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Ibovespa recua ao menor patamar em duas semanas após ata do Fed

Bolsas internacionais caem em meio à expectativa de aperto monetário mais duro nos Estados Unidos

Painel de cotações da B3 | Foto: Germano Lüders/Exame (Germano Lüders/Exame)
BQ

Beatriz Quesada

Publicado em 6 de abril de 2022 às 17h29.

Ibovespa hoje: o principal índice da B3 fechou esta quarta-feira, 6, em queda, acompanhando as perdas de bolsas estrangeiras após a divulgação da ata da última reunião do comitê de política monetária do Federal Reserve (Fed), o FOMC.

Preocupado com a inflação, o banco central americano parece estar pronto para ser mais duro em sua política monetária, o que tira a atratividade das bolsas ao redor do mundo. O Ibovespa atingiu suas mínimas após a divulgação da ata, chegando a cair abaixo da marca de 117.000 pontos. Ao final do pregão, o índice amenizou a queda para 0,55%, aos118.227 pontos – seu menor patamar em duas semanas.

A ata do Fed indica que a autoridade monetária quer reduzir seu balanço patrimonial já na próxima reunião, em maio, em um valor consenso de 95 bilhões de dólares por mês. O documento é referente à reunião de março, quando o Fed subiu sua taxa de juros pela primeira vez desde 2018, com alta de 0,25 ponto percentual.

Alguns membros do Fed também sinalizaram a possibilidade de uma alta de 0,5 ponto percentual na próxima reunião – em um ritmo mais acelerado do que o esperado.

“A ata deixa bem claro que vamos ter uma postura hawkish [favorável a juros mais altos], e descarta qualquer ritmo cauteloso. E se os ativos mais seguros do mundo estão pagando mais juros, isso aumenta o custo de oportunidade no resto do mundo. Desincentiva, por exemplo, o investimento em bolsa”, afirmou Gustavo Ribeiro, estrategista da RB Investimentos.

Thomas Giuberti, economista e sócio da Golden Investimentos, acrescentou que a ata mais dura reforça a preocupação do Fed com a inflação americana, que está em seu maior nível em 40 anos. “Como esperado, foi uma alta mais dura, que mostra que o Fed está muito preocupado com a inflação. O remédio amargo, que é a elevação de juros, leva o mercado a fazer ajustes de preço nesta quarta-feira”, disse.

O efeito afetou também o câmbio, com o dólar subindo contra o real pelo segundo dia seguido, após ter tocado a mínima desde fevereiro de 2020. “A ata do Fed reforçou a preocupação do mercado, pressionando as moedas de países emergentes. E, como sempre, o real se destaca entre os demais, por ser mais volátil”, avalia Fernanda Consorte, economista chefe do Banco Ourinvest.

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Os rendimentos dos títulos americanos, que refletem a expectativa de alta dos juros americanos, voltam a subir nesta quarta. O rendimento dos títulos de 2 anos estão na máxima desde janeiro de 2019. O movimento pressiona ainda mais o índice Nasdaq nesta quarta, que registrou a pior performance de Wall Street. O índice, com maior composição de empresas de crescimento, caiu mais de 2%.

Destaques de ações

O mau humor gerou reflexos no mercado local, com ações de tecnologia entre as maiores quedas deste pregão. Méliuz, Banco Inter e Locaweb apresentaram quedas superiores a 7%.

Papéis associados à economia doméstica, que vinham operando em alta nos últimos pregões, também estiveram hoje entre as maiores perdas do dia. O destaque ficou com os papéis do Banco Inter (BIDI11), que caíram quase 9%.

Empresas de commodities, por outro lado, impediram perdas ainda maiores do Ibovespa. A Vale (VALE3), com a maior posição no índice, sobe pouco mais de 1%, seguindo a valorização do minério de ferro nesta madrugada, que marcou a volta das negociações na bolsa de Dalian, após o feriado de Qingming Festival.

Outras ações que subiram no pregão foram as das exportadoras Suzano (SUZB3) e Minerva (BEEF3), que se beneficiaram com a alta do dólar.

Mas quem liderou as altas do Ibovespa foram as ações da Eletrobras (ELET3/ELET6). Os papéis da estatal subiram com a notícia de que o Tribunal de Contas da União (TCU) determinou o reajuste do preço mínimo que o governo pretende pedir por ação no processo de privatização da companhia.

 

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