disparou 5,58%, a EzTec (EZTC3), 4,99% e Multiplan (MULT3), 4,57%.

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