Invest

Ibovespa recua 2% na semana e tem pior sequência de pregões em 3 meses

Temor fiscal e novas medidas de isolamento nas principais economias do mundo pressionam negócios na bolsa; dólar sobe para 5,47

Bolsa (Germano Lüders/Exame)

Bolsa (Germano Lüders/Exame)

GG

Guilherme Guilherme

Publicado em 22 de janeiro de 2021 às 10h06.

Última atualização em 22 de janeiro de 2021 às 18h29.

O Ibovespa registrou queda nesta sexta-feira, 22, em linha com o cenário internacional e com os temores fiscais no radar. Sem conseguir acompanhar o exterior positivo nos últimos três dias, o índice teve o quarto pregão consecutivo de queda – o que não ocorria desde outubro. O índice recuou 0,80% para 117.380 pontos. No acumulado da semana, o índice registra queda superior a 2%.

Na mínima desta sexta-feira, o Ibovespa chegou a 116.108,90 pontos, menor patamar intradia desde 22 de dezembro e equivalente a um declínio de 7,35% em relação ao recorde intradia de 125.323,53 pontos, registrado no último dia 8.

Quais os setores com maior potencial de alta no ano que começa? Descubra com a assessoria do BTG Pactual digital

No mercado internacional, dois dos três principais índices americanos recuaram. O Dow Jones recuou 0,57% e o S&P 500 encerrou o dia com perdas de 0,30% após atingir nova máxima na véspera. As ações financeiras e de tecnologia pesaram mais sobre o índice S&P 500, com IBM e Intel em fortes quedas após balanços trimestrais abaixo do esperado. As ações de energia também caíram em Wall Street, com as cotações do petróleo.

Já o índice de tecnologia Nasdaq renovou o recorde conquistado no pregão anterior e fechou o dia em alta de 0,09%, embalado pelas altas de Microsoft e Facebook.

Na Europa, o índice pan-europeu STOXX 600 caiu 0,6%. As ações do segmento de viagens e lazer recuaram 2,5%, liderando as perdas entre os setores em meio a preocupações com novas restrições de viagens no continente, enquanto outros setores economicamente sensíveis, como bancos, petróleo e gás e mineração recuaram mais de 1%.

Além da Europa e Estados Unidos, a Ásia tem endurecido as restrições para conter o vírus. Nesta sexta-feira, informações de que uma região de Hong Kong entraria em seu primeiro lockdown levou o Hang Seng, índice da bolsa de Hong Kong, a sua maior queda desde novembro.

No Brasil, as incertezas sobre o plano de vacinação têm aumentado o pessimismo de investidores, que já começam a ponderar os efeitos de uma extensão do auxílio emergencial para 2021. 

Na véspera, candidatos à presidência do Senado e da Câmara citaram a possibilidade de a ajuda social ser restabelecida. Na disputa pela presidência do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), apoiado pelo presidente Jair Bolsonaro, chegou a sinalizar que o teto de gastos não está entre suas maiores prioridades.

Em São Paulo, o governo do estado elevou para o máximo o nível de isolamento nos fim de semana, permitindo a abertura apenas de comércios essenciais.

Com quarentenas mais rígidas, ações de empresas mais atingidas pela pandemia, como de shopping centers e viagens, figuram entre as maiores quedas do Ibovespa. Com maior peso no índice, os papéis da Petrobras (PETR3; PETR4) caíram mais de 1%, com a desvalorização do petróleo. Ações da PetroRio (PRIO3) seguiram o mesmo ritmo e tiveram perdas de 3,07%.

O destaque negativo, no entanto, ficou reservado para IRB Brasil (IRB3), que despencou 8,29% e teve a maior queda do Ibovespa, devido ao prejuízo de 124,5 milhões de reais da resseguradora em novembro. 

Dólar volta a subir

Além da bolsa, o pessimismo com o ambiente interno também recai sobre o câmbio, com o real registrou sua quinta desvalorização consecutiva em seis pregões. Com a maior aversão ao risco no mercado internacional, o dólar também sobre contra outras moedas emergentes, como o peso mexicano, rublo russo e a lira turca – mas foi o real que figurou entre as maiores desvalorizações. A moeda americana encerrou o dia negociada a 5,479 reais, valorização de 2,14%. 

"O ativo brasileiro mais surrealmente fora de preço é a moeda", comentou Luiz Fernando Alves, sócio do Fundo Versa. "Com as commodities onde estão, os termos de troca nunca foram tão favoráveis. Temos superávit em conta corrente, reservas, e somos a pior moeda emergente pós-crise. Essa é a melhor ilustração do risco-Bolsonaro", disse no Twitter.

O governo brasileiro tem sido criticado pela demora na disponibilização de vacinas à população. Enquanto isso, os casos de Covid-19 disparam e novas medidas restritivas são adotadas em algumas regiões. "Isso deve trazer um impacto econômico e, com isso, provavelmente levar o BC a esperar mais antes de subir os juros. E isso não ajudaria a defender o câmbio", disse Jerson Zanlorenzi, responsável pela mesa de renda variável e derivativos do BTG Pactual digital.

Na semana, a cotação ganhou 3,28%. Em 2021, o dólar avança 5,51%. A magnitude das variações chama atenção. Na semana passada, o dólar caiu 2,09%, após saltar 4,34% na semana anterior.

Com Reuters

Acompanhe tudo sobre:bolsas-de-valoresDólarDow JonesIbovespaNasdaqReal

Mais de Invest

Dólar fecha em queda de 0,84% a R$ 6,0721 com atuação do BC e pacote fiscal

Alavancagem financeira: 3 pontos que o investidor precisa saber

Boletim Focus: o que é e como ler o relatório com as previsões do mercado

Entenda como funcionam os leilões do Banco Central no mercado de câmbio