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Ibovespa vira para queda após zerar perdas do ano; dólar sobe para R$5,12

Ameaça de prorrogação do auxílio emergencial e do estado de calamidade no país frustra movimento altista no mercado

Bolsa: Ibovespa perdeu força após zerar quedas do ano (Germano Lüders/Exame)

Bolsa: Ibovespa perdeu força após zerar quedas do ano (Germano Lüders/Exame)

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Guilherme Guilherme

Publicado em 14 de dezembro de 2020 às 09h19.

Última atualização em 14 de dezembro de 2020 às 18h21.

Vindo de seis altas semanais consecutivas, o Ibovespa chegou a zerar as perdas do ano nesta segunda-feira, 14, mas perdeu parte do ímpeto positivo com o aumento das preocupações com o cenário fiscal do Brasil. O índice encerrou o dia em queda de 0,45%, aos 114.611 pontos. 

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O pregão começou no campo inverso, tanto que, na máxima intradia, o Ibovespa atingiu 115.740 pontos, superando a última sessão de 2019 quando fechou aos 115.645 pontos. O movimento altista do início do dia foi impulsionado pelo otimismo nos mercados internacionais com a vacinação contra a Covid-19, que começou hoje nos Estados Unidos.

Mas a preocupação com o cenário fiscal do país pesou para que o índice virasse para queda. Nesta segunda-feira, o relator do auxílio emergencial no Senado, o senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE), protocolou um projeto que propõe prorrogar o auxílio emergencial até o fim de março de 2021, assim como o estado de calamidade, o que permitira a manutenção do pagamento por mais alguns meses sem furar o teto de gastos.

"O risco fiscal é a principal preocupação do mercado hoje. Esse tipo de notícia faz pesar o movimento de queda e foi o principal causador do movimento negativo da bolsa", comenta Henrique Esteter, analista da Guide Investimentos.

Rafael Panonko, analista-chefe da Toro Investimentos, acrescenta que a situação é agravada pela falta de direcionamento para o plano de vacinação. "Paralelo à deteriorização do quadro fiscal, existe a falta de comunicação entre governo federal e estados em relação ao plano nacional de vacinação. Não se sabe como deve acontecer nem quando", afirma.

Na bolsa, houve também um movimento de realização de lucros principalmente nas ações da Vale, que recuam mais de 1% na esteira da queda do minério de ferro e após acumular mais de 60% de valorização no ano. Com peso de 10% no Ibovespa, a mineradora exerce forte pressão negativa sobre o índice.

O resultado, no entanto, não apaga as recentes conquistas do Ibovespa. Somente desde o início de novembro, o índice acumula alta de 23%, sendo de 87% desde a menor pontuação intradia de março. A forte valorização se deu, principalmente, devido a notícias de vacinas, que elevaram o apetite por risco de investidores globais e aumentaram as apostas em mercados emergentes. E nesse processo, a bolsa brasileira - que, em dólar, estava entre as mais depreciadas do mundo - foi uma das que mais se beneficiaram, chegando a registrar entrada de 33 bilhões de reais de capital estrangeiro em um único mês.

Câmbio

O dólar chegou a abrir em queda nesta segunda-feira, se aproximando dos 5 reais, mas virou para alta já no final da manhã e encerrou em forte valorização frente ao real. A divisa americana fechou em alta de 1,52%, a 5,1228 reais, depois de ter caído a 5,0105 reais na mínima do dia, seu menor patamar intradiário desde 12 de junho.

"O mercado inteiro estava apostando que o dólar ia testar o patamar dos 5 reais por conta do momento positivo no exterior, mas o que se viu foi uma escalada da valorização da moeda americana. O culpado foi o cenário interno do Brasil, com indefinições no fiscal e no campo da vacinação", explica Vanei Nagem, analista de câmbio da Terra Investimento.

Exterior

Nesta segunda, os principais índices de ações seguiram mistos, oscilando entre temores de novas restrições causadas pela pandemia misturadas ao otimismo com as vacinas contra a covid-19. O início da vacinação nos Estados Unidos e o fato de as negociações para um acordo pós-Brexit seguirem vivas também contribuem para o tom positivo dos mercados.

Nos Estados Unidos, a vacinação em massa começou nesta segunda, após a vacina da Pfizer ser autorizada pela FDA (espécie de Anvisa americana) na sexta-feira, 11. Até então, somente a Rússia e o Reino Unido tinham dado início à aplicação de vacinas. A expectativa é de que a FDA também aprove a vacina da Modena ainda nesta semana.

Porém, o prefeito de Nova York, Bill De Blasio, alertou no início do dia que a cidade poderia sofrer um lockdown total em breve. A declaração azedou em parte o humor de Wall Street e o Dow Jones, um dos principais índices americanos, fechou em baixa de 0,62%, enquanto o S&P500 fechou em baixa de 0,44%. Já o índice de tecnologia Nasdaq encerrou o pregão em alta de 0,50%.

Na Europa, o otimismo com as negociações para um acordo pós-Brexit somadas à expectativa de vacinação foi suficiente para que os investidores ignorassem, por hora, as novas medidas de isolamento adotadas na Alemanha, que fechou escolas e comércios não essenciais até 10 de janeiro para conter a segunda onda. Neste início de semana, o próprio índice alemão DAX avançou quase 1%. Já o índice pan-europeu STOXX 600 subiu 0,4%.

Os investidores, contrários a um Brexit sem acordo, comemoram a decisão do primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, e da presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, de seguirem com as negociações. O prazo final para um acordo havia sido estipulado para o último domingo. Como consequência, a libra esterlina sobe contra o dólar nesta tarde. 

Dados econômicos

Nesta manhã, o Banco Central divulgou o IBC-Br de outubro. Conhecido como "prévia do PIB", o indicador apontou para um crescimento mensal de 0,86%, ficando abaixo das estimativas de 1% de alta. Na Zona do Euro, por outro lado, a produção industrial superou as expectativas de mercado, crescendo 2,1% em outubro ante os 2% esperados. Na comparação anual, contração foi 3,8%.

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