Ibovespa toca 123 mil pontos mas perde força e fecha perto da estabilidade
Ações da Vale sobem 1% na esteira da apreciação do minério de ferro; bolsas americanas encerraram em queda com temores de inflação
Beatriz Quesada
Publicado em 18 de maio de 2021 às 17h31.
Última atualização em 18 de maio de 2021 às 17h36.
Após superar 123.000 pontos na máxima do dia, o Ibovespa perdeu força nos últimos minutos do pregão desta terça-feira, 18, e fechou o dia perto da estabilidade, com leve alta de 0,03%, aos 122.979 pontos. Ainda assim, o índice garantiu o quarto pregão consecutivo de ganhos, sustentado pelas altas nos papéis da Vale (VALE3) e dos grandes bancos, que conseguiram blindar o Ibovespa do cenário de cautela que dominou o dia nas bolsas americanas.
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Na bolsa, as ações da Vale -- que detém a maior participação do índice -- voltaram a ser negociadas no campo positivo e avançaram 1,01%, dando suporte ao índice. Os papéis tiveram alta com ajuda do minério de ferro, que subiu nesta madrugada na China.
As siderúrgicas CSN (CSNA3), Gerdau (GGBR4) e Usiminas (USIM3) tiveram ganhos de 1,65%, 1,30% e 0,75%, respectivamente, após terem subido mais de 3% no pregão da véspera. Vale destacar que a alta de CSN também responde ao pedido de registro de oferta pública de distribuição primária de ações da CSN Cimentos, apresentado nesta manhã.
“Com a força das commodities, o Ibovespa chegou próximo de romper a resistência dos 123.000 pontos. Isso pode abrir espaço para renovar a máxima histórica [de 125.076,63 pontos] ainda em maio. Alguns poréns que continuam no radar são o ritmo de vacinação, o andamento das reformas administrativa e tributária e a CPI da Covid-19”, afirma Paulo Duarte, economista da Valor Investimentos. Embora esteja no radar do mercado, a CPI não tem feito preço na bolsa.
Enquanto a retomada econômica impulsiona as commodities e levanta a bolsa brasileira, nos Estados Unidos ela é motivo de receio com a inflação. Isso porque o rendimento dos títulos americanos de 10 anos -- convencionado como o principal indicador das expectativas sobre a inflação americana -- voltou a subir, chegando a 1,644%.
Os mercados reagiram aos dados fracos sobre a construção de moradias nos Estados Unidos divulgados nesta terça. O número de novas construções iniciadas caiu mais do que o esperado em abril, provavelmente pressionado pela alta nos preços dos materiais.
Com os temores de inflação voltando a ditar o ritmo dos negócios, os índices americanos S&P 500 e Dow Jones fecharam o pregão em queda de 0,78% e 0,85%, respectivamente. O Nasdaq, que chegou a operar em alta se recuperando das últimas perdas, também virou para queda e registrou perdas de 0,56%.
Destaques
Entre os papéis com maior peso no Ibovespa, os dos grandes bancos também fizeram sua parte para levantar o Ibovespa, com destaque para as ações preferenciais do Bradesco (BBDC4), que subiram 1,60%. Na sequência vieram os papéis de Banco do Brasil (BBAS3) e Santander (SANB11), que tiveram ganhos de 1,39% e 0,53%, respectivamente. Já o Itaú (ITUB4) registrou queda de 0,21%.
Em variação, os maiores destaques positivos foram as ações da Cielo (CIEL3) e os papéis ordinários da Eletrobras (ELET3), que avançaram 4,35% e 3,03%, respectivamente. “As ações de Cielo ficam com a maior alta do dia, beneficiadas pelo aumento de 18,8% nas vendas do varejo em abril, observado pelo Índice Cielo do Varejo Ampliado (ICVA) na comparação anual”, apontam, em nota, analistas da Ativa Investimentos.
Já a Eletrobras avançou na esteira da expectativa com a privatização da companhia. A votação da medida provisória que propõe a privatização da companhia elétrica está pautada para quarta-feira na Câmara dos Deputados, disse o presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), em mensagem no Twitter. Os papéis preferenciais da Eletrobras (ELET6) subiram 2,33% no pregão.
Na ponta negativa, as ações da EzTec (EZTC3) lideraram as perdas do Ibovespa, caindo 4,79%, após analistas do Credit Suisse terem rebaixado sua recomendação de compra para neutra. Logo atrás, as ações da Minerva (BEEF3) caíram 3,56%, como resposta à suspensão por 30 dias de exportações de carne bovina na Argentina.
"A Athena, que é a divisão de América Latina da Minerva, tem cerca de 25% de sua receita vinda da Argentina", comenta Bruno Lima, analista-chefe da Exame Invest Pro . Por outro lado, ele pontua que o impacto de 30 dias não deve ser grande nas operações da empresa. "A Minerva consegue suprir a exportação por meio de outras plantas, como as do Uruguai e Paraguai." Suas concorrentes JBS (JBSS3) e Marfrig (MRFG3) recuaram 2,82% e 1,08%, respectivamente.
Maiores altas | Maiores quedas | |||||
Cielo | CIEL3 | 4,35% | EzTec | EZTC3 | -4,79% | |
Eletrobras | ELET3 | 3,03% | Braskem | BRKM5 | -3,65% | |
Totvs | TOTS3 | 2,60% | Minerva | BEEF3 | -3,56% |
Outro destaque do pregão foram as ações da rede de farmácias Pague Menos (PGMN3), que disparam 9,59% fora do Ibovespa, após a empresa anunciar a aquisição da ExtraFarma, que pertencia ao Grupo Ultra, por 600 milhões de reais. Na opinião de Pedro Serra, gerente de research da Ativa, a operação é positiva para ambas as empresas, ainda que o valor da venda tenha sido 40% do pago pelo Grupo Ultra em 2014.
"A expectativa é que a criação de sinergias possa fazer do business mais interessante para Pague Menos do que o mesmo fora para Ultrapar", afirma em nota. Segundo ele, a Ultrapar também deve se beneficiar da venda, "uma vez que a companhia cessará uma atividade onde vinha perdendo valor ao longo dos últimos anos e utilizará os recursos de modo a operar o mercado de óleo e gás de forma dedicada". As ações da Ultrapar (UGPA3) caíram 1,18%.
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