Ibovespa cai com volta de "fantasma" da inflação nos EUA; Cielo dispara 7%
Investidores desconfiam de discurso do Fed de que a inflação é temporária após preço dos imóveis americanos bater maior alta desde 2005
Guilherme Guilherme
Publicado em 25 de maio de 2021 às 13h00.
Última atualização em 25 de maio de 2021 às 16h11.
Após abrir em alta, o Ibovespa entrou no campo negativo no início da tarde desta terça-feira, 25, acompanhando a piora do mercado americano. Às 16h, o principal índice da B3 caía 1,01% para 122.777 pontos.
No mercado internacional, os temores sobre a alta da inflação e possível aperto monetário por parte do Federal Reserve ( Fed, banco central americano), voltou a dar as caras. Ainda que os investidores tenham se esforçado para acreditar que as pressões inflacionárias são apenas temporárias, a maior alta de preços dos imóveis americanos desde 2005, soou como um alarme.
Divulgada nesta manhã, a inflação imobiliária medida pela Standard & Poors cresceu 13,3% em março, na comparação anual. A expectativa era de alta de 12,3%.
Com a piora do humor sobre a inflação, os principais índices de ações americanos, que começaram o dia em alta, entraram no campo negativo. Com maior concentração de ações de tecnologia, o índice Nasdaq -- que vinha tendo o melhor desempenho do mercado americano -- entrou no mesmo ritmo do S&P 500 e Dow Jones .
Mais depende de financiamentos, o setor de tecnologia vem sendo o mais castigado pela preocupação de que o Fed tenha que reduzir seus estímulos monetários para controlar a inflação.
Ao menos no Brasil, ações ligadas ao setor de tecnologia e de empresas de e-commerce, seguem sendo negociadas em alta, com a Cielo (CIEL3) liderando os ganhos e subindo 7,11%. No caso da empresa de maquininhas, a alta é atribuída a uma notícia do portal Neofeed, a Alelo vai ter uma plataforma própria de adquirência – antes, a empresa de fidelidade utilizava a plataforma da Cielo.
“Ainda está no campo da possibilidade, mas uma futura cisão [entre Alelo e Cielo] poderia dar maior clareza aos ativos, principalmente da Alelo, fazendo com que o retorno ao acionista tivesse maior potencial. Fazendo um paralelo, podemos citar o caso do Pão de Açúcar e Assaí”, afirma Regis Chinchila, analista da Terra Investimentos.
As empresas aéreas GOL (GOLL4) e Azul (AZUL4) também avançam, registrando ganhos de 3% e 4,68%, respectivamente. A forte alta ocorre após a Azul informar, por meio de fato relevante, que vê oportunidades de consolidação no setor e que está em posição de "liderar esse movimento". O documento foi visto por investidores como um sinal claro de que alguma aquisição pode ser anunciada em breve.
O mercado brasileiro também aumenta posições em ações de empresas que se beneficiam com a maior circulação de pessoas, como o de educação. No pregão de hoje, as ações da Cogna (COGN3) sobem mais de 6%, após seu presidente, Rodrigo Galindo, ter afirmado ao Valor que há planos de aquisições programados para o segundo semestre. Sua concorrente Yduqs (YDUQ3) também avança 3,69%.
Apesar de haver fortes valorizações, os setores financeiro e de commodities, com maior peso no Ibovespa, puxam o índice para baixo. Nesta tarde, as ações da Vale (VALE3), com a maior participação no Ibovespa, caem 2,40%. O movimento é seguido pelas siderúrgicas Usiminas (USIM5), CSN (CSNA3) e Gerdau (GGBR4), mesmo com a leve alta do minério de ferro nesta madrugada. No setor financeiro, os papéis da B3 (B3SA3) caem 3,10% e os do Itaú (ITUB4), 1,57%.
A maior queda do Ibovespa são das units do Banco Inter (BIDI11), que despencam 5,66%, com investidores realizando lucros, após os papéis subirem 25% no último pregão, com o anúncio de um possível investimento da Stone e de que suas ações podem ser listadas na Nasdaq.